Mostrar mensagens com a etiqueta DN. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta DN. Mostrar todas as mensagens

31.5.08

JN dá salto na rede

O JN aproveitou a passagem dos seus 120 anos para dar um salto qualitativo na edição online, que conhecia, há prolongados anos, uma estagnação confrangedora, só superada pelo estado comatoso do site do DN.


A melhoria mais notória revela-se no grafismo, fresco, simples, legível, mas também ao nível da incorporação de ferramentas de uso social (partilhar, comentar, participar). Nota-se, aqui e ali, a procura de inspiração no ELPAÍS.com (disposição a três colunas, títulos com corpo diferenciado, etc.), embora fique bastante aquém do apuro estético do diário espanhol. A tira Multimédia, onde passam galerias, vídeo, áudio e infografias, é parecida com as do washingtonpost.com. E resulta.

Ainda assim, há muito a fazer para melhorar a apresentação. Por exemplo, as notícias das diferentes secções aparecem "a seco", sem qualquer foto ou ilustração.

Há já algum tempo que uma equipa reforçada trabalhava nesta mudança. O JN Online conta hoje com cinco elementos a tempo inteiro. Não é muito, longe disso, nem vai dar para fazer grandes milagres, sobretudo no que à produção de última hora ou ao multimédia diz respeito. Mas, tendo em conta o deprimente panorama ciberjornalístico nacional, menos mal. Registe-se o avanço.

A recente mudança na TSF Online, também do grupo Controlinveste, parece ter sido menos ambiciosa, e não tão bem conseguida, quer ao nível gráfico, quer no atinente à inovação. E o DN lá continua, sozinho no ciberespaço, à espera de Godot.


A ler:
Novo JN Online: Salto para o futuro

28.4.07

O Público agradece

Se compararmos as primeiras páginas de hoje do Público e do DN, há uma dúvida que se dissipa: o DN abandonou, em definitivo, o campeonato dos jornais de referência, onde as notícias de cultura têm um peso assinalável.

O Público rasga, e bem, a primeira página com uma belíssima foto de Rostropovich, falecido ontem, aos 80 anos. Era considerado o maior violoncelista da segunda metade do século XX e distinguiu-se pelo combate aos duros regimes soviéticos, ao lado de Soljenitsine ou Sakharov.

Para o DN, nada disto contou. Não se encontra uma única ou ínfima referência à morte de Rostropovich na primeira. Mas temos, em grande destaque, uma foto do voo sem gravidade de Stephen Hawking para compensar... A "popularização" do DN está em curso, portanto.

O Público, naturalmente, agradece.

27.4.07

Lebres e tartarugas no ciberjornalismo

Morreu hoje um dos maiores violoncelistas de sempre, Mstislav Rostropovich. São 11.30. Como estamos em termos de capacidade de resposta nas edições online dos principais diários portugueses?

O Público.pt já deu uma "última" com dois parágrafos. O Correio da Manhã, vá lá, deu quatro. Para o DN e o JN não se passa absolutamente nada (até a Wikipédia já deu a "notícia"...).

Espreitemos agora o que dá o ELPAIS.com: notícia com foto destacada no topo da página; um dossiê com "tudo sobre Rostropovich"; possibilidade de se ouvir trechos de música; fotogaleria.


Estamos mal.

17.2.07

As pauladas no DN

Se o DN fosse um animal, a esta hora já estaria morto de tanta pancada levada. Os maus tratos inflingidos nos últimos anos ao título lisboeta deixaram-no com um nível de vendas próximo do paroquial. Nada que não se adivinhasse, tantos os erros cometidos.

O acentuar do desvario, no qual a PT teve um papel nada negligenciável, começou na parte final do "mandato" de Bettencourt Resendes. Os ziguezagues editoriais (um tirinho de referência para aqui, uma piscadela ao popularucho para acolá), fizeram mossa.

Depois, veio a hecatombe de porem um assessor presidencial à frente de um jornal de "referência". O DN deu aí uma machadada brutal no seu nível e envenenou a própria credibilidade. Os directores que seguiram, e que mal tiveram tempo para aquecer a cadeira, herdaram boa parte do presente envenendado por decisões estúpidas e politiqueiras.

O facto de o jornal ter ido parar às mãos de um empresário da bola também não terá abonado grande coisa a favor de uma qualquer reconquista de credibilidade. Ainda assim, Joaquim Oliveira acertou nos nomes para a Direcção, agora demitida em bloco.

Herdeira de um diário comatoso, a equipa liderada por António José Teixeira cometeu um erro estratégico crasso: decidiu apostar quase tudo no reforço da secção de economia, uma área saturada e disputadíssima no mercado. No resto do título, ficou quase tudo na mesma, com a agravante de o jornal se ter acantonado de vez na capital. O Porto e o norte foram praticamente varridos do mapa.

A factura está aí. E devia ser paga por muito boa gente que, nestes anos, se entreteve alegremente a dar facadas no bicho.

Pelos vistos, vem aí mais uma paulada valente, desta vez de cariz... "popular". Golpe de misericórdia?


O DN no Travessias:
O comissariado mata
DN: de mudança em mudança

27.10.06

Que se passa no Porto?

Se aplicarmos o critério da visibilidade noticiosa do Porto nos principais jornais portugueses, o Porto está morto.

O Porto, cidade e Área Metropolitana, está em morte lenta no Público. Moribundo no DN. Definhando no Expresso. Não existe no Sol. O Correio da Manhã tem mais em que pensar. O 24 Horas é para esquecer.

Só o JN, que tem sofrido na pele das suas páginas sérias queimaduras provocadas pela(o) capital, lá vai aguentando as suas páginas do Grande Porto. Um milagre.

Que se passa? É o péssimo feitio e estreiteza de vistas de Rui Rio? É a sujidade do rio Douro que afugenta as empresas, os "cérebros", os artistas, investidores, as elites, e as entrega nos braços da Quinta da Marinha? É a cidade histórica a cair de podre que deprime o pulsar da urbe? São as crateras lunares das ruas que dão cabo dos Jaguares?

Ou, então: será que no Porto não se passa mesmo nada?

25.3.06

JN e DN sem salero

Uma leve impressão: as primeiras páginas do JN e do DN, diários que foram alvo, recentemente, de uma remodelação gráfica (mais uma...), estão piores. São ambas mais secas e desvitalizadas que as anteriores.

As páginas interiores também não parecem particularmente entusiasmantes. O JN ficou, em certas secções, mais confuso. Virou amálgama de temas.

Mas o pior de tudo é que a cosmética, em ambos os diários, teima em não resolver o problema de fundo: aquela sensação de que, tirando uma ou outra coluna, uma ou outra (rara) "cacha", se chega à última página sem se ter lido alguma coisa que valha realmente a pena.

É pena.

1.12.05

Is this healthy?

Numa notícia, da página de Media do DN de hoje, com pouco mais de meia dúzia de parágrafos, lê-se: holding, gadgets, target, core business, share, sitcoms.

A Impresa, a big portuguese media corporation, vai lançar a revista Stuff, dedicada aos gadgets. Well, nada de new. O DN acaba de lançar a Life. A kind of magazine for the rich and beatiful people, you see?

27.10.05

Global Notícias "arruma a casa"

Ali para os lados da Global Notícias, o tempo está mau. Segundo o Público, a Grande Reportagem fecha em Dezembro, mas o seu director, Joaquim Vieira, já está de malas aviadas. Porquê tanta pressa? O DNA, suplemento cultural do DN (sextas-feiras), está a ser reavaliado. Um dos cenários é também o fecho.

Os novos patrões da Global Notícias parecem estar determinados a "arrumar a casa". Começaram, lestos, por despachar a direcção do DN, com Miguel Coutinho à cabeça. Veremos os despachos que se seguem. Será uma boa oportunidade para aquilatar para que lado pende a balança de Oliveira: respeito pela "cultura" jornalística ou mera gestão de mercearia?

22.9.05

Público.pt: dez anos

O Público assinala hoje o 10º aniversário da sua edição electrónica. Está, pois, de parabéns.

Ao longo dos anos, e apesar das muitas dificuldades financeiras que o projecto conheceu, o Público.pt lá se foi mantendo, com avanços e recuos, mas sempre com um mínimo de dignidade e coerência. Dos seus concorrentes mais directos na Web, o DN e o JN, não se pode dizer o mesmo.

Em 1999, o Público.pt deu um salto importante, ao introduzir o serviço Última Hora, dando corpo a uma das principais exigências do ciberjornalismo: a imetiatez. Longe ainda dos padrões de diários como El País (para não irmos mais longe), ainda assim tem cumprido.

Outra marca distintiva, e muito positiva, foi a decisão de nomear um director próprio para o Público.pt., José Vítor Malheiros, que esteve também na origem do projecto.

O Público.pt tem, por isso, potencial para crescer e melhorar, pois há muito a fazer, em particular nos capítulos da interactividade, da hipertextualidade, da multimedialidade e mesmo da navegabilidade. O texto tem de ser equilibrado com material multimédia, de modo a aproximar este jornal de um verdadeiro medium noticioso da Web.

Ainda assim, dez anos passados, o Público.pt mantém-se um pequeno oásis no panorama deprimente e amador do ciberjornalismo português.

4.8.05

DN: de mudança em mudança...

Se, um dia, alguém se lembrar de escrever um manual sobre como escangalhar um jornal em tempo recorde deve dar o exemplo do que tem sido feito com o Diário de Notícias nos últimos anos.

O diário lisboeta (no qual trabalhei durante quatro anos) já na última fase da direcção de Mário Bettencourt Resendes andava, de um ponto de vista de linha editorial, completamente à deriva, oscilando entre a procura do jornalismo de referência, tendo em vista a concorrência com o Público, e as mais desvairadas manchetes tablóide.

Depois, veio o monumental desastre chamado Fernando Lima, cuja nomeação, com o beneplácito das cúpulas da PT, arruinou muita da credibilidade do título. E as vendas vieram por aí abaixo. O equívoco Lima durou apenas um ano.

Seguiu-se, depois da "novela" trapalhona que envolveu Clara Ferreira Alves e a saída do colunista Vasco Pulido Valente, Miguel Coutinho, que tentou recentrar a imagem do jornal, apostando na referência, conseguindo assim suster, e mesmo inverter ligeiramente, a tendência de queda nas vendas. Sabe-se agora que o novo patrão, Joaquim Oliveira, já fez saber que não conta com a actual direcção, que assim dura apenas oito meses.

Ora, não há jornal que resista a tanta asneira feita de forma tão certeira e concentrada. Mudanças constantes de direcção, nomeações feitas com base em critérios de interesse político, erros clamorosos de "casting" (incluindo na administração do jornal) só podem dar no que tem dado.

Esperemos agora, para bem do jornalismo menos mau que se faz em Portugal, que não venha por aí uma nova direcção saída da chuteira que estiver mais à mão de Oliveira.


A ler:
Oliveira substitui direcção do “DN” logo que o negócio esteja fechado

31.7.05

Asfixia mediática

Num país que mal lê jornais e em que estes são cada vez mais anódinos, superficiais, indistintos, domesticados, centralizados e empresarializados, a suspensão (belo eufemismo) de A Capital e de O Comércio do Porto é uma péssima notícia. Pior ainda para o Porto, cidade que tem vindo, paulatinamente, a transformar-se num deserto mediático e jornalístico.

É absolutamente escandaloso que o Porto não tenha estaleca sequer para segurar um canal próprio de televisão. A NTV foi o que se viu. Na rádio, anos antes, foi a vez de a Rádio Nova, que chegou a ser um farol de qualidade, ser transformada em mais uma juke box inconsequente, com meninas de voz melada a gerir play lists...

Na imprensa, o próprio Jornal de Notícias, o porta-aviões do Norte, já foi mais da Invicta do que é hoje. O Primeiro de Janeiro pouco se vê. As delegações das revistas e dos jornais de Lisboa, ou são simbólicas, ou foram alvo de desinvestimento, sobretudo editorial, nos últimos anos (Correio da Manhã e Diário de Notícias, por exemplo). O 24 Horas é para esquecer. E O Comércio do Porto acaba mal, às mãos de um grupo espanhol que se está nas tintas para 150 anos de história.

Resultado: a diversidade e a pluralidade (de notícias, de debates, de protagonistas, de ideias) vêem-se reduzidas e o mercado de emprego, bem como o de estágios, torna-se cada vez mais afunilado. O espaço público da região fica ainda mais pobre.

De um ponto de vista mediático, o Porto é hoje uma paróquia.


A ler:
O cemitério, de Vicente Jorge Silva
Sentença de Morte, de Manuel Pinto
Blogue OComerciodoPorto

7.7.05

Londres e os media online portugueses

As explosões em Londres deram-se na hora de ponta matinal, por volta das 9. São quase 2 da tarde, ou seja, quase cinco horas depois das deflagrações. Vejamos como estão a reagir a este acontecimento muito especial alguns dos principais media noticiosos portugueses online:

Público.pt: dá informação actualizada, estilo agência noticiosa. Poucas imagens. Nenhum material multimédia é fornecido (ex., gráficos, áudio ou vídeo). Não são disponibilizadas hiperligações de contexto sobre o acontecimento. Algumas notícias abrem espaço a comentários dos leitores.

dn.pt: para o DN, não se passa nada. Abre-se o site, clica-se em "Última hora" e... nada. Londres bem podia estar a arder...

JN: nas "Últimas", tem três notícias curtas sobre o assunto, a primeira das quais colocada às... 12.12h. E nada mais.

Correio da Manhã: acordou às 10.59 para as explosões. Tem uma notícia única com comentários dos leitores no final. E uma fotozita para a amostra.

Expresso: Aqui encontramos de diferente, pelo menos, um infográfico com as estações de metro atingidas e uma galeria fotográfica. Vá lá...

Diário Digital: tem um "Especial Urgente", no que parece ser uma adaptação algo tosca da expressão "breaking news". Vários títulos dão acesso a notícias de agência. Não há fotos nem comentários de leitores. Para diário exclusivamente online, está mau. Muito mau.

Portugal Diário: Também não tem nada de especial. Texto, muito texto. Uma galeria de fotografias. Comentários de leitores. Paginas graficamente "secas". Sabe a pouco. A muito pouco.

TSF: Pela primeira vez, e naturalmente, som na Web. Da rádio, está claro. Quanto ao mais, estilo agência noticiosa.

SIC Online: Um infográfico! E depois muita Lusa, Reuters e France Press. Nem uns 15 segundos de vídeo que podia ser aproveitado dos canais de televisão do grupo. Fraquíssimo.

ELPAIS.es: é espanhol, eu sei, mas serve aqui apenas como mero contraponto cruel: tem vídeo, gráficos, galeria de fotos, cronologias, áudio, enfim, sem ser nada de extraordinário, deixa os nosso media online a anos-luz em termos de resposta na Web a grandes acontecimentos.

É evidente que há várias explicações concretas - que vão do desinvestimento por parte das empresas jornalísticas até à falta de investimento por parte de anunciantes - para a resposta medíocre dos media portugueses online. Quando não há meios, nem dinheiro, nem vontade, também não há milagres. Mas nem por isso se torna menos confrangedor verificar, na prática, o estado brutal de atraso destes media. É mais uma área para ajudar a colocar o país na cauda da Europa em quase tudo. Pessimismo high tech?