28.1.07

'Mediamorfose' no Travessias

O meu vestusto blogue generalista, o Travessias, está em plena mediamorfose experimental (o Roger Fidler que me perdoe o exagero...). O texto é cada vez mais acompanhado de fotografia e vídeo, graças à ajuda do YouTube, Google Video e quejandos. Portanto, está a transformar-se num híbrido, algures entre o blogue, o fotoblogue e o videoblogue.

Quando se fala de música ou de cinema, por exemplo, aqueles sites de vídeo têm material fabuloso, recente ou antigo, que pura e simplesmente não "passa" nos nossos canais de televisão. Frank Zappa a gravar em estúdio em 1968? Um excerto do filme Caravaggio, de Derek Jarman? O trailer de Citizen Kane? A Laurie Anderson a contar uma das suas mirabolantes histórias? O Rufus a cantar uma música dos Beatles? O Antony ao vivo num programa de TV em dueto com Boy George? As CocoRosie ao vivo algures nos EUA? Foucault em amena cavaqueira filosófica com Chomsky?

Os canais de televisão tradicionais (generalistas e temáticos, sem excepção) deviam estar mais atentos ao que se está a passar em termos de "televisão" online. Para já, a reacção generalizada parece ser em tudo idêntica à que assistimos em 1995, 1996, quando a Internet começou a instalar-se: desprezo, menorização, desvalorização, etc.. Em geral, os média portugueses estranham muito e entranham pouco. E a muito custo.

24.1.07

Como serão as notícias em 2015?

Robin Sloan e Matt Thompson produziram este filme online, em Flash, para o Museum of Media History. A primeira versão mostrava a «futura história dos media» até 2014. A que se pode ver neste vídeo vai até 2015. Como estará o Google nessa altura? O New York Times ainda existirá em papel? Um interessante exercício de prospectiva, em 8 minutos.

22.1.07

Adeus Gutenberg

Tem muito que ler, e que ver, o mais recente volume de Nieman Reports. É sobre o impacto da Web e outras tecnologias no jornalismo. Título: Goodbye Gutenberg, que é como quem diz:

«Journalism is on a fast-paced, transformative journey, its destination still unknown. That the Web and other media technologies are affecting mightily the practice of journalism is beyond dispute. Less clear is any shared vision of what the future holds. Newsrooms are being hollowed out, and editors who resist such cutbacks are losing their jobs. Digital video cameras and tape recorders replace reporters' notebooks as newspapers—and other news organizations—train staff in multimedia storytelling.»

Vale ainda a pena ver a Newspaper Gallery, com fotos valiosas sobre a imprensa que atravessam todo o século XX.

(dica de Ponto Media)

19.1.07

Magnum: fotografia multimédia

A fotografia já não é o que era. Passou do rolo, dos líquidos à temperatura certa, da sala escura de luz vermelha, do encanto de ver a imagem surgir devagar no papel brilhante e molhado, para a flexibilidade asséptica e total dos bits.

Mas a revolução não se fica por aqui. Prossegue a metamorfose digital. Uma fotografia pode já não ser apenas uma fotografia. Pode ter som de fundo, ruídos, música ambiente, imagens de televisão entrecortadas. Fotografia multimédia?

No site da celebérrima agência Magnum podemos tirar o pulso a estes novos e fascinantes caminhos da fotografia. Por exemplo, vendo o ensaio M*A*S*H Iraq, do fotógrafo Thomas Dworzak.


13.1.07

Jornalismo: o emprego que se segue

Escreve a Mindy McAdams no seu blogue: «If a student in a j-school today thinks it is okay NOT to learn how to make Web pages, NOT to shoot video, NOT to gather audio, NOT to read and write blogs - then that student is not getting a message that is very, very necessary.»

Que é como quem diz, os estudantes de jornalismo, em vez de teimarem em querer preparar-se apenas para o jornalismo do presente (passado?), devem encarar os desafios que o futuro (que já começou há algum tempo...) lhes coloca, sobretudo em termos tecnológicos, leia-se, multimédia.

Aos meus alunos, e não só, recomendo vivamente a leitura do post Getting (and keeping) a job in journalism.

12.1.07

Multimédia na Renascença

As notícias sobre ciberjornalismo nos média nacionais são de tal modo escassas que é de celebrar quando uma consegue ver a luz do dia. É o caso desta: o site da Rádio Renascença começou a apostar no vídeo.

Se tivermos em conta o que por esse mundo civilizado fora se faz hoje ao nível do multimédia noticioso, este é um pequeno passo. Mas se olharmos para a pobre evolução dos média online portugueses, que continuam à espera que Godot lhes bata à porta, trata-se de uma iniciativa relevante.

Ainda para mais quando os ciberjornais portugueses revelam uma enorme dificuldade em sair das suas "matérias-primas" originais (texto nos jornais, som na rádio, vídeo nas televisões) para se multimedializarem.

Dizer que fazer isto fica muito caro ou exige enormes "recursos humanos" é falso e apenas mascara a falta de visão e arrojo por parte das empresas jornalísticas. Há pequenos passos que se podem dar com câmaras de vídeo de 500 euros (a Renascença fá-lo, como explica hoje ao Público o chefe de redacção Pedro Leal) ou até usando software fácil e barato para produzir, por exemplo, slideshows de áudio.

Veja-se o caso do Soundslides. Com esta ferramenta, feita sobretudo para jornalistas, fica quase de borla fazer pequenos brilharetes como este.

4.1.07

Debate "tonto" está para durar

Robert Niles, editor da Online Journalism Review, abre o novo ano com um convite razoável: vamos acabar para sempre com o debate «mais tonto e destruidor» no jornalismo que é o do "jornalismo mainstream" versus "jornalismo do cidadão" e trabalhar todos para um "melhor jornalismo".

Até aqui, de acordo. Mas, logo a seguir, Niles abre a caixa de Pandora de novo, atirando com uma frase que dá pano para mangas de resmas de debate: «Jornalismo é jornalismo, não importa quem o faz, ou onde.» Vai uma aposta que não é bem assim?


A ler (e debater):
The silliest, and most destructive, debate in journalism