Há dias, a propósito da ascenção do "egopublishing", escrevia aqui que, «se fosse vivo, McLuhan teria, talvez, de fazer umas reconsiderações quanto à sua célebre frase "o meio é a mensagem". Talvez mudasse para algo do género: "a mensagem sou eu".»
Nem de propósito, encontrei no YouTube um pequeno vídeo cujo título é "Marshall McLuhan on YouTube". Alguém tentou imaginar o que diria este teórico a propósito do fenómeno da partilha de vídeo na Web. Vale pela curiosidade e, em particular, pelo que McLuhan diz quase no final: para a maior parte das pessoas, viver na crista da onda das novas tecnologias é uma experiência aterradora. A maior parte prefere viver um pouco atrás.
Ora aí está um excelente tópico de dicussão: McLuhan mudaria o seu "o meio é a mensagem" se conhecesse o YouTube? Eu acredito que não. Acho que ele diria exactamente a mesma coisa e voltaria a ter razão. A comunicação altamente dispersa, diversificada e personalizada que hoje canalizamos pelos mais diversos meios através da internet é tão determinada pelo carácter aberto do meio como a televisão era determinada pelo carácter constrangido do mesmo. O que nos remete para a lição mais essencial de McLuhan: é a técnica da comunicação que primeiro influencia a forma como ela se materializa e, por isso, é da análise da técnica que se podem tirar as maiores lições sobre comunicação.
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