30.12.05
Imprensa e Internet
22.12.05
Autoridade sobre os media
A ler:
Governo quer legislação anti-concentração dos media
Concentração dos Media e Pluralismo
15.12.05
Cinema e jornalismo à grande e à francesa
Nas páginas finais, encontramos uma lista com mais de 300 obras, abrangendo os séculos XIX, XX e XXI! Imperdível.
12.12.05
A vida depois da televisão
Esta é, sem dúvida, uma boa ocasião para ler, ou reler, Life After Television.
Memória
A televisão na idade da reforma
1.12.05
Is this healthy?
24.11.05
E a seguir?
O New York Times que se cuide...
22.11.05
Jornalistas online em Portugal
Estas são algumas das conclusões que resultaram de um inquérito feito a 79 jornalistas (com 54 respondentes) por João Canavilhas, da Universidade da Beira Interior. E o panorama geral não parece lá muito animador.
Canavilhas põe o dedo na ferida quando, ao procurar explicar, por exemplo, «a integração hipermédia quase inexistente, fraca utilização do hipertexto e aposta nas notícias de última hora, num modelo muito semelhante ao das agências de notícias», refere que «por detrás desta realidade parece estar a dificuldade em encontrar um modelo de negócio que viabilize as publicações online.» Ora, é precisamente aqui que o negócio empanca, impedindo a ascenção do ciberjornalismo português à "primeira divisão".
Esperemos, pois, por melhores dias.
A ler:
Os jornalistas online em Portugal
14.11.05
Cidadão. Jornalista?
12.11.05
Net e democracia
9.11.05
A 'TSF' do Prisa
A ideia está, aparentemente, a ser bem recebida, até por responsáveis de rádios que irão sofrer a concorrência directa da nova estação, como se pode ler no DN.
E, tanto quanto se ficou a saber, os noticiários não serão lidos em castelhano...
Internet e mercado
7.11.05
Canais do Porto
A cidade e a área metropolitana respectiva precisam, com toda a urgência, destes projectos, de modo a contrabalançar a perversa macrocefalia televisiva do país. A ausência de um canal de televisão regional é um claro sinal de subdesenvolvimento social e económico da região, que ainda recentemente perdeu um jornal centenário, O Comércio do Porto. Com o falhanço da NTV, o Porto passou a si próprio um atestado de incompetência e menoridade. Urge, portanto, recuperar.
A ler:
TV Cabo adora o Porto
Invicta TV emite nos "próximos dias"
2.11.05
"Cacha" na Visão Online
A notícia é apresentada online apenas com o essencial. A revista remete os desenvolvimentos para a edição em papel, a publicar amanhã.
Neste contexto, ouro sobre azul seria, no entanto, o exclusivo ter sido conseguido por um ciberjornalista da Visão Online.
31.10.05
PRISMA.COM: uma nova revista académica
Trabalhos de natureza empírica, recensões críticas da literatura própria destes domínios, noticiário sobre actividades em curso ou a desenvolver, bem como entrevistas e outros materiais de carácter informativo e de divulgação nestas áreas do conhecimento, têm também o seu espaço.
30.10.05
Proulx e a comunicação
A ler:
Informação a mais obriga à refundação da educação
28.10.05
Perda de Público
A ler:
Público com prejuízos de 1,5 milhões de euros
Previsões de Gates
A ler:
Bill Gates prevê que 50% dos leitores recorra aos jornais online
27.10.05
Global Notícias "arruma a casa"
24.10.05
Expresso multimédia
Se se tratar de um início de tendência a aprofundar e expandir, é muito bem-vindo.
20.10.05
Elementos do Jornalismo
Pelo tema proposto, pelos autores, e pelos responsáveis pela colecção em causa, é de crer que se trate de mais um livro incontornável nesta área. No blogue Jornalismo e Comunicação, Manuel Pinto faz uma breve apresentação da obra.
18.10.05
De leituras
14.10.05
Jornais online conquistam leitores
Os portugueses estão, pois, a ler cada vez mais notícias na Net, o que só deve encorajar as empresas jornalísticas a estarem atentas de modo a tirarem proveito de uma tendência que se adivinha crescente.
Quanto mais audiência os jornais online tiverem, melhores condições terão de captar publicidade, que, por sua vez, poderá financiar a melhoria da qualidade dos nossos depauperados media digitais. Por enquanto, o caminho em direcção à excelência é muito estreito e bastante difícil.
12.10.05
Expresso renova
A ler:
José António Saraiva deixa o 'Expresso'
Jornais online espanhóis em grande
10.10.05
Veneza: diques animados no ELPAIS.es
5.10.05
Um moblog solar
Tem razão António Granado quando escreve que «este tipo de iniciativas tem um enorme potencial ainda não explorado pelos jornais portugueses». Ou não fossem os melhores jornais online feitos em estreita interactividade com os seus leitores.
3.10.05
Uma bela finalista
28.9.05
Autoridade em causa
22.9.05
Público.pt: dez anos
Em 1999, o Público.pt deu um salto importante, ao introduzir o serviço Última Hora, dando corpo a uma das principais exigências do ciberjornalismo: a imetiatez. Longe ainda dos padrões de diários como El País (para não irmos mais longe), ainda assim tem cumprido.
Outra marca distintiva, e muito positiva, foi a decisão de nomear um director próprio para o Público.pt., José Vítor Malheiros, que esteve também na origem do projecto.
O Público.pt tem, por isso, potencial para crescer e melhorar, pois há muito a fazer, em particular nos capítulos da interactividade, da hipertextualidade, da multimedialidade e mesmo da navegabilidade. O texto tem de ser equilibrado com material multimédia, de modo a aproximar este jornal de um verdadeiro medium noticioso da Web.
Ainda assim, dez anos passados, o Público.pt mantém-se um pequeno oásis no panorama deprimente e amador do ciberjornalismo português.
20.9.05
maisautárquicas.com: uma boa ideia
O sítio incorpora algumas das mais recentes ferramentas e modalidades ao dispor do ciberjornalismo, como o RSS, os blogues ou espaços para os cidadãos "fazerem" jornalismo pelas suas próprias mãos, e disponibiliza algum material multimédia, o grande calcanhar de Aquiles dos jornais digitais portugueses. Há galerias fotográficas do Expresso, vídeos da SIC e alguma infografia digital rudimentar. O texto, no entanto, é predominante.
Onde o sítio falha mesmo é no "embrulho": o grafismo é algo morno, não há uma articulação integrada dos diferentes elementos multimédia e a exploração das potencialidades do hipertexto deixa a desejar.
Não obstante, trata-se de uma iniciativa louvável, ainda para mais quando é tida num contexto de grande marasmo do ciberjornalismo português. Acresce que lança algumas pistas interessantes (noutros países há muito concretizadas) sobre o funcionamento multitextual dos grupos de comunicação.
17.9.05
Quem tem medo da Prisa?
13.9.05
De leituras: a Internet e os homens arcaicos
O turbilhão de novidades e gadgets associados ao emergir das tecnologias não deixa, em geral, grande espaço para reflexões críticas. Neil Postman demonstra-o, de forma cabal, no seu brilhante Tecnopolia. Torna-se, portanto, importante alertar para a necessidade de estarmos sempre atentos ao que dizem os "velhos do restelo".
Alain Finkielkraut e Paul Soriano são dois nomes que, para muitos, caberão naquela categoria. Ao primeiro, escritor e professor de filosofia em França, costumam os adversários chamar neo-reaccionário. O segundo dirige um instituto de prospectiva, virado para as questões da sociedade em rede.
As suas opiniões sobre a Internet estão reunidas no livro Internet, o Êxtase Inquietante, publicado por cá em 2002. Para tecnófilos militantes, esta obra será um amontoado de provocações. Para quem acreditar que da diversidade de opiniões nasce o interesse, é de ler.
Finkielkraut olha de lado para a revolução digital. E diz continuar desligado das "forças vivas", «mantendo as novas máquinas à distância, barricando-me de certa maneira no que ficou para trás, agarro-me à minha caneta, à minha papelada, e aos meus amigos queridos, os livros». Abomina o ecrã. Zurze quem acredita que a Internet na sala de aula "produz" melhores alunos. Teme o fim da privacidade e da intimidade, a vigilância omnipresente. Um resistente, portanto, ao «democrático total da técnica desenfreada». Como resistir a provocações deste calibre?
E explana assim: «A Internet é o perigo que corre a liberdade quando se pode conservar o traço seja do que for, mas é também o perigo que fazemos correr aos outros e a nós próprios quando gozamos de uma liberdade sem limites.»
E pergunta ainda o seguinte, de uma forma pertinente e de grande fôlego: «Apresentam-nos a Internet como um magnífico instrumento de informação e de comunicação, mas para quê tanta informação, tanta comunicação? E o lugar para o resto - para tudo o que na nossa vida não depende nem da informação nem da comunicação? Que lugar fica para a contemplação? Que lugar para a admiração? Que lugar para a ruminação? Que lugar para a solidão?»
Quem não gostar destas inquietações existenciais de Finkielkraut pode sempre responder, em tom pragmático, com aquela frase de uma canção dos U2: «You miss to much these days if you stop to think».
Soriano, por seu lado, preocupa-se com a invasão das "próteses técnicas" no meio ambiente humano, colocando-nos sempre disponíves, sempre acessíveis na rede, cujo tempo é «um eterno presente que é uma presença permanente». A rede, funcionando em registo de interrupção frenética, «aniquila os grandes momentos que estruturam a vida dos homens arcaicos».
Leia-se, ainda: «As próteses técnicas com que nos equipamos febrilmente (a começar pelo telemóvel) assemelham-se sob este aspecto às pulseiras electrónicas dos presos no meio da cidade.»
Em dois pequenos textos, Finkielkraut e Soriano levantam questões e colocam problemas que dão para uma boa discussão sobre as novas tecnologias, quase sempre alvo de adoração, poucas vezes objecto de discussão. A sério.
8.9.05
O Google vai na conversa
Espejo explica aos leitores como se instala, configura e faz chamadas no Google Talk, «dos mais austeros de aspecto e funcionamento, mas com uma eficácia de som que surpreende quando se fala pela primeira vez.»
Expresso Online mexe
2.9.05
Katrina: recursos online
Entretanto, na Wikipedia, a enciclopédia livre da Internet, já está disponível uma entrada sobre o Katrina. E trata-se de uma entrada fabulosa, com muita informação relevante compilada. Faz-se uma exploração exaustiva de hiperligações, fornecendo-se ao mesmo tempo enquadramentos, estatísticas, efeitos económicos, etc.. No topo da entrada, um aviso à navegação: «Este artigo documenta um acontecimento em desenvolvimento. A informação pode mudar rapidamente.» Ou não estivessemos nós na Internet.
23.8.05
De leituras: nova retórica
4.8.05
DN: de mudança em mudança...
Ora, não há jornal que resista a tanta asneira feita de forma tão certeira e concentrada. Mudanças constantes de direcção, nomeações feitas com base em critérios de interesse político, erros clamorosos de "casting" (incluindo na administração do jornal) só podem dar no que tem dado.
Esperemos agora, para bem do jornalismo menos mau que se faz em Portugal, que não venha por aí uma nova direcção saída da chuteira que estiver mais à mão de Oliveira.
A ler:
Oliveira substitui direcção do “DN” logo que o negócio esteja fechado
31.7.05
Asfixia mediática
É absolutamente escandaloso que o Porto não tenha estaleca sequer para segurar um canal próprio de televisão. A NTV foi o que se viu. Na rádio, anos antes, foi a vez de a Rádio Nova, que chegou a ser um farol de qualidade, ser transformada em mais uma juke box inconsequente, com meninas de voz melada a gerir play lists...
Na imprensa, o próprio Jornal de Notícias, o porta-aviões do Norte, já foi mais da Invicta do que é hoje. O Primeiro de Janeiro pouco se vê. As delegações das revistas e dos jornais de Lisboa, ou são simbólicas, ou foram alvo de desinvestimento, sobretudo editorial, nos últimos anos (Correio da Manhã e Diário de Notícias, por exemplo). O 24 Horas é para esquecer. E O Comércio do Porto acaba mal, às mãos de um grupo espanhol que se está nas tintas para 150 anos de história.
Resultado: a diversidade e a pluralidade (de notícias, de debates, de protagonistas, de ideias) vêem-se reduzidas e o mercado de emprego, bem como o de estágios, torna-se cada vez mais afunilado. O espaço público da região fica ainda mais pobre.
De um ponto de vista mediático, o Porto é hoje uma paróquia.
A ler:
O cemitério, de Vicente Jorge Silva
Sentença de Morte, de Manuel Pinto
Blogue OComerciodoPorto
29.7.05
Teleinternet
19.7.05
A 'videoblogosfera'
Na revista Wired (dica do Ponto Media), pode ler-se um trabalho de Katie Dean sobre a emergência desta web trend, em que já se experimenta um pouco de tudo: o vereador de Boston que, no seu vlogue, responde a perguntas dos eleitores; um fulano que mostra como estrelar ovos num passeio escaldante; outro que conta histórias da sua terra natal; um outro que mostra o seu "show" noticioso diário; e há ainda o Clint Sharp, que exibe um programa semanal sobre tecnologia.
Na videoblogosfera (chamemos-lhe provisoriamente assim), tal como na blogosfera, vê-se muita criação individual que jamais passaria nos media audiovisuais tradicionais. Os vlogues, diz um analista citado na artigo da Wired, transformar-se-ão num complemento ao broadcasting tradicional.
Tendo em conta a experiência criativa e proveitosa dos blogues, não será difícil antever a explosão imaginativa que se adivinha à medida que a videoblogosfera se for expandindo e diversificando. O aperfeiçoamento do hardware e do software necessários aos vlogues tratarão, certamente, de facilitar a afirmação de novos talentos nesta área. Tal como aconteceu com os diários pessoais de papel, os vídeos caseiros passarão a ter um outro alcance, uma outra formatação, com a passagem para a Web.
A narrativa audiovisual, de muitas maneira balizada, por exemplo, nos canais de TV (que são media simultaneamente controlados e controláveis), ver-se-á liberta de quase todas as grilhetas. Os posts de vídeo serão o que os vloguistas quiserem, da forma que bem entenderem. Para o bem e para o mal, como nos ensina a história da Internet.
15.7.05
Vídeo no papel
Cada bloco dura um minuto e meio e é actualizado quatro vezes por dia, embora, em casos especiais, a actualização possa ser feita mais frequentemente, como escreve Jemina Kiss, no journalism.co.uk.
Ora aqui está um exemplo a seguir por muitos outros jornais por esse mundo fora, com os de referência a terem aqui obrigações especiais. Um jornal online não pode, não deve, ser um mero repositório de conteúdos produzidos para o papel. O seu espaço de publicação é a Web, um meio multimédia, ou melhor, hipermédia, por natureza e excelência. Esta é uma certeza que, apesar de "histórica", permanece ainda ignorada por uma parte substancial do ciberjornalismo mundial.
É por isso que muitos sites noticiosos ainda são uma grande seca.
11.7.05
No olho do furacão
7.7.05
Londres e os media online portugueses
dn.pt: para o DN, não se passa nada. Abre-se o site, clica-se em "Última hora" e... nada. Londres bem podia estar a arder...
JN: nas "Últimas", tem três notícias curtas sobre o assunto, a primeira das quais colocada às... 12.12h. E nada mais.
TSF: Pela primeira vez, e naturalmente, som na Web. Da rádio, está claro. Quanto ao mais, estilo agência noticiosa.
SIC Online: Um infográfico! E depois muita Lusa, Reuters e France Press. Nem uns 15 segundos de vídeo que podia ser aproveitado dos canais de televisão do grupo. Fraquíssimo.
1.7.05
Unilateralismo na rede
27.6.05
Negócio mal cheiroso
25.6.05
De leituras: guardiães ameaçados
13.6.05
Blogues: jornalismo pós-moderno?
Vários autores defendem hoje que os blogues são uma nova forma de jornalismo que enfatiza a personalização, a participação da audiência na criação de conteúdo e formas de estórias que são fragmentadas e interdependentes com sites.
Para Melissa Wall, da California State University-Northridge, «estas características sugerem um afastamento da abordagem moderna tradicional do jornalismo em direcção a uma nova forma de jornalismo impregnada de sensibilidades pós-modernas.»
Num artigo escrito para a revista Journalism, (Volume 6, Número 2, Maio de 2005), Wall relata as conclusões de um estudo sobre blogues orientados para a notícia, durante a invasão do Iraque, na Primavera de 2003. A autora conclui que estes blogues representam um novo género de jornalismo, com um tipo de notícias mais conversacional, dialógico e descentralizado.
Wall sugere que os blogues podem mais abrangentemente ser entendidos como ‘jornalismo pós-moderno’, argumentando que, se o jornalismo tradicional do século XX é visto como um produto da modernidade, então as mudanças sociais dos últimos anos que levaram observadores a identificar um período de hipermodernidade ou pós-modernidade precisam de ser consideradas quando se fala do futuro do jornalismo.
8.6.05
Dez anos de ciberjornalismo: balanço
O texto A Internet e o declínio dos jornais e uma entrevista a Ramon Salaverría, um dos principais oradores das jornadas, resumem muitos dos tópicos abordados em Braga.
Também no portal do curso de Jornalismo e Ciências da Comunicação da Universidade do Porto pode ler-se um resumo das jornadas feito por Letícia Amorim ("Uma década de jornalismo digital é muito pouco") e uma entrevista da mesma aluna a Rosental Calmon Alves, professor da Universidade do Texas.
30.5.05
Ciberjornalismo: peças de baú
Os jornais do futuro na rota de Barcelona (1995)
Os herdeiros do videotexto (1995)
Jornalistas portugueses apostam na Net (1996)
TSF: a rádio em directo na rede (1996)
Cornetas perdidas no meio da orquestra? (1996)
Os novos jornalistas (1996)
Jornais digitais em contagem crescente (1996)
El País Digital à maneira de uma agência de notícias (1996)
Mindy McAdams: Jornais electrónicos devem ser rápidos e breves (1996)
Na minha "velhinha" homepage, há ainda mais passado sobre esta história...
27.5.05
Deus no ar
25.5.05
Jornalismo em debate
20.5.05
Fora de prazo
15.5.05
Dez anos de jornalismo na Web
Quase uma década depois de o primeiro diário generalista português ter começado a publicar regularmente notícias na sua versão online, é uma excelente altura para se fazer o balanço. Quanto mais não seja para se procurar perceber melhor os porquês de estar quase tudo por fazer no que ao ciberjornalismo nacional diz respeito...
7.5.05
Imprensa: a crise dos quatrocentos
Por outro lado, e aqui, sim, acerta tarde mas em cheio, Murdoch defende a dinamização do sites dos jornais, «ultrapassando o mero espelho das edições impressas, com notícias mais viradas para os leitores, comentários que os tornem quase "blogs" e aproveitando melhor as possibilidades de imagem e som». Nada que não tenha sido defendido nos últimos dez anos por quem acompanha de perto o ciberjornalismo. Mas, enfim, nunca é tarde para começar a trabalhar a sério.
Disto resulta que no mundo dos jornais começa a ganhar consistência a percepção, por parte do topo da hierarquia de grandes grupos de comunicação, de que é na Internet que está uma das respostas mais sérias para o futuro da imprensa tradicional. Mas o que se torna necessário que compreendam é que muita coisa terá que mudar para que os velhos jornais não pareçam mesmo "velhos" no ciberespaço. Será necessário reforçar o volume de investimentos em meios técnicos e humanos, adaptar os conteúdos aos formatos e linguagens da Web, hipertextualizar as narrativas jornalísticas, formar ciberjornalistas, alargar espaços de participação dos leitores, e, acima de tudo, estar permanentemente aberto às mudanças em curso.
Se tudo se mantiver como até agora, com um abismo a separar os grandes discursos sobre a era digital da concretização de projectos jornalísticos online como deve ser, a imprensa pode, de facto, vir a viver dias muito difíceis nas próximas décadas.
Memória: há 400 anos, em Anvers...
24.4.05
Eles e os media
Um dos maiores trunfos de Gillmor é centrar a sua escrita sempre na perspectiva de um jornalista, e não apenas na de alguém que acompanha a fundo as transformações que as novas tecnologias estão a emular no jornalismo. A páginas tantas, já na parte final, o autor recorda uma ou outra reacção de leitores que estranharam precisamente o facto de ele não ter despido a pele de jornalista para falar no fantástico mundo dos blogues, wikis ou RSS. Não despiu e fez muito bem.
É como jornalista que ele se mostra preocupado, sobretudo na parte inicial, com tendências recentes que estão a desvirtuar muita da prática jornalística contemporânea. Por exemplo, quando refere: «O jornalismo empresarial, que hoje é dominante, está a provocar a diminuição da qualidade para fazer subir os lucros a curto prazo: O que tem o seu lado perverso: tais táticas poderão acabar por nos destruir.»
Ou então, a fazer lembrar um pouco o que se passa no pequeno quintal mediático português: «As fusões tornam a situação ainda mais ameaçadora. Os grupos de informação estão a fundir-se para formarem grupos cada vez maiores. Em muitos casos, o jornalismo sério - e o serviço público - continua a ser a vítima. Tudo isto deixa um vazio informativo que os jornalistas, especialmente os cidadãos-jornalistas, estão a ocupar.»
A expressão "cidadãos-jornalistas" é uma constante em Nós, os Media. Gillmor vê-os como uma força emergente de enorme potencial. Tanto que poderão transformar-se em actores de primeira linha num palco até agora reservado quase exclusivamente aos jornalistas profissionais.
Neste particular, Gillmor traça uma prospectiva de alerta: «A produção de notícias e a reportagem do futuro serão mais parecidas com uma troca de ideias ou com um seminário. A linha divisória entre produtores e consumidores vai esbater-se, provocando alterações, que só agora começamos a antever, nos papéis de cada um dos grupos. (...) A evolução - do jornalismo como lição para o jornalismo veículo de trocas de ideias ou seminário - obrigará a um ajustamento por parte dos diversos grupos de interesses.»
São inúmeras as questões pertinentes que Gillmor levanta, sendo que algumas delas serão para ir aprofundando com o tempo. Mas uma das que talvez merecesse melhor análise neste livro tem que ver com os próprios conceitos de jornalismo e jornalista. Gillmor fala com frequência em cidadãos-jornalistas ou em bloguistas-jornalistas sem precisar bem, em termos teóricos, o que isso significa. Mas este é um debate que ainda agora está a começar.
18.4.05
Salaverría sobre ciberjornalismo
14.4.05
O "novo" jornalista
6.4.05
De leituras: 'Web Journalism'
No final de cada capítulo, Stovall disponibiliza bibliografia e sugere questões para discutir na sala de aula. Prático e útil. Aqui ficam algumas ideias:
«Nenhum web site noticioso está ainda perto de utilizar todo o potencial da Web. A capacidade, imediatez, flexibilidade, permanência e interactividade da Web ainda não foram completamente exploradas por nenhuma empresa jornalística. Jornais, revistas, estações de rádio e estações de televisão, cuja história e investimentos têm sido feitos noutros produtos, têm sido tímidos na aproximação à Web.»
«Os jornalistas da Web estão a aprender a pensar ‘lateralmente’ sobre as suas estórias. Em vez de apenas recolher informação suficiente para escrever uma só estória em pirâmide invertida, um jornalista da web tem de considerar vários tipos de informação que podem ser incluídos como partes de um pacote da estória.»
«À medida que o jornalismo da web se desenvolver, os jornalistas serão chamados a ser mais proficientes nas suas técnicas de reportagem e de escrita e mais versáteis no modo como pensam. A cobertura de acontecimentos de última hora será imediata e contínua, porque a audiência esperará saber o que o jornalista sabe quando o repórter sabe. A cobertura de acontecimentos que não sejam de última hora será mais profunda e completa, porque as audiências esperarão uma rica e variada experiência quando visitam um site noticioso.