O Público, segundo o DN de hoje, está «num processo de reestruturação profunda que envolve mudanças gráficas, de conteúdos - com a fusão dos suplementos Y e Mil Folhas - e na redacção.»
Ainda segundo o diário da Global Notícias, José Manuel Fernandes escreveu uma carta a todos os colaboradores do jornal em que diz que o Público «atravessa um momento crítico» porque perdeu circulação e publicidade.
O Público «perdeu 4391 leitores no primeiro trimestre do ano relativamente ao período homólogo de 2005, com as vendas do jornal a situar-se nos 44 783 exemplares e os prejuízos nos 2,2 milhões de euros.»
O panorama daquele que é, apesar de tudo, o melhor diário português não é nada brilhante. E isso tem-se reflectido sobremaneira na qualidade do jornal que lemos todos os dias: o Público tem hoje menos "rasgo" e imaginação, é muito mais previsível do que era há uns anos, investiga muito pouco para o tipo de jornal que é, o peso dos acontecimentos de agenda aumentou consideravelmente, o caderno local do Porto está pelas ruas da amargura e até a fotografia e a infografia, outrora pujantes, se encontram em declínio.
Algumas mudanças recentes foram no bom sentido. A edição de domingo melhorou em termos de profundidade e a revista de economia aproximou-se, bem, dos bolsos do cidadão comum.
Mas, a par disso, foram tomadas decisões muito discutíveis, como a de acabar com o suplemento Computadores. Não devia ter acabado. Devia, antes, ter sido reforçado.
O país não ganha nada em ter uma imprensa diária de referência (a saúde financeira e jornalística do DN também está no estado em que está) no fio da navalha. O jornalismo, cujos constrangimentos são cada vez mais fortes, também não.
Esperemos que, nos próximos tempos, Belmiro de Azevedo alargue as suas vistas.
A ler:
José Manuel Fernandes quer "refundar" jornal
Travessias na memória:
Perda de Público
A Web social no Público
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