30.1.06

Longevidade dos media

À atenção das empresas jornalísticas:

«A maior ameaça à longevidade dos media estabelecidos pode não ser um futuro que já chegou - poderá ser a sua inabilidade para fazer alguma coisa em relação a isso. Inércia burocrática, estrutura organizacional hierárquica e uma mentalidade de herança impediram muitas empresas jornalísticas de desenvolverem uma estratégia significativa nesta dinâmica era da informação.»

«Um pouco por todo o lado, os cidadãos juntam-se através da Internet de formas sem precedentes para defenirem a agenda das notícias, para se informarem uns aos outros sobre assuntos hiper-locais e globais e para criarem novos serviços numa sociedade sempre conectada. A audiência é agora uma activa e importante participante na criação e disseminação de notícias e informação, com ou sem a ajuda dos media jornalísticos mainstream

Shayne Bowman e Chris Willis, The Future Is Here, But Do News Media Companies See It?, Nieman Reports, Winter 2005

13.1.06

Jornais generalistas à frente

O Público.pt ocupa, merecidamente, o topo das preferências dos cibernautas portugueses que lêem jornais na Web. Em contrapartida, o JN, pioneiro nestas andanças online, surge apenas em quinto lugar, atrás do Correio da Manhã e do DN.

Dados da Marktest, divulgados hoje pelo DN, indicam ainda que «os sites dos jornais generalistas com edições impressas estão no topo das preferências dos cibernautas portugueses. Em segundo lugar, surgem os sites noticiosos exclusivamente online e, em terceiro, os sites dos jornais desportivos.»

Aqui, quem mais teria que dar à perna seriam os jornais exclusivamente online, como o Diário Digital e o Portugal Diário. Mas ambos parecem parados há muito.


A ler
:
'Sites' de jornais generalistas lideram

12.1.06

TSF: do volante para o teclado

Saúde-se o arranque do podcasting na TSF. Um sinal claro de tentativa de adaptação aos novos tempos tecnológicos, que correm de feição à metamorfose dos media. Talvez o futuro da rádio, e não só, dependa mesmo desta capacidade de adaptação permanente aos paradigmas do mundo online.

Através do iTunes, já pude subscrever e ouvir, por exemplo, os Sinais, de Fernando Alves, e uma crónica de Mel com Fel. E a coisa resulta.

Ouvir rádio é cada vez menos uma tarefa de relação próxima, directa, com o receptor que temos ao alcance da mão no automóvel ou no escritório. O computador online trata de tornar assíncrona e à la carte a experiência. É uma espécie de adaptação do conceito de Daily Me, de Negroponte, ao medium rádio. Mas nem por isso deixamos de estar a ouvir rádio. Os Sinais sabem sempre a rádio, seja ao volante ou ao teclado.

10.1.06

'Movida' nos jornais

Os jornais portugueses estão em queda, mas 2006 arranca sob o signo do empreendedorismo. O ex-director do Expresso quer fundar um novo semanário. Alberto Rosário tenciona comprar o moribundo Independente. O Comércio do Porto e A Capital podem vir a renascer pela mão de um empresário.

Tudo isto é óptimo e de aplaudir. Mas há questões a colocar desde logo. Por exemplo: o que move esta gente?

Dinheiro? Há negócios muito mais lucrativos. Prestígio? Há melhores meios de o ganhar. O empenhamento na nobre função de informar o melhor possível os cidadãos? Pouco crível.

Influência? Peso negocial em certos sectores? Uma aparente sensação de presidir a um quarto poder? Talvez seja mais isso. Ou não?

3.1.06

Votos impressos para 2006

Em 2006, gostava que os jornais portugueses que leio (Público, DN e Expresso à cabeça) fizessem mais jornalismo de investigação (já ouço as gargalhadas do pessoal nas redacções...); contextualizassem melhor os assuntos; me chapassem muito menos com o telejornal da noite anterior nas páginas; mandassem a agenda das conferências de imprensa e dos bitaites dos políticos de serviço às malvas; mandassem alguns colunistas profundamente chatos, nuns casos, e altamente duvidosos, noutros casos, dar uma volta ao bilhar grande do 24 Horas; apostassem, a sério, na reportagem fotográfica e na infografia; abandonassem de vez as tentações fashion, people e de humor de pechisbeque, do tipo que o Expresso faz na sua Revista; abrissem as páginas a novas áreas temáticas.

Enfim, já sei, são votos de um simples leitor. Do outro lado, isso exigiria bons "patrões", bons directores, bons editores, bons repórteres... E, do lado de cá, bons leitores, claro.

Mas esse país assim ainda está por inventar.

2.1.06

Ciberjornalistas ao telefone

Qual é o instrumento de trabalho mais importante de um ciberjornalista português? O computador? Errado. É o telefone.

Como explicava, recente e realisticamente, o director do Portugal Diário, «o instrumento de trabalho mais importante é o telefone, pois não há capacidade financeira para fazer reportagens.»