28.4.07

O Público agradece

Se compararmos as primeiras páginas de hoje do Público e do DN, há uma dúvida que se dissipa: o DN abandonou, em definitivo, o campeonato dos jornais de referência, onde as notícias de cultura têm um peso assinalável.

O Público rasga, e bem, a primeira página com uma belíssima foto de Rostropovich, falecido ontem, aos 80 anos. Era considerado o maior violoncelista da segunda metade do século XX e distinguiu-se pelo combate aos duros regimes soviéticos, ao lado de Soljenitsine ou Sakharov.

Para o DN, nada disto contou. Não se encontra uma única ou ínfima referência à morte de Rostropovich na primeira. Mas temos, em grande destaque, uma foto do voo sem gravidade de Stephen Hawking para compensar... A "popularização" do DN está em curso, portanto.

O Público, naturalmente, agradece.

27.4.07

Lebres e tartarugas no ciberjornalismo

Morreu hoje um dos maiores violoncelistas de sempre, Mstislav Rostropovich. São 11.30. Como estamos em termos de capacidade de resposta nas edições online dos principais diários portugueses?

O Público.pt já deu uma "última" com dois parágrafos. O Correio da Manhã, vá lá, deu quatro. Para o DN e o JN não se passa absolutamente nada (até a Wikipédia já deu a "notícia"...).

Espreitemos agora o que dá o ELPAIS.com: notícia com foto destacada no topo da página; um dossiê com "tudo sobre Rostropovich"; possibilidade de se ouvir trechos de música; fotogaleria.


Estamos mal.

Guantánamo às escuras

Eis uma preocupação que qualquer democrata amante da liberdade de informação partilhará com Juan Antonio Giner:

«The Guantanamo news blackout continues. The New York Times is trying to cover this hot issue, but this is a hard job. Somebody has to find a way to tell us what’s going on there. And sooner, rather than later. Freedom of information is at stake in this corner of the U.S. military base in Cuba.»

26.4.07

Leitura de ciberjornais cresce nos EUA

Do outro lado do Atlântico, chegam notícias animadoras para o ciberjornalismo: mais de 59 milhões de norte-americanos visitaram diários digitais durante o primeiro quadrimestre de 2007, um crescimento de 5,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo a Newspaper Association of America, citada pela Editor & Publisher, trata-se de um novo recorde. O tempo de leitura de notícias online também aumentou 11,5 %, para uma média de 45 minutos por mês.

23.4.07

Jornalismo hiperlocal avança

Muitos cidadãos por esse mundo fora acham que os média mainstream passam ao lado das suas realidades mais próximas e imediatas: a minha cidade, a minha freguesia, o meu bairro. Vai daí, alguns metem mãos à obra e criam sites, nomeadamente blogues, onde tratam de colmatar "jornalisticamente" essas lacunas. Chamam-lhe "jornalismo hiperlocal".

Jornais mais atentos já perceberam o enorme potencial desta hiperlocalidade. E estão a tratar de se porem em dia. Veja-se os casos recentes do gigante Chicago Tribune (desde sempre atento e inovador no que ao ciberjornalismo diz respeito) e do Dallas Morning News: criaram espaços nos seus ciberjornais para os leitores fazerem "jornalismo hiperlocal". O TribLocal.com, no primeiro caso, e o NeighborsGo, no segundo.

O termo "hiperlocal" é cada vez mais usado para definir a cobertura noticiosa de acontecimentos que têm lugar ao nível das comunidades e que são em geral ignorados pelos grandes órgãos de comunicação social. Mais uma tendência a seguir com atenção.

19.4.07

"Eu jornalista" no ELPAIS.com

O ELPAIS.com acaba de dar mais um grande passo "interactivo", com a criação do espaço para as "notícias" dos leitores. Chama-se Yo periodista e é apresentado assim:

«Ayúdanos a construir ELPAIS.com. Si has sido testigo de alguna noticia, envíanosla y nosotros la publicamos. Puedes mandarnos textos, fotos, vídeos o documentos. Ahora los lectores de ELPAIS.com se convierten en periodistas.»

Descontando a simplificação que esta última frase encerra, Yo periodista é, naturalmente, uma boa ideia, em sintonia com a entronização galopante do cidadão como agente participante do processo jornalístico, online e não só, como se acaba de ver com o caso do massacre na Virgínia.

Por outro lado, o ELPAIS.com mostra, com mais esta iniciativa, continuar atento e, sobretudo, aberto à inovação. Ainda recentemente, o ciberjornal espanhol abriu um quiosque e criou um "correspondente" no Second Life.

17.4.07

Jornalistas: convergentes e multimédia

Certos anúncios de emprego recentes indicam-nos que o perfil do jornalista será, num futuro próximo, bem diferente do actual. E, como quase sempre, são as empresas do sector a moldar esse perfil à medida das suas necessidades e ao ritmo dos avanços tecnológicos.

Mindy McAdams encontrou, no site de anúncios JournalismJobs.com, 131 anúncios de emprego na área do ciberjornalismo nos EUA. Entre eles, estão estes três, que ilustram bem para que lado sopram os ventos da mudança. Duas palavras-chave aqui a reter: convergência, multimédia.

«KGTV, the ABC affiliate in San Diego, is looking for a "convergence manager" to work with "the news director and Web managing editor to improve the quality and relevance of coverage on air, online and on mobile, and to increase new media skills and participation in the newsroom."

National Public Radio (NPR.org) is looking for "a creative video producer and filmmaker" who will "help develop the stories and strategy that translate NPR's signature style of in-depth storytelling and journalism to a new medium.... Requires five years television and/or professional video experience in a news or documentary setting."

The New York Times online needs "a journalist with a portfolio of long-form audio storytelling" who will produce multimedia for both news and features sections. Experience: At least three years producing audio features "for broadcast on air or on the Web."»

13.4.07

Peça hipermédia no JPN

Talvez uma definição possível seja "embed" áudio ou "embed" foto no próprio texto jornalístico. Confuso?

O JPN, ciberjornal do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, constrói hoje uma peça hipermédia intitulada "Licenciatura de Sócrates suscita debate sobre blogues e jornalismo". São ouvidos dois docentes, eu próprio e o meu colega e amigo Luís Santos, da Universidade do Minho.

Ao longo do texto, os links usuais são entremeados com outros links que, ora abrem uma janela com uma pequena foto dos entrevistados, ora accionam um "player" de áudio com declarações dos mesmos, ao estilo dos "rm's" da rádio.

Trata-se de uma solução narrativa curiosa, interessante e muito pouco vista nos média portugueses mainstream.

Galerias fotográficas do cidadão no Público.pt

O Público.pt arrancou hoje com uma iniciativa muito interessante, orientada para a exploração do multimédia e o envolvimento dos leitores.

O jornal convida-os a enviarem, até 13 de Maio, uma galeria fotográfica, com ou sem áudio, subordinada ao tema “Ensino”. O melhor trabalho, escolhido pelos jornalistas da casa, será publicado no Público.pt. Os pormenores pode ser lidos aqui.

Note-se que as galerias fotográficas, ou slideshows, têm vindo a conquistar terreno nos melhores ciberjornais. Softwares simples de usar, como o Soundslides, vieram dar um empurrão precioso à tendência. Temos visto trabalhos espantosos, nomeadamente slideshows com áudio, ao serviço da narrativa ciberjornalística.

Mais uma iniciativa acertadíssima do Público.pt, portanto.

9.4.07

Palmas e Bordoadas: no Público

Uma jornalista da casa, que uma semana antes era assessora da Universidade de Évora, assina uma peça sobre... o futuro da Universidade de Évora. É incrível. Ao fim deste tempo todo, ainda não perceberam que este tipo de coisas mata a credibilidade de qualquer jornal que se queira de "referência"? O provedor do leitor do Público diz-se «boquiaberto» com esta situação. Não é para menos.

As passeatas promíscuas entre redacções, assessorias e gabinetes de todo o tipo são histórias com barbas no jornalismo português. Mas as direcções dos jornais parecem, neste capítulo, não ter aprendido nada com a história. E os "jornalistas-assessores-jornalistas" também não.

7.4.07

Citizentube: o cidadão tem a palavra (e o vídeo)

O YouTube abriu, esta semana, uma espécie de speakers' corner, onde qualquer cidadão pode colocar vídeos sobre assuntos políticos.

O Citizentube será «um lugar onde qualquer um, do cidadão ao candidato, tem a mesma oportunidade de ser visto e ouvido».

O novo canal é, assim, mais um pequeno sinal, a juntar a tantos outros, que vão consagrando o cidadão como "rei" do ciberespaço.

(dica de e-Cuaderno)

5.4.07

Convergência no jornalismo

«A convergência reconhece que os consumidores de notícias estão a ganhar mais controlo sobre o processo noticioso. Que a mudança nas forças de controlo das notícias exige mudanças no modo de produzir notícias. Convergência tem a ver com ser suficientemente flexível para fornecer notícias e informação a qualquer um e a toda a gente, em qualquer altura e a toda a hora, em qualquer lugar e às vezes em todo o lado sem abandornar os valores jornalísticos fundamentais. A convergência recentra o jornalismo na sua missão principal – informar o público acerca do mundo da melhor maneira possível e disponível. A convergência tem como objectivo dar escolhas às audiências através da coordenação e cooperação na recolha e apresentação de notícias.»

Janet Kolodzy, Convergence Journalism.

4.4.07

Telegraph de ponta

Pela primeira vez, toda a equipa editorial do Telegraph Media Group, proprietário do Daily Telegraph, trabalha junta, num só piso. No centro desta nova redacção multimédia integrada está uma enorme mesa redonda, onde os editores e cibereditores se reúnem para decidir prioridades.

A redacção tem um ar agradável. Ao fundo, vê-se uma espécie de videowall gigante, que lhe dá um ar sobremaneira "high tech". E, tal como já aqui vimos no Wall Street Journal, o Telegraph tem também um estúdio de televisão, onde são produzidos, por exemplo, vodcasts.

Dominic Ponsford passou um dia nesta moderna redacção e, neste slideshow (com áudio), mostra-nos como foi. Um dia, todas as redacções serão assim?