30.12.10

"O que vamos ensinar aos nossos alunos?"

David Klattel, professor da Escola de Pós-graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, escreveu um artigo indispensável sobre o futuro do ensino do jornalismo. O texto, intitulado "O que vamos ensinar aos nossos alunos?", pode ser lido no sítio do Observatório da Imprensa (Brasil).

Klattel levanta questões muito pertinentes e discorre sobre a relação, nem sempre fácil, entre as universidades e as escolas de jornalismo:

«Assim, se muitas universidades, especialmente fora dos Estados Unidos, desconfiam do ensino de jornalismo, e se jornalistas ativos, poucos dos quais passaram por uma escola de jornalismo, são abertamente hostis à ideia de jovens com educação universitária disputarem seus trabalhos, por que tantas escolas estão surgindo?»

Na resposta, Klattel defende que muitos cursos universitários erram o alvo, oferecendo
programas que «possuem a palavra "jornalismo" em seus títulos, mas o que realmente estão oferecendo é um programa teórico de estudos de comunicação em massa, caracterizado por cursos relacionados à mídia como Retórica, História da Comunicação e Comunicação Pública, ou programas pré-profissionais em propaganda, relações públicas ou comunicação governamental (cada um desses é incidentemente um adversário do jornalismo no mundo real.»

No final, uma nota, acertada, sobre o futuro do ensino e o cruzamento do jornalismo com a democracia:

«O grande desafio é se as escolas de jornalismo conseguirão ganhar o respeito do público por produzirem uma geração de repórteres e editores que sejam mais bem preparados, mais reflexivos e mais adaptáveis do que seus antecessores. Se o público não compreender os benefícios tangíveis de informações de maior qualidade, se o produto final da educação de jornalismo for qualquer coisa que não uma democracia melhor, então nossos esforços terão sido em vão.»

A ler:
O que vamos ensinar aos nossos alunos?

13.12.10

Jornalistas de rádio e a Internet

Os jornalistas de rádio portugueses tendem a encarar a Internet mais como uma ferramenta útil e prática no seu dia-a-dia e não tanto como um instrumento que reforce os papéis tradicionais do jornalismo e dos jornalistas, tais como vigiar os poderes instituídos, influenciar o debate público ou fornecer análise e interpretação sobre os factos.

É esta a principal conclusão de um trabalho de investigação, realizado por mim próprio e pelos meus colegas Helena Lima, Isabel Reis e Nuno Moutinho, apresentado no recente II Congresso Internacional de Ciberjornalismo.


12.12.10

Entrevista ao JN sobre história do ciberjornalismo

O Jornal de Notícias publica, na edição de hoje, uma entrevista que Helena Teixeira da Silva me fez a propósito do lançamento do meu livro Origens e evolução do ciberjornalismo em Portugal. A entrevista intitula-se "Jornalismo é o grande perdedor do ciberespaço".

23.11.10

Finalistas dos Prémios de Ciberjornalismo

Já são conhecidos os finalistas da 3ª edição dos Prémios de Ciberjornalismo, atribuídos todos os anos pelo Observatório do Ciberjornalismo. A votação online está aberta aqui.

9.11.10

Público reforça publico.pt

O Público vai duplicar o número dos seus ciberjornalistas. Ainda bem. Embora tardia, a decisão é acertada. O publico.pt tem vindo a perder gás (e ciberjornalistas) nos últimos anos, enquanto alguma da sua concorrência online tem arregaçado as mangas, em particular no investimento em meios humanos e narrativas multimédia.

Uma frase a reter do texto publicado, ontem, no jornal: «O grande desafio dos jornais de referência, hoje, é crescer no online ao mesmo tempo que mantêm a qualidade do jornal impresso.»

Só mudaria ali uma ideia: é preciso aumentar a qualidade do jornal impresso.


A ler:

PÚBLICO reforça equipa online

24.9.10

Sobre os jornais pioneiros na Web

Nalguns blogues, como o do Paulo Querido, do Rogério Santos e do Pedro Jerónimo, bem como noutros espaços da Web (Twitter, Facebook), segue uma discussão interessante à volta do pioneirismo dos média portugueses na Web. Tudo porque o Público reclamou para si, em editorial, o estatuto de "o pioneiro" do jornalismo na Internet, algo que, em rigor, não corresponde à verdade.

Deixo aqui o meu contributo para o debate e possível esclarecimento, convidando à leitura da comunicação que apresentei, o ano passado, no Congresso da SOPCOM, intitulado "Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em Portugal".

Para quem, eventualmente, estiver interessado em entrar numa leitura bastante mais pormenorizada sobre este assunto, em particular sobre o nascimento do JN online e da primeira redacção digital no país, sugiro a leitura do capítulo 5 do livro que publiquei em 2000, Jornalismo Electrónico: Internet e Reconfiguração de Práticas na Redacções.

Alguns excertos:

«No dia 26 de Julho de 1995 era inaugurada a edição electrónica na World Wide Web do Jornal de Notícias. Logo nos primeiros dias online, foram recebidas em catadupa mensagens electrónicas de felicitações provenientes de vários países. Sobretudo emigrantes radicados nos Estados Unidos, Brasil, Inglaterra e França manifestaram-se bastante satisfeitos por poderem ler notícias do dia, actualizadas, sobre o seu país de origem e, em muitos casos, da sua própria cidade natal.»

«Em Setembro de 1995, dois jornalistas - um da secção Política e outro da Nacional (Helder Bastos e Nuno Marques) - foram destacados para trabalhar diariamente e em exclusivo no JN digital. Os elementos foram escolhidos com base na sua familiaridade com o mundo dos computadores. Um deles tinha uma ligação à Internet em casa e o outro era conhecido pela sua proficiência no campo da informática. Estava dado, desta forma, o primeiro passo para o nascimento do jornalismo digital no diário portuense centenário, não sem que se notassem algumas resistências à novidade, em particular por parte dos editores das secções de onde os dois jornalistas foram retirados»

«O perfil do jornal electrónico foi sendo moldado através da discussão e troca de ideias entre jornalistas, técnicos e pessoal ligado ao sector comercial, reunindo consenso, desde o primeiro momento, o pressuposto de que, preferencialmente, o modelo online deveria afastar-se do modelo de papel de forma a cimentar uma identidade própria, adaptada às características e linguagens do novo meio, o que ia de encontro, aliás, ao que especialistas de vários países na matéria defendiam na altura.»

15.9.10

Prémios de Ciberjornalismo, 3ª edição

O Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber), da Universidade do Porto, abriu hoje o período de candidaturas à 3ª edição dos Prémios de Ciberjornalismo. Os pormenores podem ser lidos no site do ObCiber.

23.7.10

A Internet e os jornalistas de imprensa

Juntamente com os meus colegas Helena Lima e Nuno Moutinho, da Universidade do Porto, apresentei, ontem, na conferência da International Association for Media and Communication Research (IAMCR 2010, Braga, 18-22 Julho), o paper "The Influence of the Internet on Portuguese Press".

Este estudo procura avaliar a percepção que os jornalistas de imprensa portugueses têm sobre a influência da Internet no jornalismo, em vertentes como as práticas, os papéis e a ética.

8.7.10

II Congresso de Ciberjornalismo no Porto

A organização do II Congresso Internacional de Ciberjornalismo, marcado para 09 e 10 de Dezembro próximo, na Universidade do Porto, está a convidar investigadores a remeter, até 15 de Julho, propostas de comunicações a apresentar no Congresso.

As comunicações deverão versar sobre o tema do ciberjornalismo, com especial preferência pelos seguintes tópicos:

  • Modelos de negócio para o jornalismo na Internet
  • Redes sociais e ciberjornalismo
Mais pormenores estão disponíveis no site do Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber).

26.6.10

Os média e o digital na "JJ"

Um balanço dos primeiros 15 anos de ciberjornalismo em Portugal, da minha autoria, é tema de capa do mais recente número da revista Jornalismo & Jornalistas, do Clube de Jornalistas.

Aliás, dois terços das páginas da revista são dedicadas a questões relacionadas com os média e as tecnologias digitais.

Aqui fica o resumo:

«O tema desta edição, sob o título “O fim dos tempos ou a reinvenção do jornalismo?”, trata da influência da Web 2.0 na organização e operação dos media, bem como de algumas teorias sobre o que deverá ser o jornalismo no século XXI. Um texto de Paulo Nuno Vicente que abre vias interessantes de discussão. Este número da “JJ” inclui também a segunda parte do artigo “Os media e a blogosfera – conflito em público?”. Uma análise de Helder Bastos a “15 anos de ciberjornalismo em Portugal” conclui que «o balanço está longe de ser positivo». Destaque, também, para uma entrevista com o prof. Carlos Camponez, segundo o qual «Os jornalistas são um pouco desleixados com a sua auto-regulação».

A ler:
Jornalismo e Jornalistas, nº 42 Abr/Jun2010

16.6.10

Sobre meios sem jornalistas e hipervelocidade

As perguntas e questões que se seguem são pouco colocadas ou sujeitas a debate crítico e não cabem em 140 caracteres:

«Não serão reais as ameaças ao espírito crítico quando os utilizadores, graças às novas tecnologias da informação (tecnologia push), poderão já não receber senão os conteúdos personalizados que respondem às suas necessidades específicas? E devemos realmente ficar contentes por ver, com a Web 2.0, desenvolver-se, de forma crescente, os "meios sem jornalistas" e, de modo mais amplo, sem intermediários nem mecanismos de controlo e de filtragem? Que espaço público de discussão e deliberação está em marcha quando uma forte tendência dos cibernautas os leva a preferir trocar informações com os que pensam como eles em vez de participar em debates polémicos? São aspectos que mostram, de forma evidente, que o progresso no uso da razão individual não se fará automaticamente pelos "milagres" da Rede.»

«Ao comprimir o tempo ao extremo e ao abolir as coerções do espaço, o ecrã em rede instaura uma temporalidade imediata, gerando a intolerância à lentidão e a exigência de um tempo mais eficiente. Se isso possibilita uma maior autonomia pessoal na organização do tempo, também amplifica a sensação de urgência e de viver sob hipertensão temporal. Por um lado, aumenta a capacidade de construir modos mais personalizados de usar o tempo; por outro, desenvolve-se uma forma de escravização sob o tempo da hipervelocidade.»

in O Ecrã Global, de Gilles Lipovestky e Jean Serroy

5.5.10

Contra o abuso de poder, jornalismo

Sabe bem, nos dias que correm, marcados, em tantas redacções, por desânimo e cinismo, ouvir verdades elementares, mas que não deixam de ser estimulantes e orientadoras: "Contra el abuso de poder, periodismo". Ou: "El periodismo sirve para construir un sistema político más limpio".


4.5.10

II Congresso Internacional de Ciberjornalismo

A organização do II Congresso Internacional de Ciberjornalismo, marcado para 9 e 10 de Dezembro de 2010, na Universidade do Porto, está a convidar investigadores a remeter, até 15 de Julho, propostas de comunicações a apresentar.

As comunicações deverão versar sobre ciberjornalismo, com preferência pelos tópicos em destaque neste Congresso: "Modelos de negócio para o jornalismo na Internet" e "Redes sociais e ciberjornalismo".

Mais pormenores sobre o assunto podem ser obtidos no site do Observatório do Ciberjornalismo (ObCiber) que, juntamente com o Centro para as Ciências da Comunicação (C2COM), da Universidade do Porto, organiza o evento.

Durante o Congresso, serão anunciados os vencedores da terceira edição dos Prémios de Ciberjornalismo, uma iniciativa do ObCiber cujo objectivo é premiar o que de melhor se produz em Portugal na área do ciberjornalismo.


Na memória:
I Congresso Internacional de Ciberjornalismo
Prémios e Congresso de Ciberjornalismo
O ObCiber no Travessias Digitais

17.4.10

No baú da TSF Online

Duas peças, em áudio, retiradas do baú da história recente do ciberjornalismo em Portugal. A primeira data de 2001. Resumo: «O Cyberjornalismo, ou jornalismo para a Internet, é uma actividade em expansão. Objecto de estudos universitários, eis que surge um deles realizado em Portugal sobre dois locais de notícias na Net em Português, e, claro publicado na Internet» (ouvir).

A segunda é de 2003: «Pouco a pouco, mas vai-se instalando. O jornalismo on-line já não é só uma extensão do jornalismo para papel e vai criando características próprias.» (ouvir).

Como dizia aquele anúncio da Kodak, é para mais tarde recordar.

10.3.10

Os primeiros 15 anos de ciberjornalismo


Estes são os slides da comunicação que apresentei, na passada quinta-feira, na conferência "15 anos de Jornalismo Online em Portugal", promovida pela Universidade da Beira Interior. Trata-se de uma breve panorâmica sobre os acontecimentos mais relevantes dos primeiros quinze anos de história do ciberjornalismo em Portugal.


A ler:
"Da implementação à estagnação: os primeiros doze anos de ciberjornalismo em Portugal"
"Ciberjornalismo: dos primórdios ao impasse"

9.3.10

Chegou o gestor de comunidades

Numa altura em que o Facebook e o Twitter registam um crescimento alucinante, é digna de nota esta tendência em afirmação no primeiro trimestre do ano: os média despertam para o potencial (poder?) das redes sociais e criam um novo cargo: gestor de comunidades. O cargo já existe há algum tempo em média estrangeiros. Recentemente, foi estabelecido, pelo menos, no Público, no "i" e no IOL.

Que faz um gestor de comunidades? «O objectivo é dar a conhecer o que de melhor fazemos, assegurar uma maior interacção entre os jornalistas e o público e, ao mesmo tempo, fortalecer estas marcas nas redes sociais, promovendo a discussão e o debate de ideias», explica Luísa Melo, subdirectora do IOL e gestora de comunidades dos sites editoriais do grupo.


A ler:
MC Multimedia com gestor de comunidades
Público com gestor de comunidades
O editor de redes sociais (The New York Times)

2.3.10

15 anos de jornalismo na Web em Portugal

A Universidade da Beira Interior decidiu, em boa hora, assinalar a passagem dos primeiros 15 anos de ciberjornalismo em Portugal. Depois de amanhã, vários académicos e profissionais do jornalismo vão juntar-se na Covilhã para fazer o balanço e traçar perspectivas para o futuro na conferência "Jornalismo na Web em Portugal, 15 anos".