16.11.06

Diploma em jornalismo

É uma pena importarmos do Brasil apenas jogadores de futebol e telenovelas. Há decisões que valiam bem um voo transatlântico. Para abalar uma certa ordem jornalística por cá fossilizada:

«O Superior Tribunal de Justiça decidiu que, para ser registrado como jornalista, o profissional deve atender a exigência de possuir um diploma de nível superior em Jornalismo.» (in Jornalismo & Internet)

8 comentários:

  1. E o que fazer com os jornalistas que não têm curso superior em comunicação? Devo referir que há muitos jornalistas sem curso superior que são referências no meio. Em compensação há muitos licenciados que saem das faculdades com defeciências ao nível de escrita e da própria língua portuguesa(de quem será a culpa?).

    ResponderEliminar
  2. Jorge,

    É evidente que a ideia não é correr da profissão quem não tem curso. Isso não faria sentido. Também concordo ( conheço pessoalmente vários casos) que há muitos jornalistas sem curso que são brilhantes na profissão. São é cada vez mais raros ou desapareceram do mapa. A culpa dos fracos licenciados não pode ser atribuída em exclusivo ao ensino superior. Penso, em resumo, que a profissão tem a ganhar a prazo com uma formação sólida de base em jornalismo ao nível do ensino superior. Já defendia isto quando era jornalista. Hoje, ainda acredito mais neste princípio.

    ResponderEliminar
  3. Tem sido uma longa batalha no Brasil, e finalmente a Justiça mostra que é independente em relação aos veículos de comunicação. :)

    ResponderEliminar
  4. Caro Helder,

    Estou em profundo desacordo com a lei brasileira que, espero, nunca a venha ser importada...
    Obrigar um jornalista a ter formação superior em Ciências da Comunicação ou Jornalismo não faz sentido nenhum. E os licenciados em tantas outras áreas? Ficam à porta das redacções?
    A lei brasileira é corporativa e pretende defender os licenciados em jornalismo, em prejuízo de todos os outros, o que me parece errado.
    Se os alunos que nós formamos em Jornalismo são melhores que os outros, então que fiquem nas redacções. Se são piores, não devem ter acesso às redacções por meio de um decreto que impede todos os outros de lá chegar...
    Abraço,

    ResponderEliminar
  5. Caro António, vamos por partes:

    1. Uma licenciatura em Jornalismo faz todo o sentido, como faz em medicina, em advocacia ou noutra profissão qualquer. Se quisermos considerar o jornalismo, não uma profissão, mas uma mera ocupação (como pretendem alguns), então esta discussão deixa de fazer sentido. Acresce que há por aí demasiado jornalismo tocado "de ouvido", com os resultados que se conhecem. É preciso saber ler a pauta.

    2. Os licenciados noutras áreas não têm de ficar à porta das redacções: ou procuram emprego na área em que se formaram, ou tiram um curso de jornalismo. Já viste uma farmácia a empregar um licenciado em arquitectura só porque está no desemprego?

    3. A exigência de uma licenciatura não iria, obviamente, resolver os problemas do jornalismo português (os problemas a montante a jusante são muitos). Mas creio que contribuiria, a prazo, para que todos os dias deixássemos de ver nos nosso média certos erros de palmatória e muita falta de profissionalismo resultantes de uma formação sólida de base na área.

    4. As sociedades estão a andar muito depressa. São cada vez mais complexas. Os cidadãos-jornalistas estão aí. É com "jornalismo de ouvido" e amadorismos de tarimba que vamos enfrentar os desafios do século XXI?

    Abraço

    ResponderEliminar
  6. Sei que o caminho será uma licenciatura em profissões mais especializadas como o jornalismo (e até na minha área, o som), e ainda bem. Tem de se apostar na excelência, o jornalismo não pode ser apenas “uma ocupação”. Tem um código deontológico e outras regras que os profissionais do meio têm de respeitar. Mas estou de acordo com o António Granado: não podem ser só licenciados em comunicação que possam aceder às redacções. São aliás necessários. É necessária gente especializada para escrever sobre determinados assuntos. E, concordando também com o Hélder, a aposta na formação profissional contínua deveria ser uma prioridade, para que se possa ter, dentro dos possíveis, um jornalismo de excelência.
    O jornalista do século XXI, além da escrita, também faz de operador de som, de vídeo, trabalha com a Internet, etc. E tem de estar sempre um passo à frente dos tais “cidadãos-jornalistas”.
    Um forte abraço.

    ResponderEliminar
  7. Helder,

    Neste ponto, estamos em desacordo. O que eu disse, e mantenho, é que não se pode restringir o acesso à profissão a licenciados em Jornalismo. Redacções cheias de licenciados numa mesma área do saber não serão certamente lugares saudáveis.
    Isto não quer dizer que os licenciados em outras áreas não devam aprender jornalismo. Acho que devem. Outra coisa bem diferente é proibí-los de exercer a profissão só porque não se licenciaram em Jornalismo. As redacções, para serem boas, têm de conseguir atrair os melhores, não importa a sua formação de base.
    E isto é bem diferente de aceitar licenciados noutras áreas apenas porque estão desempregados...

    ResponderEliminar
  8. Gostei muito do seu artigo. Eu entrei na faculdade de Jornalismo em 2003, com 21 anos. O ano passado eu tranquei o curso pela deficiência na grade da faculdade e também por encontrar um número cada vez mais alarmante de jornalistas desempregados. Eu tranquei a faculdade com muita tristeza, pois adorava o curso, mas não posso ser mais uma na fila dos jornalistas desempregados.

    Acho que a faculdade, está muito voltada para o lucro e jogam os recém-formados no mercado sem qualificação. Deveria existir uma escola de Jornalismo, para selecionar aqueles que realmente amam a profissão. O que me causa revolta é que muitos estudantes fazem jornalismo para aparecer na Tv, ou para ter fama e várias "modelos" imigram para o curso para ganhar status com seu rostinho bonitinho.

    Infelizmente no Brasil, vale mais a beleza do que uma massa encéfalica. O jornalismo perde muito com isso.

    ResponderEliminar