30.5.05

Ciberjornalismo: peças de baú

Agora que o ciberjornalismo ou jornalismo digital português se prepara para assinalar a sua primeira década, lembrei-me de dar uma espreitadela no baú de alguns textos que escrevi, então no Jornal de Notícias, nesses tempos idos de pioneirismo, experimentação, excitação e, aqui e ali, de desilusão. Quando tudo era novo e incerto e a curiosidade enorme...

Os jornais do futuro na rota de Barcelona (1995)

Os herdeiros do videotexto (1995)

Jornalistas portugueses apostam na Net (1996)

TSF: a rádio em directo na rede (1996)

Cornetas perdidas no meio da orquestra? (1996)

Os novos jornalistas (1996)

Jornais digitais em contagem crescente (1996)

El País Digital à maneira de uma agência de notícias (1996)

Mindy McAdams: Jornais electrónicos devem ser rápidos e breves (1996)


Na minha "velhinha" homepage, há ainda mais passado sobre esta história...

27.5.05

Deus no ar

A parte lúcida do povo da América tem mais uma razão para ficar preocupada com o rumo da nação: a ascenção dos media dos cristãos evangélicos (corrente em que Bush se filia), onde a fé se mistura com as notícias.

A Columbia Journalism Review resume assim o fenómeno: «Deus está no ar». Por satélite, por cabo, pelo éter, Deus chega a milhões de lares dos EUA pela mão dos evangélicos, que estão a construir um vasto universo mediático, incluindo música, filmes, sitcoms, reality TV e programas noticiosos sobre assuntos públicos, «uma potente mistura de Deus, notícias e política de direita». Tudo isto, frisa a CJR, regado com uma visão conservadora do mundo.

25.5.05

Jornalismo em debate

Rogério Santos, no blogue Indústrias Culturais, escreve hoje algumas (e oportunas) notas resultantes da sua participação nas jornadas de reflexão sobre o ensino e a investigação do jornalismo e das ciências da comunicação em Portugal que decorreram, ontem, nas instalações da licenciatura em jornalismo e ciências da comunicação da Universidade do Porto.

20.5.05

Fora de prazo

Um aluno, atento, chama a atenção para o facto de o inquérito online do DN ainda estar a perguntar aos leitores, sim ou não: «Bento XVI é o sucessor ideal de João Paulo II?»

15.5.05

Dez anos de jornalismo na Web

É oportuníssima a iniciativa do Centro de Estudos de Comunicação e Sociedade da Universidade do Minho: as jornadas sobre "Dez anos de Jornalismo Digital em Portugal: O Estado da Arte e Cenários Futuros", a decorrer nos próximos dias 2 e 3.

Quase uma década depois de o primeiro diário generalista português ter começado a publicar regularmente notícias na sua versão online, é uma excelente altura para se fazer o balanço. Quanto mais não seja para se procurar perceber melhor os porquês de estar quase tudo por fazer no que ao ciberjornalismo nacional diz respeito...

7.5.05

Imprensa: a crise dos quatrocentos

Os bons velhos jornais de papel estão a atravessar aquilo a que poderíamos chamar a crise dos quatrocentos anos. Em países como os Estados Unidos, a queda nas vendas tem sido constante nas duas últimas décadas. Em vários outros países verificam-se tendências semelhantes. Portugal é uma excepção: tem índices de leitura extraordinariamente baixos e as oscilações nas vendas não têm sido muito significativas.

O que chama a particular atenção na notícia "Jornais caem nos EUA", que o Expresso publica hoje, é a reacção do magnata dos media Rupert Murdoch. Ele diz que os jornais têm de se adaptar às novas realidades, ao mesmo tempo que acusa os jornalistas de não encararem este problema de frente. Os reparos, em si, são pertinentes. Resta saber é o que escondem em termos de passagem à acção de um homem que conhecido por transformar alguns dos seus jornais e televisões em instrumentos de influência política, normalmente a favor de conservadores, com Bush à cabeça. Vide a Fox News... Talvez por isso prefira falar em "indústria de informação" (uma provocação de um comerciante, evidentemente...) em vez de imprensa.

Por outro lado, e aqui, sim, acerta tarde mas em cheio, Murdoch defende a dinamização do sites dos jornais, «ultrapassando o mero espelho das edições impressas, com notícias mais viradas para os leitores, comentários que os tornem quase "blogs" e aproveitando melhor as possibilidades de imagem e som». Nada que não tenha sido defendido nos últimos dez anos por quem acompanha de perto o ciberjornalismo. Mas, enfim, nunca é tarde para começar a trabalhar a sério.

Disto resulta que no mundo dos jornais começa a ganhar consistência a percepção, por parte do topo da hierarquia de grandes grupos de comunicação, de que é na Internet que está uma das respostas mais sérias para o futuro da imprensa tradicional. Mas o que se torna necessário que compreendam é que muita coisa terá que mudar para que os velhos jornais não pareçam mesmo "velhos" no ciberespaço. Será necessário reforçar o volume de investimentos em meios técnicos e humanos, adaptar os conteúdos aos formatos e linguagens da Web, hipertextualizar as narrativas jornalísticas, formar ciberjornalistas, alargar espaços de participação dos leitores, e, acima de tudo, estar permanentemente aberto às mudanças em curso.

Se tudo se mantiver como até agora, com um abismo a separar os grandes discursos sobre a era digital da concretização de projectos jornalísticos online como deve ser, a imprensa pode, de facto, vir a viver dias muito difíceis nas próximas décadas.


Memória: há 400 anos, em Anvers...