31.5.08

JN dá salto na rede

O JN aproveitou a passagem dos seus 120 anos para dar um salto qualitativo na edição online, que conhecia, há prolongados anos, uma estagnação confrangedora, só superada pelo estado comatoso do site do DN.


A melhoria mais notória revela-se no grafismo, fresco, simples, legível, mas também ao nível da incorporação de ferramentas de uso social (partilhar, comentar, participar). Nota-se, aqui e ali, a procura de inspiração no ELPAÍS.com (disposição a três colunas, títulos com corpo diferenciado, etc.), embora fique bastante aquém do apuro estético do diário espanhol. A tira Multimédia, onde passam galerias, vídeo, áudio e infografias, é parecida com as do washingtonpost.com. E resulta.

Ainda assim, há muito a fazer para melhorar a apresentação. Por exemplo, as notícias das diferentes secções aparecem "a seco", sem qualquer foto ou ilustração.

Há já algum tempo que uma equipa reforçada trabalhava nesta mudança. O JN Online conta hoje com cinco elementos a tempo inteiro. Não é muito, longe disso, nem vai dar para fazer grandes milagres, sobretudo no que à produção de última hora ou ao multimédia diz respeito. Mas, tendo em conta o deprimente panorama ciberjornalístico nacional, menos mal. Registe-se o avanço.

A recente mudança na TSF Online, também do grupo Controlinveste, parece ter sido menos ambiciosa, e não tão bem conseguida, quer ao nível gráfico, quer no atinente à inovação. E o DN lá continua, sozinho no ciberespaço, à espera de Godot.


A ler:
Novo JN Online: Salto para o futuro

29.5.08

Os "mojos" estão a crescer

Já toda a gente percebeu que o futuro é móvel. O problema é que este futuro chega cada vez mais cedo e tem agora por hábito nem sequer bater à porta das redacções. Nos EUA, uma tendência ganha peso: os jornais contratam cada vez mais "mojos" (contracção de mobile journalists).

Joe Strupp, em artigo escrito na Editor & Publisher, resume assim as coisas: à medida que a tecnologia oferece maneiras cada vez mais fáceis de recolher som e imagem, os editores estão a chegar à conclusão de que equipar os seus repórteres com kits de tecnologia necessária para trabalhar à distância e a mandá-los para o terreno é uma opção atractiva (e sobremaneira aconselhável, acrescentaria, uma vez que um dos "pecados" do actual jornalismo/ciberjornalismo é precisamente a sedentarização dos jornalistas nas redacções).

Há um diário que está mesmo a pensar em tornar todos os seus repórteres e fotojornalistas "mojos" ainda este ano. Um "mojo" passa a maior parte do tempo no exterior, gravando, filmando, escrevendo. Alguns não chegam sequer a passar pelas suas redacções.

Agora, estas opções têm os seus custos. Entre eles, os financeiros propriamente ditos: um kit móvel inclui pelo menos computador portátil, câmara de vídeo, telemóvel, gravador de áudio e outros acessórios. E nem todos (longe disso) os jornalistas estão preparados para saber lidar, no terreno e em tempo útil, com esta parafernália.

É de esperar que o "mojo" avance e recue, seja experimentado e abandonado, em maior ou menor grau, consoante os países, os mercados e a envergadura das empresas jornalísticas. Mas estas dificilmente se poderão manter imóveis num mundo de gente (sobretudo a mais nova) cada vez mais móvel.


A ler:
Get Your 'MoJos' Working: The End of the Newsroom As We Know It?
Jornalismo móvel impacta redacções americanas

24.5.08

A Internet vista pelo psiquiatra

«A Internet é um espaço ilimitado, no qual se despeja tudo e do qual nunca se tira nada: é o despejo dos dados, uma acumulação de coisas desordenadas e, nesta altura, pautada por uma tal abundância excessiva que uma pessoa se cansa à procura do que precisa, sobretudo se essa pessoa não tiver uma preparação e uma cultura capazes de a ajudarem a discernir o que é bom do simples lixo. Mas, antes do problema da qualidade, põe-se o problema da quantidade, uma espécie de bulimia de dados, de notícias a inserir e a fazer existir.»

Vittorino Andreoli, in O Mundo Digital

(dica de Naná)

20.5.08

Dilemas dos jornais na era digital

Hank Wilson, director de arte do Daily Press, um jornal da Virgínia, produziu um pequeno vídeo sobre o declínio dos jornais de papel nos EUA e o crescimento dos ciberjornais, que têm visto as suas audiências subir. Que significa isto? Que fazer perante este cenário? Wilson dá algumas respostas. Basicamente, o que ele diz (correctamente) aos jornais é: aprendam novas competências e adaptem-se à era digital.

(dica de eCuaderno)

15.5.08

"Videocast" sobre mudanças no Portugal Diário


O jornalista freelancer Alexandre Gamela produziu, recentemente, um interessante videocast experimental sobre a também recente remodelação gráfica e de conteúdos do Portugal Diário. O trabalho, publicado no blogue do autor, resume as mudanças operadas naquele ciberjornal de uma forma muito eficaz: seria preciso um "post" de texto enorme para traduzir em palavras o que Gamela nos mostra com recurso a áudio e imagens.

6.5.08

Ciberjornalismo: Observatório e Congresso Internacional






Creio que este pequeno post vai ficar na história do ciberjornalismo em Portugal:


"Nasceu o ObCiber - Observatório do Ciberjornalismo

5 Maio 2008

É hoje inaugurado, com este post, o Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber), estrutura do CETAC.media que visa observar e analisar, regularmente, a evolução do Ciberjornalismo em Portugal e no Mundo.


Foi publicado no site do agora criado Observatório do Ciberjornalismo, onde se pode ler informações (organização, datas, call for papers, etc.) do I Encontro Internacional de Ciberjornalismo, a decorrer nos dias 11 e 12 de Dezembro próximos, nas instalações do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.

Não vou tecer considerações sobre a importância e a relevância, quer da criação do ObCiber, quer do congresso, por estar directamente envolvido nas iniciativas. Mas lá que apetecia...

3.5.08

Videojornalismo em ciberjornais

O chamado videojornalismo, variante do jornalismo televisivo, tem uma longa história, mas está a conhecer um ressurgimento graças ao avanço dos média noticiosos na Web.

O videojornalista é um verdadeiro canivete-suíço: filma, edita e, por vezes, apresenta o seu próprio material. Os ciberjornais começam a ser uma plataforma privilegiada para acolher este tipo de trabalhos.

O Washington Post já percebeu isso há muito: tem hoje uma equipa de meia dúzia de videojornalistas. Travis Fox, ex-editor de fotografia, é um dos mais conhecidos. Ao vermos trabalhos seus, como este On the Margins in Mauritania, sobre os efeitos da actual crise alimentar global, percebemos porquê:




A ler:
Video journalism
Q&A with Travis Fox, video journalist for washingtonpost.com
Vídeo com boa definição no Washington Post

1.5.08

"Blogar" já era?

"Blogar" estará em vias de passar de moda? Alguns gurus de ponta acham que sim, já estamos a caminho disso. Por uma razão simples: o que o povo do ciberespaço quer cada vez mais é conversa em rede social e menos monólogo em espaço blogue.

MySpace, Facebook, Hi5, Bebo, Ning, Twitter, Tumblr, FriendFeed estão a tornar os simples "posts" e comentários aos "posts" algo sobremaneira estático, pouco dinâmico, num contexto comunicacional frenético, não poucas vezes compulsivo, sempre online, ao segundo e de preferência em 140 caracteres (um dia destes ainda descobrimos os adolescentes de regresso ao código morse, enviando traços e pontos de satisfação ou raiva uns aos outros...).

Stowe Boyd, um dos bloguistas mais respeitados em São Francisco e Silicon Valley: «As conversas estão a mudar de uma forma estática e lenta - os comentários às entradas de blogues - para uma forma mais dinâmica e rápida no fluxo de Twitter, Friendfeed e outros.»

Jonathan Schwartz, da Sun Microsystems, mais directo: «Chegará o momento em que a palavra blogar se torne anacrónica.»

Vamos estando atentos.


A ler:
Demasiados monólogos en los 'microblogs'
La fijación de menores con Internet desconcierta a padres y educadores