Se, um dia, alguém se lembrar de escrever um manual sobre como escangalhar um jornal em tempo recorde deve dar o exemplo do que tem sido feito com o Diário de Notícias nos últimos anos.
O diário lisboeta (no qual trabalhei durante quatro anos) já na última fase da direcção de Mário Bettencourt Resendes andava, de um ponto de vista de linha editorial, completamente à deriva, oscilando entre a procura do jornalismo de referência, tendo em vista a concorrência com o Público, e as mais desvairadas manchetes tablóide.
Depois, veio o monumental desastre chamado Fernando Lima, cuja nomeação, com o beneplácito das cúpulas da PT, arruinou muita da credibilidade do título. E as vendas vieram por aí abaixo. O equívoco Lima durou apenas um ano.
Seguiu-se, depois da "novela" trapalhona que envolveu Clara Ferreira Alves e a saída do colunista Vasco Pulido Valente, Miguel Coutinho, que tentou recentrar a imagem do jornal, apostando na referência, conseguindo assim suster, e mesmo inverter ligeiramente, a tendência de queda nas vendas. Sabe-se agora que o novo patrão, Joaquim Oliveira, já fez saber que não conta com a actual direcção, que assim dura apenas oito meses.
Ora, não há jornal que resista a tanta asneira feita de forma tão certeira e concentrada. Mudanças constantes de direcção, nomeações feitas com base em critérios de interesse político, erros clamorosos de "casting" (incluindo na administração do jornal) só podem dar no que tem dado.
Esperemos agora, para bem do jornalismo menos mau que se faz em Portugal, que não venha por aí uma nova direcção saída da chuteira que estiver mais à mão de Oliveira.
A ler:Oliveira substitui direcção do “DN” logo que o negócio esteja fechado