31.12.08

Ciberjornalismo em Portugal 2008

O ano que agora finda não foi particularmente brilhante para o ciberjornalismo em Portugal. Não houve avanços significativos, quer ao nível das configurações empresariais, quer ao nível dos formatos e plataformas, quer ainda ao nível das práticas jornalísticas. Mas, ainda assim, 2008 deixa algumas marcas dignas de registo, em particular no meio académico:

A ler:
Ciberjornalismo em Portugal 2007

16.12.08

Integração de redacções no Público

A verdadeira integração de redacções (tradicionais e online) é ainda uma realidade distante da maior parte das redacções do país. Parece haver, por parte das empresas jornalísticas, uma grande hesitação, quer quanto aos modelos a seguir, quer em relação aos meios a empregar.

De qualquer modo, surgem sinais de que, pelo menos, há consciência de que, num contexto geral de dificuldades para a imprensa, se está a andar muito devagar. Exemplo disso são as recentes declarações do director do Público à Meios & Publicidade.

José Manuel Fernandes reconhece que «o caminho é grande [para a integração] e tem de ser percorrido mais depressa» e que «o mundo dos jornais está a mudar, e quando temos mais leitores no online do que na edição em papel», é preciso acompanhar essa mudança.

Que os jornais já perceberam que têm de mudar, não é novidade. O problema é que, em geral, mudam mais devagar do que seria desejável, porque as resistências à mudança são sempre muitas e nada fáceis de ultrapassar.


A ler:
Público quer “acelerar” processo de integração de redacções

13.12.08

Prémios e Congresso de Ciberjornalismo

Estão de parabéns os vencedores da primeira edição dos Prémios de Ciberjornalismo, ontem entregues no decorrer do I Congresso Internacional de Ciberjornalismo, na Universidade do Porto. E os vencedores, recorde-se, foram:


A imprensa (em papel e online), de ontem e de hoje, faz eco dos prémios atribuídos pelo Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber):


Os dois dias intensos, ricos em debate e troca de ideias, do I Congresso Internacional de Ciberjornalismo estão resumidos no blogue do congresso, que foi alimentado em permanência por alunas do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.

2.12.08

Expresso e Público reforçam online

O Expresso reforçou a área do desporto na sua edição online e o Público.pt vai passar a disponibilizar, a partir da próxima sexta-feira, o suplemento Ípsilon. Mas, neste caso, os receios de "canibalização" do produto em papel são ainda evidentes, como se vê por esta declaração do coordenador geral do Público.pt à Meios & Publicidade: “O site Ipsilon não será um substituto ou alternativa ao caderno Ipsilon mas sim um complemento ao mesmo”».

20.11.08

Público.pt, versão iPhone


Registe-se a novidade: o Público.pt criou uma versão para o iPhone. Esta aposta na difusão multiplataforma de conteúdos tem o nome de I.Publico.pt e destina-se a «todos os leitores que utilizem iPhone e queiram estar informados a qualquer momento, de uma forma totalmente enquadrada na experiência de navegação proposta pelo terminal da Apple.» O I.Publico.pt está em fase de testes.




A ler:
Chegou o PUBLICO.PT para iPhone

6.11.08

O outro, hoje mais próximo?

Em É Preciso Salvar a Comunicação, Dominique Wolton regressa a algumas das suas reflexões de longa data. Mais uma vez nos lembra que a proliferação de tecnologias, a par de fluxos tremendos de informação, não nos garantem automaticamente que estejamos a comunicar melhor uns com os outros.

Diria que, talvez, este paradoxo seja hoje particularmente visível nas redes sociais, onde a apresentação individual parece sobrepor-se à comunicação propriamente dita, aquela que pressupõe o real confronto de subjectividades, o encarar o outro.

Ou, como diria Wolton, tendo em conta o contexto mais vasto da comunicação global, «o outro, hoje mais próximo, mais acessível, tornou-se no meu igual. Ao mesmo tempo, a experiência da comunicação prova que é dificilmente atingível, e que todas as liberdades e todas as técnicas não são suficientes para eu me aproximar.» É o que ele chama de realidade antropológica da incomunicação, um dos temas mais fascinantes nos debates sobre comunicação.

Wolton reafirma também, no âmbito das dinâmicas entre os média e a sociedade, as suas preocupações com o atomização - potenciada pelas novas tecnologias, com a Net à cabeça, - dos indivíduos. Por isso, defende o papel dos média tradicionais como factores de coesão social.

Na "sociedade individualista de massas", as novas tecnologias «são eficazes no que respeita à liberdade, muito menos no que respeita à coesão social. São ao mesmo tempo individualistas e comunitárias, mas pouco colectivas e sociais. Para gerir estas duas dimensões, é preciso na realidade revalorizar o papel complementar, essencial, da imprensa, da rádio e da televisão que se dirige a todos. Tarefa indispensável no momento em que as nossas sociedades fabricam novos processos de precarização e segmentação.»

Para quem não leu as obras mais conhecidas de Wolton, como Elogio do Grande Público, Pensar a Comunicação ou E Depois da Internet?, É Preciso Salvar a Comunicação é uma excelente porta de entrada nas ideias deste autor, que não é propriamente conhecido por alinhar em modas ou euforias que por aí abundam.

3.11.08

Lusa mais multimédia

As agências de informação, a começar pelas maiores, como a Reuters, há muito perceberam que têm de mudar para se adaptar às novas paisagens multimediáticas. O tempo da mera comercialização de "takes" de texto está a passar à história.

Por cá, a agência Lusa tem feito um esforço no sentido da mudança. Sinal claro disso é o facto de, a partir de hoje, começar a disponibilizar, a título experimental, os seus conteúdos em áudio e vídeo.

Trata-se do culminar de um processo que começou há cerca de três meses, com a formação (em parceria com o curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto) dada aos jornalistas da casa para os habilitar a trabalhar em ambiente multimédia.


A ler:
Lusa começa hoje em vídeo e som
Reuters impulsiona vídeo no ciberjornalismo

26.10.08

NYTimes com vídeo de alta definição

A saúde financeira do New York Times não é a melhor, o negócio online também não ajuda muito, mas, como bem refere Erick Schonfeld, pelo menos continua em frente, ao contrário de muitos outros, que paralisam face o mar de incertezas quanto ao futuro em que se encontram mergulhados.

O NYTimes.com acaba de redesenhar a sua página de vídeo, que agora funciona numa nova plataforma, da empresa Brightcove, com a qual alguns jornais europeus também trabalham. Além disso, o jornal prepara-se para apostar no vídeo de alta definição.

A ler:
The NYTimes.com Prepares For HD Video

15.10.08

Novo blogue sobre ciberjornalismo

Nasceu um novo blogue sobre ciberjornalismo. O autor, Javier Díaz Noci, é um dos principais investigadores espanhóis nesta área.

Interessante é o enfoque que o professor universitário pretende dar a CyberJournalism, blogue escrito em inglês: privilegiar a análise de conceitos e tendências do ciberjornalismo em detrimento de temas de índole profissional.

Um bom exemplo é dado logo num dos posts iniciais, em que Noci justifica por que prefere o termo cyberjornalism, ou ciberjornalismo (que também colhe a minha preferência), em vez de jornalismo online ou webjornalismo:

«“Online journalism” is a very widespread term, of course, but not very worthy to be translated into Spanish. It underlines, on the other hand, just one characteristic of this new journalistic form.

“Webjournalism”, as proposed by our Brazilian colleagues, is a good alternative, we guess. Journalism made for the Web is, in fact, the thing we try to analyze. Better, in fact, than “Internet journalism”; it is more concrete.

Nevertheless, we do not know what the Internet will be in the future, even if it will receive the same name. So we prefer to take about journalism made for cyberspace -in present days the Internet, some time ahead probably somo other thing. So, that’s Cyberjournalism.»

Um blogue a seguir com atenção.

28.9.08

Um mundo só deles

«O problema das televisões e dos meios de comunicação em geral é que são tão grandes, influentes e importantes que começaram a criar um mundo só deles. Um mundo que tem muito pouco a ver com a realidade. De resto, esses meios de comunicação não estão interessados em reflectir a realidade do mundo, mas sim em competir entre si. Uma estação televisiva, ou um jornal, não pode permitir-se não ter a notícia que o seu concorrente directo tem. De modo que acabam por observar os seus concorrentes em vez de observar a vida real. Actualmente, os meios de comunicação andam em bandos, quais ovelhas em rebanhos.»

24.9.08

NYT junta o seu povo no TimesPeople

Também o New York Times resolveu criar a sua rede social. Ontem, inaugurou o TimesPeople.

Trata-se de um novo serviço, de acesso livre, que permite, entre outras coisas, saber das actividades de outros utilizadores do TimesPeople através de uma actualização de feeds RSS (tipo Facebook), comentar, debater, recomendar, partilhar, criticar e classificar.

Dito pelo próprio jornal: «TimesPeople is a new way to discover what other readers find interesting on NYTimes.com — and to make recommendations of your own. With TimesPeople, you can share articles, videos, slideshows, blog posts, reader comments, and ratings and reviews of movies, restaurants and hotels.». No fundo, o Times mais não faz que aplicar o modelo das grandes redes sociais.

Marc Frons (cujo cargo tem este estrondoso título: chief technology officer of digital operations) explica: «Criámos o TimesPeople como uma comunidade construída à volta da ideia da partilha de notícias e de informação, permitindo aos nossos leitores ligarem-se a outros leitores com interesses semelhantes.»


A ler:
Rede social "protegida" no WSJ.com
O New York Times no Travessias Digitais

23.9.08

Novidades no ObCiber





Há novidades no site do Observatório do Ciberjornalismo: novo visual (incluindo logótipo), prazos para inscrições no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo e informações sobre candidaturas aos Prémios de Ciberjornalismo.

22.9.08

Jornalismo, essência a preservar

«Kovach e Rosenstiel lembram-nos de que a primeira lealdade do jornalismo é para com os cidadãos; de facto, quase toda a consideração sobre ética profissional coloca a tónica num compromisso com o serviço público. Também nos lembram de que a essência do jornalismo é o que eles chamam de "disciplina da verificação". Os jornalistas distinguem o que fazem do trabalho de entertainers, romancistas e propagandistas com a promessa implícita à sua audiência de que não inventaram nada daquilo que incluíram na sua reportagem. Esta lealdade em relação ao público, e a sua colocação em prática através do afirmar da verdade, deveria guiar os jornalistas no uso da informação, onde quer que esta seja obtida.»

Jane B. Singer, in Online Journalism Ethics

20.9.08

Rede social "protegida" no WSJ.com


O WSJ.com bateu recordes de tráfego por altura das recentes mudanças no site, garante um editor da casa. Alan Murray falou com Andy Plesser, da Beet.tv, sobre a lógica que presidiu à criação de uma rede social "protegida", na qual só utilizadores registados, usando o seu nome real, podem entrar e participar.

Mais um sinal de que os ciberjornais (alguns) começam a perceber o potencial (aumento do tráfego, fixação de utilizadores, eventual retorno financeiro) das redes sociais. A ideia de criar comunidades à volta dos ciberjornais não é nova, mas parece estar a ganhar novo fôlego. Talvez por causa do sucesso galopante das grandes redes, como Facebook, MySpace, Hi5 e outras.

17.9.08

WSJ.com privilegia subscritores

O novo visual online do Wall Street Journal está impecável. Compacto, legível, com uma paleta de cores agradável e equilibrada. Nota positiva também para o novo player de vídeo (os vídeos no WSJ.com são embebíveis) e para os slideshows.

Para além das novidades relacionadas com o grafismo, estas mudanças no jornal apontam para o reforço de uma estratégia de fundo: privilegiar o subscritor. Só quem paga tem acesso a certos extras importantes.

Por exemplo, só os subscritores podem ter acesso à comunidade do jornal (uma espécie de rede social, que lhes permite comentar artigos, fazer perguntas a especialistas, ou juntar-se a redes em que se discutem certos assuntos) e à versão alargada do arquivo do site. O WSJ.com diz ter já mais de um milhão de subscritores.


A ler:
What’s new in the WSJ.com redesign
Estúdio de vídeo no WSJ.com


15.9.08

Prémio merecido para ELPAÍS.com

O ELPAÍS.com foi um dos dois premiados (o outro foi o Soitu.es.) na nova categoria dos Online Journalism Awards (2008), a que distingue sites de língua não-inglesa.

Os membros do júri consideraram que a versão digital do ELPAÍS.com é «um exemplo brilhante de como um meio tradicional pode florescer na arena digital» e «fixa a referência pela qual os outros se medem».

Para não ir mais longe no corroborar desta afirmação, basta vermos a recente remodelação gráfica do Le Monde.fr, claramente inspirada no "modelo ELPAÍS.com". É ainda elogiada a oferta do diário espanhol em infografia, «rica em informação e fácil de consumir». Os elogios são inteiramente merecidos.

Depois, estão lá os vencedores do costume (Washington Post, New York Times, CNN.com, etc.). O MSNBC.com., já por várias vezes premiado, desta vez não aparece.


A ler:
Newest Online Journalism Award category won by El Pais and Soitu
ELPAÍS.com gana el Premio a la Excelencia de la Online News Association

9.9.08

Mais um leitor electrónico de jornais

Já não é sem uma ponta de cepticismo que leio as notícias que dão conta do lançamento de mais um leitor electrónico de livros e jornais. Depois do Kindle, da Amazon, e do Sony Reader, agora é uma empresa de Silicon Valley, a Plastic Logic, a prometer a comercialização do seu e-book sem fios no próximo ano.

O caso dos leitores electrónicos parece mais um daqueles em que as empresas querem ir muito mais depressa que os hábitos das pessoas no que toca aos suportes da leitura de livros e de jornais. Faz lembrar o que se tem passado nos formatos de áudio: há anos que se tenta impor ao mercado o formato de alta definição SACD como substituto do velho CD, mas as prateleiras da FNAC e quejandos continuam é cheias dos "velhinhos" discos prateados, que, por sua vez, estão sob a séria ameaça do som fajuto dos MP3.

A propósito, dei comigo a reler o primeiro texto que escrevi sobre leitores electrónicos de jornais. Na altura, falava-se em "flat panels". Foi há doze anos, no Jornal de Notícias. Título: Dois jornais para o próximo milénio.


A ler:
Lecteur électronique de journaux
Um Kindle para ler

Travessias na memória:
A tinta que não pinta
O livro do desassossego

24.8.08

CNN liberta vídeos a pensar nas redes sociais


A CNN.com também já permite o embebimento dos seus vídeos em blogues ou sites. E a piscadela de olho às redes sociais é assumida sem rodeios por este gigante da comunicação: «We’ve also added a share feature to allow you to share videos on your favorite social networking sites like Facebook and MySpace.»

«Espalhem a notícia» parece ser, cada vez mais, o lema dos média noticiosos online. A CNN junta-se assim, neste particular, a outros média mainstream referidos no Travessias Digitais, como o MSNBC, a Reuters, o Wall Street Journal e o Washington Post.


A ler:
Behind the scenes

21.8.08

Le Monde partilha cartoons

A par de outros, os célebres cartoons de Plantu, do Le Monde, podem agora ser vistos em qualquer blogue ou site: o Le Monde.fr permite a cópia do código (embed) de um ecrã em que nos são mostrados os desenhos em sequência, tipo slideshow, com a opção de ecrã inteiro.

Tendo em conta o perfil do diário francês, este é um passo que pode ser considerado arrojado. O bom resultado é este:




6.8.08

SIC Online estreia "Widget"

A SIC Online estreia, amanhã, o Widget SIC. Trata-se de uma aplicação que permite ao utilizador ter acesso directo a notícias, vídeos e mesmo a emissão em directo sem ter de aceder ao site da estação de Carnaxide.

A "plataforma de conteúdos" pode ser instalada no ambiente de trabalho do computador, adicionada a um blogue ou exportada para redes sociais.

A ideia é, segundo Pedro Soares, director da SIC Online, estar mais próximos dos utilizadores: «O objectivo é ir de encontro aos utilizadores em vez de serem eles a procurarem a SIC.” (Media & Publicidade). O novo Widget «terá uma forte componente viral, com a possibilidade de envio a outros utilizadores de forma intuitiva».

Ou seja, a SIC Online não quer perder o comboio da Web 2.0.


A ler:
A SIC no Travessias Digitais

31.7.08

Congresso de Ciberjornalismo: lista de comunicações

Já é conhecida a lista de comunicações a apresentar no I Congresso Internacional de Ciberjornalismo, nos dias 11 e 12 de Dezembro de 2008, na Universidade do Porto.

Para além dos portugueses, entre os participantes contam-se também docentes e investigadores ingleses, alemães, espanhóis, brasileiros e chilenos. Os títulos das comunicações e respectivos autores podem ser lidos no sítio do Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber).

10.7.08

Quem é verdadeiramente jornalista?

É, no mínimo, reconfortante começar a ler um livro sobre ética e ciberjornalismo e verificar que há quem, no meio de transformações tão bruscas, imprevisíveis e radicais que afectam o jornalismo, não perca de vista o essencial:

«A questão mais profunda, e uma que é central neste livro, é esta: Quem é verdadeiramente jornalista? Nós pensamos que a ética fornece o ponto crucial da resposta. Na nossa sociedade, um jornalista é alguém cujo primeiro objectivo é providenciar a informação de que cidadãos de uma democracia necessitam para serem livres e auto-governados: alguém que age de acordo com um firme compromisso com o equilíbrio, justeza, auto-domínio, e serviço; alguém em quem os membros do público possam confiar para os ajudar a entender o mundo e a tomar decisões razoáveis sobre as coisas que importam. No aberto, participativo, e gloriosamente estridente mundo online, são estes princípios abrangentes - e os modos concretos como são colocados em prática no dia-a-dia, por jornalistas individuais em todo o mundo - que estão a definir o jornalista e a determinar o futuro.» (Cecilia Friend e Jane B. Singer, Online Journalism Ethics: Traditions and Transitions).

Questões como estas são absolutamente centrais para a formação profissional e ética dos ciberjornalistas, uma vez que o meio onde operam, a Web, tende, frequentemente (por muitos e variados motivos), a desviá-los para práticas acessórias e prioridades irrelevantes.

3.7.08

Cinco ciberjornais de topo

O World Editors Forum pediu a cinco proeminentes designers de jornais para escolherem os cinco ciberjornais mais bem desenhados. O resultado foi este:

  1. ELPAÍS.com (Espanha)
  2. guardian.co.uk (Reino Unido)
  3. globeandmail.com (Canadá)
  4. 24sata.hr (Croácia)
  5. Times Online (Reino Unido)

Os dois primeiros são escolhas bastante acertadas, mas o Times Online, do meu ponto de vista, devia estar aí uns dois furos acima.

O mesmo painel de designers foi também convidado a eleger os dez jornais mais bem desenhados. O português Expresso é um dos escolhidos:

  • The Guardian (Reino Unido)
  • Politiken (Dinamarca)
  • Bergens Tidende (Noruega)
  • St Petersburg Times (Estados Unidos)
  • Eleftheros Typos (Grécia)
  • De Morgen (Bélgica)
  • elEconomista (Espanha)
  • Excelsior (México)
  • Expresso (Portugal)
  • Äripäev (Estónia)

Estes resultados estão incluídos num capítulo sobre a "fusão" impresso-online, tendência-chave examinada no Trends in Newsroom 2008.

23.6.08

Reportagem multimédia no JN

O JN fez ontem uma experiência interessante: publicou, com destaque, na edição em papel, uma reportagem sobre esteróides anabolisantes usados por utentes de ginásios. Ao mesmo tempo, produziu um pequeno "pacote" multimédia sobre o assunto para o site.

A reportagem do papel adaptada ao formato multimédia na Web permite-nos ler excertos curtos de texto e ver, em vídeo, algumas das fontes utilizadas.

Ora, não é todos os dias que nos podemos dar ao luxo de ver, em ciberjornais portugueses, reportagens multimédia (ainda que muito elementares), com direito a ficha técnica e tudo. Venham daí mais e melhores trabalhos destes, pois há muito que fazem falta no nosso panorama ciberjornalístico.


A ver:
Esteróides sem controlo

A ler:
JN dá salto na rede
Ciberjornalismo e Narrativa Hipermédia

16.6.08

A caminho da "redacção transparente" ?

«Nós convidamos o público, os cidadãos, a entrar na redacção, nas nossas conversas e até no nossos processos de tomada de decisão». Assim resume Steve Smith, editor do Spokesman-Review, diário publicado em Washington, o conceito de «redacção transparente» (que contropõe à tradicional «redacção fortaleza») implementado no seu jornal.

As pessoas querem fazer parte da conversa. Muitos jornais sabem-no há muito, mas sentem dificuldades em levar esse tipo de participação à prática, pois obriga a algumas mudanças drásticas. A começar pela que envolve a mentalidade dos jornalistas.

Este pequeno vídeo foi apresentado durante a recente reunião da World Association of Newspapers, em Gotemburgo, e ilustra uma postura que, creio, vai encontrar muitas resistências nas redacções por esse mundo fora.

13.6.08

Os primeiros prémios de ciberjornalismo

Finalmente, vamos ter prémios de ciberjornalismo em Portugal.

Promovidos pelo recém-criado ObCiber - Observatório do Ciberjornalismo, «visam reconhecer, anualmente, o que de melhor é produzido em Portugal nesta área.»

Há seis categorias a que os sites noticiosos portugueses podem candidatar trabalhos: Excelência Geral em Ciberjornalismo, “Breaking News”, Reportagem Multimédia, Videojornalismo Online, Infografia Digital e Ciberjornalismo Académico.

Os vencedores serão anunciados no decorrer do I Congresso Internacional de Ciberjornalismo, marcado para 11 e 12 de Dezembro próximo, na Universidade do Porto.

O regulamento e a ficha de inscrição podem ser lidos no site do ObCiber.

6.6.08

O New York Times é móvel

Michael Zimbalist, chefe do departamento de Investigação & Desenvolvimento da empresa proprietária do New York Times, falou à Beet.Tv sobre a aposta decidida do jornal em tudo o que é móvel, área em que as visitas têm vindo a disparar.

Zimbalist mostra-se especialmente interessado nas dinâmicas que se podem estabelecer entre o móvel e o jornal impresso, que poderá tornar-se numa espécie de digest de todo o tipo de conteúdos digitais disponíveis.

Passo ainda mais arrojado: o New York Times já está trabalhar na adaptação do jornal à chamada Web semântica sonhada por Berners-Lee. A ideia é produzir cada vez mais "conteúdo inteligente", enriquecido com todo o tipo de metadados (fotográficos, geográficos, etc.).

31.5.08

JN dá salto na rede

O JN aproveitou a passagem dos seus 120 anos para dar um salto qualitativo na edição online, que conhecia, há prolongados anos, uma estagnação confrangedora, só superada pelo estado comatoso do site do DN.


A melhoria mais notória revela-se no grafismo, fresco, simples, legível, mas também ao nível da incorporação de ferramentas de uso social (partilhar, comentar, participar). Nota-se, aqui e ali, a procura de inspiração no ELPAÍS.com (disposição a três colunas, títulos com corpo diferenciado, etc.), embora fique bastante aquém do apuro estético do diário espanhol. A tira Multimédia, onde passam galerias, vídeo, áudio e infografias, é parecida com as do washingtonpost.com. E resulta.

Ainda assim, há muito a fazer para melhorar a apresentação. Por exemplo, as notícias das diferentes secções aparecem "a seco", sem qualquer foto ou ilustração.

Há já algum tempo que uma equipa reforçada trabalhava nesta mudança. O JN Online conta hoje com cinco elementos a tempo inteiro. Não é muito, longe disso, nem vai dar para fazer grandes milagres, sobretudo no que à produção de última hora ou ao multimédia diz respeito. Mas, tendo em conta o deprimente panorama ciberjornalístico nacional, menos mal. Registe-se o avanço.

A recente mudança na TSF Online, também do grupo Controlinveste, parece ter sido menos ambiciosa, e não tão bem conseguida, quer ao nível gráfico, quer no atinente à inovação. E o DN lá continua, sozinho no ciberespaço, à espera de Godot.


A ler:
Novo JN Online: Salto para o futuro

29.5.08

Os "mojos" estão a crescer

Já toda a gente percebeu que o futuro é móvel. O problema é que este futuro chega cada vez mais cedo e tem agora por hábito nem sequer bater à porta das redacções. Nos EUA, uma tendência ganha peso: os jornais contratam cada vez mais "mojos" (contracção de mobile journalists).

Joe Strupp, em artigo escrito na Editor & Publisher, resume assim as coisas: à medida que a tecnologia oferece maneiras cada vez mais fáceis de recolher som e imagem, os editores estão a chegar à conclusão de que equipar os seus repórteres com kits de tecnologia necessária para trabalhar à distância e a mandá-los para o terreno é uma opção atractiva (e sobremaneira aconselhável, acrescentaria, uma vez que um dos "pecados" do actual jornalismo/ciberjornalismo é precisamente a sedentarização dos jornalistas nas redacções).

Há um diário que está mesmo a pensar em tornar todos os seus repórteres e fotojornalistas "mojos" ainda este ano. Um "mojo" passa a maior parte do tempo no exterior, gravando, filmando, escrevendo. Alguns não chegam sequer a passar pelas suas redacções.

Agora, estas opções têm os seus custos. Entre eles, os financeiros propriamente ditos: um kit móvel inclui pelo menos computador portátil, câmara de vídeo, telemóvel, gravador de áudio e outros acessórios. E nem todos (longe disso) os jornalistas estão preparados para saber lidar, no terreno e em tempo útil, com esta parafernália.

É de esperar que o "mojo" avance e recue, seja experimentado e abandonado, em maior ou menor grau, consoante os países, os mercados e a envergadura das empresas jornalísticas. Mas estas dificilmente se poderão manter imóveis num mundo de gente (sobretudo a mais nova) cada vez mais móvel.


A ler:
Get Your 'MoJos' Working: The End of the Newsroom As We Know It?
Jornalismo móvel impacta redacções americanas

24.5.08

A Internet vista pelo psiquiatra

«A Internet é um espaço ilimitado, no qual se despeja tudo e do qual nunca se tira nada: é o despejo dos dados, uma acumulação de coisas desordenadas e, nesta altura, pautada por uma tal abundância excessiva que uma pessoa se cansa à procura do que precisa, sobretudo se essa pessoa não tiver uma preparação e uma cultura capazes de a ajudarem a discernir o que é bom do simples lixo. Mas, antes do problema da qualidade, põe-se o problema da quantidade, uma espécie de bulimia de dados, de notícias a inserir e a fazer existir.»

Vittorino Andreoli, in O Mundo Digital

(dica de Naná)

20.5.08

Dilemas dos jornais na era digital

Hank Wilson, director de arte do Daily Press, um jornal da Virgínia, produziu um pequeno vídeo sobre o declínio dos jornais de papel nos EUA e o crescimento dos ciberjornais, que têm visto as suas audiências subir. Que significa isto? Que fazer perante este cenário? Wilson dá algumas respostas. Basicamente, o que ele diz (correctamente) aos jornais é: aprendam novas competências e adaptem-se à era digital.

(dica de eCuaderno)

15.5.08

"Videocast" sobre mudanças no Portugal Diário


O jornalista freelancer Alexandre Gamela produziu, recentemente, um interessante videocast experimental sobre a também recente remodelação gráfica e de conteúdos do Portugal Diário. O trabalho, publicado no blogue do autor, resume as mudanças operadas naquele ciberjornal de uma forma muito eficaz: seria preciso um "post" de texto enorme para traduzir em palavras o que Gamela nos mostra com recurso a áudio e imagens.

6.5.08

Ciberjornalismo: Observatório e Congresso Internacional






Creio que este pequeno post vai ficar na história do ciberjornalismo em Portugal:


"Nasceu o ObCiber - Observatório do Ciberjornalismo

5 Maio 2008

É hoje inaugurado, com este post, o Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber), estrutura do CETAC.media que visa observar e analisar, regularmente, a evolução do Ciberjornalismo em Portugal e no Mundo.


Foi publicado no site do agora criado Observatório do Ciberjornalismo, onde se pode ler informações (organização, datas, call for papers, etc.) do I Encontro Internacional de Ciberjornalismo, a decorrer nos dias 11 e 12 de Dezembro próximos, nas instalações do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto.

Não vou tecer considerações sobre a importância e a relevância, quer da criação do ObCiber, quer do congresso, por estar directamente envolvido nas iniciativas. Mas lá que apetecia...

3.5.08

Videojornalismo em ciberjornais

O chamado videojornalismo, variante do jornalismo televisivo, tem uma longa história, mas está a conhecer um ressurgimento graças ao avanço dos média noticiosos na Web.

O videojornalista é um verdadeiro canivete-suíço: filma, edita e, por vezes, apresenta o seu próprio material. Os ciberjornais começam a ser uma plataforma privilegiada para acolher este tipo de trabalhos.

O Washington Post já percebeu isso há muito: tem hoje uma equipa de meia dúzia de videojornalistas. Travis Fox, ex-editor de fotografia, é um dos mais conhecidos. Ao vermos trabalhos seus, como este On the Margins in Mauritania, sobre os efeitos da actual crise alimentar global, percebemos porquê:




A ler:
Video journalism
Q&A with Travis Fox, video journalist for washingtonpost.com
Vídeo com boa definição no Washington Post

1.5.08

"Blogar" já era?

"Blogar" estará em vias de passar de moda? Alguns gurus de ponta acham que sim, já estamos a caminho disso. Por uma razão simples: o que o povo do ciberespaço quer cada vez mais é conversa em rede social e menos monólogo em espaço blogue.

MySpace, Facebook, Hi5, Bebo, Ning, Twitter, Tumblr, FriendFeed estão a tornar os simples "posts" e comentários aos "posts" algo sobremaneira estático, pouco dinâmico, num contexto comunicacional frenético, não poucas vezes compulsivo, sempre online, ao segundo e de preferência em 140 caracteres (um dia destes ainda descobrimos os adolescentes de regresso ao código morse, enviando traços e pontos de satisfação ou raiva uns aos outros...).

Stowe Boyd, um dos bloguistas mais respeitados em São Francisco e Silicon Valley: «As conversas estão a mudar de uma forma estática e lenta - os comentários às entradas de blogues - para uma forma mais dinâmica e rápida no fluxo de Twitter, Friendfeed e outros.»

Jonathan Schwartz, da Sun Microsystems, mais directo: «Chegará o momento em que a palavra blogar se torne anacrónica.»

Vamos estando atentos.


A ler:
Demasiados monólogos en los 'microblogs'
La fijación de menores con Internet desconcierta a padres y educadores

18.4.08

Teste multimédia com o VuVox

No Travessias, o meu outro blogue, produzi um pequeno ensaio fotográfico interactivo, com áudio, recorrendo ao VuVox, o mesmo site que os fotojornalistas do San Jose Mercury News usam para produção jornalística multimédia, como esta: Were We Live.

13.4.08

Uma batalha de sacos multimédia

Há não muito tempo, tivemos uma discussão no país por causa dos malefícios da utilização de sacos de plástico, sobretudo os que trazemos dos hipermercados, e o seu impacto ambiental.

Como pegar num tema destes em formato multimédia adaptado à Web e produzir uma narrativa envolvente? O msnbc.com, site noticioso de referência em matéria de reportagem multimédia, dá uma cabal resposta com esta Battle of the Bags. Plástico ou papel?


(dica de Intermezzo)


Outras reportagens multimédia recomendadas pelo Travessias Digitais:

Rising from Ruin (msnbc.com)
Inside the Surge (Chicago Tribune)
OnBeing (Washington Post)
Liberians in Minnesota (Star Tribune)



7.4.08

As novas direcções do vídeo

O vídeo a 360º, raramente usado no ciberjornalismo, tem enormes potencialidades narrativas. Isso mesmo comprovou o msnbc.com na reportagem multimédia (premiada) que produziu aquando do furacão Katrina.

Alguns (poucos) autores, como John Pavlik, defendem, há muito, o recurso a este tipo de imagens como forma de envolver, ou imergir, o leitor nas estórias. Mas esta, como muitas outras, tem sido uma promessa adiada.

Agora, começam a surgir empresas especializadas neste tipo de trabalhos, filmados com uma câmara parecida com a da fotografia acima, e que, quem sabe, poderão vir a fornecer empresas jornalísticas. É o caso da Immersive Media, que tem já um conjunto interessante de vídeos a 360º para demonstrar. Como este (basta iniciar o vídeo, clicar no ecrã com o rato e orientar a imagem em qualquer direcção):



A ver e ler:
360° Video with Papervision3D
Immersive Media's current GeoImmersive routes
MSNBC.com: multimédia a sério
Ciberjornalismo e narrativa hipermédia


(dica de eCuaderno)

5.4.08

Dia de aniversário

Sítios como o bloganiversario.wordpress.com vêm mesmo a calhar para blogues aniversariantes com pouca queda para datas festivas: o Travessias Digitais faz hoje três anos...

3.4.08

Ciberjornalismo incerto

O Ciberp@ís destaca hoje algumas, breves, conclusões de um encontro à porta fechada, no âmbito do recente Congresso de Periodismo Digital, em Espanha, entre directores de diversos meios online de primeira linha.

O documento resultante da reunião, em que se discutiu o futuro do jornalismo na Internet, novos modelos e integração de redacções, aponta num sentido: incerteza.

Ficou patente a desorientação que impera quanto à integração de redacções de papel e Web, bem como quanto a novos formatos e formas de rentabilizar as edições online (um calcanhar de Aquiles clássico no ciberjornalismo). Ficou claro que «há mais intuições que certezas, mais tentativas que acertos.»


A ler:
La incertidumbre domina el debate en el Congreso de Periodismo Digital

Ciberjornal universitário em PDF

O JPN, ciberjornal produzido por alunos do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, acaba de lançar o JPNA4, uma versão em formato PDF.

Com periodicidade semanal, o JPNA4 apresenta uma selecção de trabalhos publicados originalmente no JPN. «Foi concebido para ser impresso e facilmente transportável, mas também pode ser lido no computador ou num PDA.»

31.3.08

Multimédia em grande na Web

A reportagem multimédia, uma das áreas mais interessantes e exigentes do ciberjornalismo, soma e segue em paragens (sobretudo, EUA) onde se aposta a sério neste tipo de trabalhos.

Recentemente, a National Press Photographers Association premiou, na categoria de melhor "pacote multimédia", três reportagens que vale mesmo a pena explorar:


Apesar de os prémios serem de «fotojornalistas para fotojornalistas», há neste trabalhos, a par das excelentes fotos, áudio e vídeo, infografia, interactividade. Não haja confusão: reportagens destas só são possíveis no ambiente hipermédia da Web.

Embora bem mais simples, outros projectos multimédia recentes merecem ser vistos. É o caso de The Last Word: Dith Pran. O New York Times produziu vídeo, fotografia e áudio sobre o este fotojornalista cambojano, que testemunhou o horror ditatorial de Pol Pot, no Camboja dos anos 70.

Pran morreu ontem. A sua história foi contada num filme (marcante, fica-nos na retina por muito tempo) de Roland Joffé, Terra Sangrenta (The Killing Fields), de 1984:

22.3.08

Assim é o novo Mundo

O diário espanhol El Mundo mudou para um novo edifício e reforçou a aposta na convergência, uma tendência cada vez mais imparável.

As redacções tradicional e digital partilham agora o mesmo espaço, dividido também por outras duas publicações do grupo Unidad Editorial, Marca e Expansión. No total, são 900 jornalistas distribuídos por 18 mil metros quadrados.

O jornal preparou um trabalho especial sobre estas mudanças. Inclui fotos, vídeos, gráficos e, claro, infografia digital, área em que El Mundo se tem destacado. Assim é o novo Mundo.

21.3.08

"Novo" Correio da Manhã desilude

O "novo" Correio da Manhã na Web tem um novo desenho, ligeiramente mais agradável que o anterior, mas não convence. No essencial, o jornal não alterou quase nada.

A anunciada aposta no vídeo ainda está por ver, a não ser que nos queiram dizer que pespegar vídeos do YouTube no final de uma ou outra notícia seja "apostar" no vídeo. A arquitectura da versão online do diário também parece ser pouco propícia a dinâmicas de convergência, mas aqui teremos de dar o benefício da dúvida.

Além disso, verifica-se que subsistem problemas muito básicos por resolver. Por exemplo, as notícias, despejadas automaticamente do papel para a Web (shovelware), nem sequer são separadas por espaços. Talvez devido à mudança recente, há muitos links "mortos". E lá aparece ainda a reprodução da primeira página do Correio da Manhã dos quiosques, opção que já teve o seu tempo.

Há dias, aplaudi o anúncio das novidades que o jornal prometia e que passavam pela introdução de uma área de vídeos e um fórum de discussão diária, de modo a promover mais a «interactividade junto dos leitores», mas já suspeitava de que, sem reforço da pequena equipa online do CM, seria difícil ver resultados credíveis e sustentáveis.

Esperemos que, com o tempo, o Correio da Manhã prove que não pariu um rato online na passagem do seu 29º aniversário.


A ler:
Correio da Manhã a caminho da convergência

19.3.08

Palmas e Bordoadas: Sábado e Independent














Duas provas, animadoras, de que o jornalismo não está condenado a primeiras páginas e a capas monótonas, acomodadas, amorfas, acéfalas, frívolas ou amestradas por obtusos media moguls: a primeira página do The Independent, onde se destaca um texto de Robert Fisk sobre os cinco anos da invasão do Iraque («as lições que nunca aprendemos com a história»), e a capa da revista Sábado, sobre «Os negócios milionários da igreja em Portugal».

aqui critiquei a deriva das nossas revistas noticiosas para a frivolidade. Mas hoje é dia para aplaudir.

16.3.08

Média ganham norte

Não serei aqui o juiz mais isento, uma vez que se trata de trabalho produzido por alunos que conheço de perto, mas acho que vale mesmo a pena espreitar as peças que fizeram no JPN (ciberjornal do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto) sobre mudanças nos média a norte do país: nascimento da RNTV, reforço no Rádio Clube Português, o desafio dos gratuitos:

Media: Mudanças a Norte


15.3.08

Correio da Manhã a caminho da convergência

Na próxima quarta-feira, data em que assinala o 29º aniversário, o Correio da Manhã estreia um novo visual, com uma «nova hierarquização de assuntos». Será também introduzida uma área de vídeos e um fórum de discussão diária, de modo a promover mais a «interactividade junto dos leitores».

Estas mudanças são de aplaudir, uma vez que, quer ao nível de vídeo, quer em termos de interactividade, a generalidade dos media online noticiosos portugueses é muito fraca. Veremos se há um reforço da equipa online, actualmente composta por apenas quatro jornalistas, que permita levar a bom porto esta aposta. É que, por exemplo, a produção própria de Web-vídeo não é compatível com equipas tão pequenas.

O diário da Cofina parece também decidido a acompanhar os ventos que sopram a favor da convergência: «toda a redacção vai passar a estar envolvida na produção noticiosa para a plataforma online, que terá actualizações constantes durante o dia.» (Meios & Publicidade). Cá estaremos para ver os resultados.

2.3.08

Entrevista em O Lago II

No blogue O Lago, entrevista (versão completa) que concedi a Alexandre Gamela.

Sobre o défice crítico em relação à Internet

Mesmo antes de se passar à leitura da sua argumentação, Lee Siegel, autor do livro, a contracorrente, Against the Machine, tem razão na formulação a priori: faltam ideias que escapem ao "pensamento único" sobre a Internet.

A discussão fica para mais tarde. Para já, algumas frases da entrevista, publicada no último suplemento Digital, do Público, e cuja leitura é obrigatória:

«Todos sabemos como a Internet é óptima, mas ninguém quer falar sobre o seu lado negro. Ninguém fala sobre a Internet no contexto da cultura e da sociedade.»

«Os sites dos jornais têm todos listas das notícias mais enviadas por email, as mais populares, as mais "blogadas"... mas as notícias mais importantes não são necessariamente as mais populares (...). Agora, a pressão dos leitores está a dar cabo do discernimento dos editores sobre o que é popular e o que é importante.»

«É preciso que os jornais contratem gente para fazer crítica da Internet. É preciso estigmatizar alguns comportamentos nocivos, como o anonimato malicioso. É preciso que as pessoas falem disto.»

É preciso, sim senhor.

28.2.08

23.2.08

Tecnodependências

Convém, sempre, estarmos atentos (e vigilantes, se for caso disso) ao que as tecnologias vão provocando e mudando nos comportamentos, pois não há nada mais nocivo que uma utilização distraída ou acéfala das mesmas:

«Uma investigadora britânica desenvolveu um estudo relacionado com as consequências que a dependência de alguns dispositivos cria nos utilizadores. Nada Kakabadse alerta para o facto de aparelhos como os smartphones estarem a «controlar» cada vez mais os utilizadores» (Sol).

21.2.08

Aproximações ao jornalismo digital

Acaba de ser lançado em Espanha um livro do maior interesse para quem se interessa pelo estudo do ciberjornalismo (e todos nós sabemos que livros sobre este tema não são publicados propriamente todas as semanas).

Vários dos autores que contribuem com os seus textos para Aproximaciones al periodismo digital contam-se entre os principais investigadores espanhóis nesta área, como Xosé López, Marita Otero, Xosé Pereira, Manuel Gago ou Koldobika Meso Ayerdi.



11.2.08

Máquinas passivas

«O impacto verdadeiramente inquietante dos novos media não reside tanto no facto de as máquinas nos arrancarem a parte activa do nosso ser, mas, precisamente, e de forma oposta, no facto de as máquinas digitais nos privarem da dimensão passiva da nossa vivência: elas são passivas "por nós"».

Slavoj Žižek, A Subjectividade por Vir

3.2.08

Sobre este ofício do jornalismo

A julgar pela pré-publicação que o Público faz hoje, Os Cínicos não Servem para Este Ofício, do escritor e jornalista polaco Ryszard Kapuscinski, é um livro indispensável a jornalistas, académicos e estudantes de jornalismo.

O livro é baseado em entrevistas e conversas sobre a profissão de jornalista e o mundo dos meios de comunicação. Em Kapuscinski, reencontramos uma certa essência do jornalismo, numa era marcada por mutações aceleradas na profissão e, sejamos claros, pela perda de algum norte. Algumas passagens a reter:

«O jornalismo está a atravessar uma grande revolução electrónica. As novas tecnologias facilitam enormemente o nosso trabalho, mas não o substituem. Todos os problemas da nossa profissão, as nossas qualidades, a nossa manualidade, permanecem inalterados. Qualquer descoberta ou melhoramento técnico pode certamente ajudar-nos, mas não pode substituir o nosso trabalho, a nossa dedicação ao mesmo, o nosso estudo, a nossa investigação e pesquisa.»

«No jornalismo, ao invés, a actualização e o estudo constantes são a conditio sine qua non. O nosso trabalho consiste em indagar e em descrever o mundo contemporâneo que está em permanente, profunda, dinâmica e revolucionária transformação. De um dia para o outro, temos de acompanhar tudo isto e ser capazes de prever o futuro. Por isso, é necessário aprender e estudar constantemente.»

«Encontram-se muitos jovens jornalistas cheios de frustrações por trabalharem muito em troca de um salário tão baixo, depois perdem o emprego e, se calhar, não conseguem encontrar outro. Tudo isto faz parte da nossa profissão. Por isso sejam pacientes e trabalhem. Os nossos leitores, ouvintes e telespectadores são pessoas muito justas que rapidamente reconhecem a qualidade do nosso trabalho e, com igual rapidez, começam a associá-lo ao nosso nome; sabem que esse jornalista lhes dará um bom produto. É a partir dessa altura que nos tornamos jornalistas estáveis. Não será o nosso director a decidi-lo, mas sim os leitores. Contudo, para chegar até aqui são necessárias as qualidades de que falei no início: espírito de sacrifício e estudo contínuo.»

31.1.08

Diário Económico converge

O Diário Económico prepara-se para, nos próximos meses, apostar na convergência. As redacções online e tradicional serão fundidas e todos os jornalistas contribuirão para a edição do jornal na Web.

A aposta, explicou o director, André Macedo, à Meios & Publicidade, é «permitir ao jornal reflectir na internet a grande equipa de jornalistas que tem, a capacidade em conseguir notícias.»

O DE segue, assim, o caminho que outros média nacionais já percorrem há algum tempo, como é o caso, por exemplo, do Expresso e da SIC.


A ler:
Diário Económico lança novas secções e reformula online
Convergência multimédia na SIC
O Diário Económico no Travessias Digitais

25.1.08

A estrear proximamente num jornal perto de si

Na Online Journalism Review, Jena Yung faz a pergunta: estão os jornais tradicionais prontos para aprender alguma coisa com Hollywood? Alguns já aprenderam.

Depois de estrearem certas reportagens nos seus sites, o Dallas Morning News e o St. Petersburg Times produziram trailers, semelhantes aos do cinema, e colocaram-nos no YouTube. O objectivo é simples: atrair leitores para os trabalhos jornalísticos.

A segunda pergunta de Yung: no futuro, iremos ao YouTube para saber o que vai estrear proximamente num jornal.com perto de nós?


A ler:
Newspapers use YouTube video previews to attract readers

21.1.08

Reuters impulsiona vídeo no ciberjornalismo


O passo que a Reuters está prestes a dar pode muito bem criar condições para a expansão do vídeo em publicações noticiosas na Web, tendência que tem vindo a consolidar-se nos últimos tempos.

A agência de informação britânica prepara-se para disponibilizar 13 mil vídeos, com 125 a serem adicionados diariamente, a empresas jornalísticas, que pagarão o material consoante o tráfego gerado.

É sabido que a produção de vídeo noticioso de qualidade na Web não fica barata às empresas (os jornais têm aqui, naturalmente, dificuldades acrescidas), que, no entanto, começam a perceber as vantagens comerciais que podem advir da aposta nesta modalidade. Daí que, como nota Andy Plesser, obter, atempadamente, material de qualidade possa significar um grande desenvolvimento para as empresas, que podem comercializar anúncios à volta dos vídeos.

A Reuters, recorde-se, já permite o embebimento gratuito de vídeos a partir do seu próprio site.

15.1.08

Do "web vídeo" para a televisão

É curioso ver como os ciberjornais começam a deixar de falar em "Web vídeo" e, sem complexos, adoptam "Web TV". Os jornais estão a entrar no mundo da televisão. Caso mais recente: o Daily Telegraph vai estrear sete "programas de TV" no seu site.

Mas, se formos ao Expresso online, já temos o Expresso TV. No ELPAÍS.com, o ELPAÍSTV. No Telegraph, o Telegraph TV. A palavra "TV", em vez de "vídeo", faz aqui toda a diferença, também em termos semânticos.

Nos casos do Telegraph e do ELPAÍS, que, note-se, estão ainda longe de constituir a maioria, o visionamento online assemelha-se à experiência de assistir a um telejornal: as peças em vídeo disponíveis sucedem-se. A diferença é que não há (por enquanto...) um pivot para fazer as ligações.

Se a moda pega, para quê ligar a TV?

12.1.08

MSNBC.com liberta vídeos


Todos os vídeos do MSNBC.com podem agora ser mostrados em qualquer sítio ou blogue. Basta copiar o código, como se faz no YouTube. É a primeira vez que, nos EUA, uma cadeia nacional de televisão disponibiliza clips que toda a gente pode mostrar nas suas páginas próprias. O salto, muito significativo, é acompanhado da estreia de um novo (e bastante convincente, diga-se de passagem) player de vídeo. A forma como o msnbc.com dispõe o menu dos vídeos é igualmente eficaz.

O msnbc.com junta-se assim a um grupo ainda restrito de ciberjornais que permite o embebimento da sua produção em vídeo. Tudo leva a crer que esta tendência se aprofunde no decorrer de 2008.


6.1.08

Castells: "o poder tem medo da Internet"

«Porque Internet es un instrumento de libertad y de autonomía, cuando el poder siempre ha estado basado en el control de las personas, mediante el de información y comunicación. Pero esto se acaba. Porque Internet no se puede controlar.

Manuel Castells, em entrevista a El País