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9.9.08

Mais um leitor electrónico de jornais

Já não é sem uma ponta de cepticismo que leio as notícias que dão conta do lançamento de mais um leitor electrónico de livros e jornais. Depois do Kindle, da Amazon, e do Sony Reader, agora é uma empresa de Silicon Valley, a Plastic Logic, a prometer a comercialização do seu e-book sem fios no próximo ano.

O caso dos leitores electrónicos parece mais um daqueles em que as empresas querem ir muito mais depressa que os hábitos das pessoas no que toca aos suportes da leitura de livros e de jornais. Faz lembrar o que se tem passado nos formatos de áudio: há anos que se tenta impor ao mercado o formato de alta definição SACD como substituto do velho CD, mas as prateleiras da FNAC e quejandos continuam é cheias dos "velhinhos" discos prateados, que, por sua vez, estão sob a séria ameaça do som fajuto dos MP3.

A propósito, dei comigo a reler o primeiro texto que escrevi sobre leitores electrónicos de jornais. Na altura, falava-se em "flat panels". Foi há doze anos, no Jornal de Notícias. Título: Dois jornais para o próximo milénio.


A ler:
Lecteur électronique de journaux
Um Kindle para ler

Travessias na memória:
A tinta que não pinta
O livro do desassossego

2.3.08

Entrevista em O Lago II

No blogue O Lago, entrevista (versão completa) que concedi a Alexandre Gamela.

28.2.08

23.2.08

Tecnodependências

Convém, sempre, estarmos atentos (e vigilantes, se for caso disso) ao que as tecnologias vão provocando e mudando nos comportamentos, pois não há nada mais nocivo que uma utilização distraída ou acéfala das mesmas:

«Uma investigadora britânica desenvolveu um estudo relacionado com as consequências que a dependência de alguns dispositivos cria nos utilizadores. Nada Kakabadse alerta para o facto de aparelhos como os smartphones estarem a «controlar» cada vez mais os utilizadores» (Sol).

21.8.06

Notícias, salsichas e computadores

Sejamos francos: para boa parte dos patrões dos media, a verdadeira diferença entre uma grande notícia e uma boa salsicha é meramente residual. Por isso, para eles, esta será uma grande e promissora notícia:

«Primeiro foi a máquina de escrever, depois o fax, agora o serviço de noticioso dos Estados Unidos da América (EUA) encontrou uma maneira substituir os jornalistas nas redacções e está já a utilizar computadores que escrevem algumas das suas notícias.

A Reuters e a Bloomberg, líderes mundiais de informação, são os principais alvos da Thomson, que desde Março deste ano têm vários computadores a redigirem artigos de diferentes temas editoriais de forma satisfatória. Um resultado que faz antever a expansão desta prática. Os computadores trabalham de forma tão rápida que em apenas três segundos concluem o artigo que têm “em mãos”, permitindo à empresa ter uma eficácia puramente excepcional.» (Diário Económico)

12.12.05

A vida depois da televisão

A notícia da última página do Público de hoje, que dá conta da intenção da Intel de usar uma nova tecnologia que permite fundir a televisão com o computador, trouxe à memória as "velhas" profecias de George Gilder sobre o fim da televisão e sua substituição pelo "teleputador" (teleputer).

Lembro-me de um documentário televisivo em que Gilder, um veterano das novas tecnologias, aparecia a carregar o seu televisor num carro de mão para depositá-lo no lixo. «Cá em casa já não há espaço para a TV», explicava o autor do provocativo Life After Television, obra em que se lê frases como: «a televisão é uma ferramenta de tiranos».

Quem acompanha o andamento das novas tecnologias há muito que perdeu as dúvidas de que o casamento total entre a TV e o computador era (é) apenas uma questão de tempo. As próprias designações "televisão" e "computador" poderão ser palavras anacrónicas para as gerações que se seguem.

Esta é, sem dúvida, uma boa ocasião para ler, ou reler, Life After Television.


Memória
A televisão na idade da reforma

9.11.05

Internet e mercado

«Apesar de as novas tecnologias terem grande potencial para a comunicação democrática, há poucas razões para esperar que a Internet sirva fins democráticos uma vez entregue ao mercado.»

Edward Herman

13.9.05

De leituras: a Internet e os homens arcaicos

Um dos traços mais preocupantes no que à evolução das novas tecnologias diz respeito é a forma acrítica com que elas são incorporadas pelas pessoas no seu dia-a-dia. Se é novo, se é prático, se é bem, se é barato... é bom. Use-se e abuse-se. O telemóvel é um bom e recente exemplo de como se pode passar, num ápice, da utilidade à febrilidade.

O turbilhão de novidades e gadgets associados ao emergir das tecnologias não deixa, em geral, grande espaço para reflexões críticas. Neil Postman demonstra-o, de forma cabal, no seu brilhante Tecnopolia. Torna-se, portanto, importante alertar para a necessidade de estarmos sempre atentos ao que dizem os "velhos do restelo".

Alain Finkielkraut e Paul Soriano são dois nomes que, para muitos, caberão naquela categoria. Ao primeiro, escritor e professor de filosofia em França, costumam os adversários chamar neo-reaccionário. O segundo dirige um instituto de prospectiva, virado para as questões da sociedade em rede.

As suas opiniões sobre a Internet estão reunidas no livro Internet, o Êxtase Inquietante, publicado por cá em 2002. Para tecnófilos militantes, esta obra será um amontoado de provocações. Para quem acreditar que da diversidade de opiniões nasce o interesse, é de ler.

Finkielkraut olha de lado para a revolução digital. E diz continuar desligado das "forças vivas", «mantendo as novas máquinas à distância, barricando-me de certa maneira no que ficou para trás, agarro-me à minha caneta, à minha papelada, e aos meus amigos queridos, os livros». Abomina o ecrã. Zurze quem acredita que a Internet na sala de aula "produz" melhores alunos. Teme o fim da privacidade e da intimidade, a vigilância omnipresente. Um resistente, portanto, ao «democrático total da técnica desenfreada». Como resistir a provocações deste calibre?

E explana assim: «A Internet é o perigo que corre a liberdade quando se pode conservar o traço seja do que for, mas é também o perigo que fazemos correr aos outros e a nós próprios quando gozamos de uma liberdade sem limites.»

E pergunta ainda o seguinte, de uma forma pertinente e de grande fôlego: «Apresentam-nos a Internet como um magnífico instrumento de informação e de comunicação, mas para quê tanta informação, tanta comunicação? E o lugar para o resto - para tudo o que na nossa vida não depende nem da informação nem da comunicação? Que lugar fica para a contemplação? Que lugar para a admiração? Que lugar para a ruminação? Que lugar para a solidão?»

Quem não gostar destas inquietações existenciais de Finkielkraut pode sempre responder, em tom pragmático, com aquela frase de uma canção dos U2: «You miss to much these days if you stop to think».

Soriano, por seu lado, preocupa-se com a invasão das "próteses técnicas" no meio ambiente humano, colocando-nos sempre disponíves, sempre acessíveis na rede, cujo tempo é «um eterno presente que é uma presença permanente». A rede, funcionando em registo de interrupção frenética, «aniquila os grandes momentos que estruturam a vida dos homens arcaicos».

Leia-se, ainda: «As próteses técnicas com que nos equipamos febrilmente (a começar pelo telemóvel) assemelham-se sob este aspecto às pulseiras electrónicas dos presos no meio da cidade.»

Em dois pequenos textos, Finkielkraut e Soriano levantam questões e colocam problemas que dão para uma boa discussão sobre as novas tecnologias, quase sempre alvo de adoração, poucas vezes objecto de discussão. A sério.

19.7.05

A 'videoblogosfera'

A onda dos videoblogues começa a ganhar dimensão e parece ter um potencial altamente promissor. O conceito do vlogue é muito simples: em vez de posts de texto, o videobloguista exibe excertos de vídeo.

Na revista Wired (dica do Ponto Media), pode ler-se um trabalho de Katie Dean sobre a emergência desta web trend, em que já se experimenta um pouco de tudo: o vereador de Boston que, no seu vlogue, responde a perguntas dos eleitores; um fulano que mostra como estrelar ovos num passeio escaldante; outro que conta histórias da sua terra natal; um outro que mostra o seu "show" noticioso diário; e há ainda o Clint Sharp, que exibe um programa semanal sobre tecnologia.

Na videoblogosfera (chamemos-lhe provisoriamente assim), tal como na blogosfera, vê-se muita criação individual que jamais passaria nos media audiovisuais tradicionais. Os vlogues, diz um analista citado na artigo da Wired, transformar-se-ão num complemento ao broadcasting tradicional.

Tendo em conta a experiência criativa e proveitosa dos blogues, não será difícil antever a explosão imaginativa que se adivinha à medida que a videoblogosfera se for expandindo e diversificando. O aperfeiçoamento do hardware e do software necessários aos vlogues tratarão, certamente, de facilitar a afirmação de novos talentos nesta área. Tal como aconteceu com os diários pessoais de papel, os vídeos caseiros passarão a ter um outro alcance, uma outra formatação, com a passagem para a Web.

A narrativa audiovisual, de muitas maneira balizada, por exemplo, nos canais de TV (que são media simultaneamente controlados e controláveis), ver-se-á liberta de quase todas as grilhetas. Os posts de vídeo serão o que os vloguistas quiserem, da forma que bem entenderem. Para o bem e para o mal, como nos ensina a história da Internet.