31.12.07

Sobreconsumo de celebróides

«Os Gregos consideravam que os deuses deploravam as manifestações de triunfo e os grandes sucessos que levavam os homens a transpor a sua condição de mortais. Por sua vez, os meios de comunicação social hipermodernos dão um relevo sem precedente aos olimpianos (estrelas de cinema, top models, playboys, desportistas, multimilionários, etc.) que parecem viver num plano superior da existência. Actualmente, já não consumimos apenas coisas, mas sobreconsumimos o espectáculo hiperbólico da felicidade das personagens celebróides.»


Gilles Lipovestky, A Felicidade Paradoxal

29.12.07

Últimos momentos de Bhutto partilhados

As imagens dos momentos que antecederam o assassínio de Benazir Bhutto remetem-nos para o célebre vídeo de Zapruder, que captou, "em directo", a morte do presidente Kennedy.

Hoje, o vídeo dos instantes finais de Bhutto corre o mundo num ápice e propaga-se na Web graças, também, à ajuda de uma modalidade em crescimento: a partilha, facilitada pela abertura do código que permite fazer o embebimento de vídeos em sítios e blogues.

Pela primeira vez durante um grande acontecimento noticioso, assinala Andy Plesser, vídeos criados pela Reuters e outras empresas jornalísticas de peso (Washington Post e Wall Street Journal, por exemplo) estão a ser "partilhados" através do embed, à boa moda do YouTube.

Deste modo, material tipicamente jornalístico extravasa, de forma legal, para um vasto número de sítios não-jornalísticos. O vídeo do assassinato da ex-primeira-ministra do Paquistão constitui, por isso, um marco no percurso dos média online.

28.12.07

O ardina electrónico

Numa altura em que abundam os móveis e telemóveis prognósticos tecnológicos para 2008, e em que a imprensa parece uma barata tonta com a pancada dada pelos gratuitos, nada como embelezar a memória relembrando um exercício prospectivo feito, há 37 anos, pelos japoneses da Toshiba.

«Será desta maneira que vai receber o seu jornal no futuro?» A imagem mostra um jornal de papel a sair do interior de uma caixa parecida com um rádio.

É uma pequena pérola esta foto, datada de 1970. O «ardina electrónico» era mais prosaicamente identificado como «facsimile receiver». Imprimia ambos os lados da folha simultaneamente em seis minutos.

Quase quatro décadas depois, ainda andamos às voltas com ciberquiosques e «ardinas electrónicos» a fornecerem-nos os jornais na Web em formato PDF para imprimir.

21.12.07

Ciberjornalismo em Portugal 2007

2007 não foi um ano de boa colheita para o ciberjornalismo em Portugal. No essencial, confirmou a relativa estagnação, em termos de investimento e inovação, vivida após o "boom" registado na viragem do século. Ainda assim, algumas marcas merecem registo.

O Público.pt foi, de novo, o que mais se destacou pela positiva. Fez uma remodelação gráfica significativa e apostou no vídeo, criando, para o efeito, uma pequena equipa. Nas restantes edições online dos principais diários nacionais, o panorama manteve-se, a todos os títulos, deprimente.

O Expresso online fez algumas mudanças. O grafismo melhorou. A aposta no vídeo (Expresso TV) foi feita, ainda que de forma limitada. A interacção com os leitores foi fomentada. Notou-se preocupação em reforçar a componente multimédia.

Da SIC, também do grupo Impresa, vieram sinais claros de aposta na convergência, numa lógica de integração de redacções, televisiva e online. A nível internacional, a convergência deu muito que falar, dividindo analistas quanto aos prós e contras da tendência. Mas, tal como o vídeo, parece ter vindo para ficar. A rádio começou a perceber isto. Logo no início do ano, o site da Rádio Renascença começara a incorporar vídeo.

No Diário Digital, houve uma discreta mudança de director: Pedro Curvelo substituiu Filipe Rodrigues da Silva. O jornal anunciou, para Janeiro, novas secções e o reforço dos conteúdos informativos da área desportiva e económica e da área dedicada aos utilizadores. O concorrente mais directo, o PortugalDiário, está, há muito tempo, na mesma.

Esperemos, pois, que 2008 sirva para dar a volta ao generalizado estado de penúria ciberjornalística nacional. Mesmo assim, já vamos chegar tarde ao futuro.

13.12.07

Novas técnicas, novas frustrações

«Depois da explosão da Internet, tudo se acalmará porque o dia tem 24 horas e as necessidades de comunicação do ser humano não se satisfazem completamente. Vamos atrás de um sonho. A comunicação humana é difícil e é um erro pensar que só a técnica ajudará a melhorá-la. Não é verdade. Criamos novas técnicas e nascem novas frustrações sobre as nossas expectativas de comunicação.»

Dominique Wolton, Ciberp@ís

Travessias na memória sobre Dominique Wolton:
Ser individual
Pensar a técnica


12.12.07

Jornalismo móvel extremo

Uma jornalista alemã tem estado a fazer, para o jornal Die Welt, a cobertura jornalística multimédia de uma regata transatlântica. Joerdis Guzman usa apenas um computador portátil, uma pequena câmara de vídeo e um telefone-satélite rudimentar.

Por isso, há já quem fale em "jornalismo móvel extremo". É o caso de Robb Montgomery, da Visual Editors, que considera este um bom exemplo de uma estória multimédia porque, usando ferramentas básicas da Web, o jornalista faz com que a audiência acompanhe a par e passo a corrida.

Montgomery explica, com recurso a um vídeo do Google Earth, esta cobertura jornalística extremamente móvel:


A ler:
Extreme mobile journalism

7.12.07

Jornalistas, fontes e a Internet

O jornalista Rui Gomes defendeu, anteontem, na Universidade Nova de Lisboa, a sua tese de mestrado (que tive o prazer de arguir), intitulada A importância da Internet no relacionamento entre jornalistas e fontes de informação.

O tema é bastante interessante e pouco estudado em Portugal. Rui Gomes procurou saber como a Internet está a ser usada por jornalistas portugueses de imprensa, rádio e televisão. Chegou a algumas conclusões que vale a pena reter:

* A quase totalidade dos jornalistas inquiridos tem uma opinião «extremamente positiva» sobre a Internet, o que leva, segundo o autor do estudo, a uma visão «cor-de-rosa» do meio e a uma confiança excessiva no material encontrado online.

* Quase 90 por cento dos jornalistas inquiridos utilizam a Internet nas suas peças jornalísticas. O uso é menor por parte dos jornalistas de televisão.

* O email é utilizado por 72.83 por cento como ferramenta para encontrar e contactar fontes de informação.

* A maioria considera que a Internet facilita o seu trabalho, melhora a qualidade do mesmo e torna as notícias mais diversas.

* A facilidade de contacto com fontes é uma das vantagens da utilização da Internet destacadas com particular relevo na imprensa.

* Os newsgroups são pouco utilizados pelos jornalistas dos três meios, enquanto os blogues são mais utilizados pelos jornalistas de imprensa.

* Os jornalistas de imprensa defendem que a fixação dos jornalistas nas redacções é um facto (sedentarização do jornalismo, tendência que preocupa Rui Gomes), enquanto os jornalistas de rádio discordam totalmente.


A tese, na qual Rui Gomes defende que «a Internet mudou a forma como se faz jornalismo e a própria profissão», irá agora ser publicada em livro.

6.12.07

Caras e claras

A vedetização, "jetsetização" e transformação de jornalistas em objectos de marketing é um dos fenómenos mais repelentes do jornalismo contemporâneo.

2.12.07

Um Kindle para ler

A Amazon desenvolveu um dispositivo de leitura de livros, revistas, jornais e blogues. Talvez por isso seja um pouco redutor chamar-lhe e-book. O Kindle herda parte da (longa) investigação feita no campo dos livros electrónicos, mas vai mais longe.

O vídeo promocional sobre o Amazon Kindle é bastante convincente (e a infografia digital publicada hoje no ELPAÍS.com dá uma boa ajuda). Mas, como a história das novas tecnologias nos ensina, nem sempre as boas ideias vencem na prática.

Não obstante, o Kindle, potenciando várias tecnologias hoje consolidadas, como é o caso das redes móveis, constitui, no mínimo, um excelente exercício prospectivo do acto de ler.



Travessias na memória:
Dois jornais para o próximo milénio
A tinta que não pinta
O livro do desassossego

28.11.07

NYT: credenciais jornalísticas e aptidões técnicas

Fiona Spruill, editora da edição Web do New York Times, tem estado a responder a perguntas dos leitores num espaço próprio criado para o efeito, o "Talk to the Newsroom".

A uma pergunta, relacionada com as aptidões necessárias para trabalhar numa redacção digital como a do diário nova-iorquino, Spruill respondeu que são exigidas sólidas credenciais jornalísticas e fortes aptidões técnicas:

«Our Web newsroom is closely integrated with the print newsroom, so I am looking for people who can flourish in both worlds and who I could see fitting into many different jobs at The Times. Among other things, producers are responsible for packaging the news online and for creating original multimedia. As a result, they need to have solid journalism credentials and strong technical skills.

On the technical side, we want people to walk in the door with a proficiency in Photoshop, HTML and blogging software, and an understanding of Web publishing systems. Experience in the production of multimedia — including the use of audio and video editing tools — is strongly desirable. For our more specialized multimedia positions, we expect to see an extensive knowledge of Flash and an understanding of how to integrate databases into multimedia presentations.»

A redacção digital do New York Times tem 60 produtores e editores, que asseguram a publicação de forma ininterrupta, 24 sobre 24 horas.

23.11.07

New York Times também converge

O New York Times também entrou na onda da convergência. Acaba de estrear um novo edifício, desenhado pelo famoso arquitecto Renzo Piano, onde trabalharão juntas as redacções tradicional e digital (até agora funcionavam em edifícios separados).

A propósito desta mudança, o diário nova-iorquino produziu um vídeo que nos permite ver e entrar no novo mundo, convergente e integrado, do Times. Os editores Jim Roberts e Jon Landman explicam as vantagens de jornalistas e ciberjornalistas partilharem o mesmo espaço:

22.11.07

Ciberjornais mais simples

A homepage do MSNBC, recentemente redesenhada, está bastante agradável. A par de outras, esta mudança dá-nos a ver pelo menos três tendências em subida no grafismo dos ciberjornais: simplificação, aligeiramento e horizontalização dos conteúdos dispostos nas páginas.

Por contraste, podemos ver, por exemplo, a homepage do New York Times, ainda muito marcada pelo grafismo da versão em papel, vertical (cinco colunas) e com uma mancha de títulos e entradas bastante compacta.

19.11.07

O Público.pt está melhor, mas pode ir mais longe

Primeira observação: em termos gráficos, o novo Público.pt está melhor. Aproxima-se, com a estreia, hoje, de um novo figurino, do modelo de cibejornais como ELPAÍS.com, cujo design tem sido elogiado por diversos especialistas na área e premiado. A opção pelas três colunas e pela diferenciação do tipo de letra nos títulos aumenta, em muito, a legibilidade da homepage do diário da Sonae.

Segunda observação: na comparação directa com o ELPAÍS.com, a "primeira página" do Público.pt perde em termos de atractividade na área da fotografia: no diário espanhol, as fotos são mais abundantes, maiores e aparecem mais destacadas aos longo dos ecrãs de "scroll" necessários para visualizar toda a homepage. No ELPAÍS.com, tal como o Guardian Unlimited, por exemplo, vemos também mais cor nos cabeçalhos de algumas secções. A cor, usada com equilíbrio, torna as páginas mais atraentes.

Terceira observação: a nova secção de vídeo é uma das apostas mais promissoras, ainda que se note não estar em velocidade de cruzeiro. O grafismo do Público Vídeo é simples, como deve ser; a usabilidade é boa; o tamanho do ecrã dos vídeos é apropriado, com a correcta opção "full screen"; a duração dos anúncios, curta, afigura-se ideal; também correcta parece ser a contenção nas opções do tipo "web 2.0" (Digg, Newsvine, Technorati, etc.); falta a opção "embed", mas, convenhamos, ainda será cedo para dar um passo que, até agora, poucos ciberjornais de renome se atreveram a dar.

Independentemente dos aspectos a melhorar, o Público.pt deu mais um passo arrojado e na direcção certa no sentido de se aproximar do que de melhor se vai fazendo por esse mundo fora em termos de ciberjornalismo, um território onde muito ainda está por descobrir e inventar. Em Portugal, nem se fala.


A ler:
PÚBLICO passa a ter vídeos no seu site a partir de hoje

17.11.07

Público.pt com novo grafismo

Depois de amanhã, o Público.pt estreia um novo desenho. Terá três colunas, em vez das actuais quatro, com a barra de navegação a passar da vertical à esquerda para a barra superior horizontal, à semelhança do que fazem vários ciberjornais de referência, como é o caso do ELPAÍS.com.

A principal novidade, como já aqui referi, é a aposta no vídeo, com a criação do Público Vídeo, secção de cinco elementos liderada por Alexandre Martins, editor Multimédia. «Focado em reportagens e entrevistas, o Público Vídeo pretende contar com a colaboração de todos os profissionais da redacção do diário.» (Meios & Publicidade). Há aqui, portanto, um pequeno passo dado no sentido da convergência.


16.11.07

Convergência multimédia na SIC

A convergência lá vai dando os seus passinhos em Portugal. Segundo a Meios & Publicidade, a SIC vai apostar numa lógica de integração de redacções, televisiva e online. Os jornalistas da SIC vão passar a redigir notícias primeiro para suporte online e depois para televisão.

Deste modo, os jornalistas trabalharão em simultâneo para várias plataformas. SIC, SIC Notícias e SIC Online passam a contar com o contributo de todos os jornalistas. A SIC Online passa de uma equipa de sete pessoas para um potencial de mais de 100 jornalistas.

Os responsáveis da estação, que ontem apresentaram o projecto, explicam que a estratégia multimédia implicará também a distribuição de telemóveis 3G com câmara de filmar a jornalistas da redacção, para que estes possam recolher e enviar ficheiros a utilizar em qualquer um dos suportes. O Washington Post foi um dos pioneiros nesta aposta.

A convergência de redacções divide as classes jornalísticas. Muitos receiam que a multiplicação de tarefas acabe por afectar a qualidade do trabalho produzido: haverá menos tempo para rever, verificar, contrastar, aprofundar e, sobretudo, investigar, algo que (infelizmente) se tornou um verdadeiro luxo no jornalismo contemporâneo. Do lado empresarial, esta opção é, em geral, vista com muito melhores olhos.


A ler:
SIC com redacção multimédia

12.11.07

BBC News aposta na convergência

A convergência de média em grupos de comunicação multimédia está longe de ser um tema gerador de consensos. Não obstante, a tendência vai somando adeptos de peso, como é o caso, recente, da BBC.

A BBC News prepara-se para integrar numa nova redacção multimédia a sua principal produção televisiva, radiofónica e online, o que obriga a uma reorganização geral substantiva.

O grupo vai ainda investir mais em notícia on demand, incluindo o desenvolvimento de conteúdo para diversas plataformas, como telemóveis, e produzir mais conteúdos em áudio e vídeo especificamente para a Web.


A ler:
BBC News unveils integrated newsroom
Telegraph de ponta II
Boston Globe funde redacções

9.11.07

Ideias para um melhor jornalismo

Ora aqui está uma ideia inspiradora nos tempos de "jornalismo-produto-empacotado-preguiçoso" que correm: um antigo publisher do Star Tribune (Minnesota, EUA), jornal que foi alvo de mudança de proprietário e de redução de pessoal (perdendo leitores a seguir...), resolveu abrir na Web um sítio de notícias.

O MinnPost está a recrutar jornalistas veteranos e pretende dedicar-se ao jornalismo de qualidade, coisa que, pelos vistos, começou a rarear nos principais diários daquele estado.

Por vezes, na semelhança de problemas ligados ao jornalismo, o mundo parece mesmo uma pequena aldeia global.


(dica de Editors Weblog)

8.11.07

Papel em queda, ciberjornais a crescer

Enquanto os 25 maiores jornais norte-americanos continuam a tendência de queda de circulação, como confirmou, há dias, o Audit Bureau of Circulations, vemos os lucros da ciberimprensa aumentar. A transferência de públicos e de anunciantes do papel para a Web parece ser uma tendência com futuro.

O lucro gerado pelos sites continua a ser apenas uma fracção da receita total dos jornais, mas as margens de lucro online estão a disparar um pouco por todo o mundo.

Segundo um estudo apresentado ontem, o lucro dos jornais de papel tem vindo a decair nos últimos anos, ao passo que os empreendimentos online mais maduros estão agora a gerar 40 por cento ou mais dos lucros. Apesar disso, não se prevê para breve que os lucros online cresçam ao ponto de suplantarem os gerados pelo papel. Mas, com grande probabilidade, será apenas uma questão de tempo.

Escusado será dizer que as empresas jornalísticas devem estar particularmente atentas a estas tendências.


A ler:
Revenue From Web Sites Remains Small - But Profit Margins Are Swelling

5.11.07

O alegado jornalismo

«Por outro lado, as raras vezes que, em tal jornalismo, algo acontece, acontece "alegadamente": a mulher foi alegadamente atropelada, o sinal verde estava alegadamente aceso, o automobilista teria alegadamente 2 gramas de sangue no álcool. E tudo segundo fontes "próximas" de qualquer coisa, pois os jornalistas, hoje, não afirmam nem confirmam, repetem. Por estas e por outras, cada vez admiro mais o "Borda d'Água".»


Manuel António Pina, JN, 05.11.2007

3.11.07

Nos bastidores do Clarín.com

Não é todos os dias que se encontra na Web um vídeo que nos mostre os bastidores de um ciberjornal. No YouTube, foi colocado um pequeno documentário sobre o Clarín.com, a versão online do diário argentino Clarín, líder de audiências no país. Uma oportunidade única para vermos e ouvirmos quem trabalha em ciberjornalismo.

O Clarín.com tem um desenho próximo do do ELPAÍS.com e fará roer de inveja muito bom ciberjornal europeu.


31.10.07

Vídeo no Público.pt, renovação no Diário Digital

E o ciberjornalismo em Portugal move-se! Enfim, um pouco... O Público.pt vai apostar no vídeo e o Diário Digital anuncia uma reformulação gráfica e de conteúdos.

Segundo a Meios & Publicidade (MP), o vídeo vai chegar em breve ao Público.pt, «com conteúdos audiovisuais produzidos internamente e provenientes de agências noticiosas», conforme adianta António Granado.

O Público Vídeo será acompanhado de um "refrescamento" gráfico e de navegação do site. O mais interessante é que este novo serviço terá uma equipa fixa de cinco elementos: um editor, dois jornalistas e dois técnicos. Para a escala do ciberjornalismo português, este é um investimento considerável e um passo audacioso. De saudar, portanto. Ainda para mais numa altura em que, lá por fora, o investimento dos jornais no vídeo aumenta a olhos vistos.

Já a aposta do Diário Digital parece um pouco mais modesta. Ainda segundo a MP, em Janeiro o design será mudado, haverá novas secções, reforço dos conteúdos informativos da área desportiva e económica e da área dedicada aos utilizadores.

Para quem anda a pregar no deserto do ciberjornalismo português há 12 anos, pequenas notícias como estas são particularmente gratificantes, acreditem.


A ler:
Site do Público com canal de vídeos
Novo Portugal Diário em Janeiro

28.10.07

O telemóvel reporta



Nos recentes incêndios na Califórnia, as imagens recolhidas por telemóvel foram abundantemente mostradas em sítios de média mainstream, como a CNN ou a NBC. A catástrofe foi um momento privilegiado para observar algumas tendências que estão a ganhar terreno no ciberjornalismo.

As fotos e os vídeos de telemóvel, como se sabe, não têm grande qualidade, mas, em situações como esta, servem para captar, com aquele carácter de urgência do momento, o que se passa em pontos muito distintos de uma grande área geográfica. Por isso, ainda que captados por cidadãos, passam a ter "valor noticioso".

No caso destes incêndios, o que mais impressionou foi a quantidade sem precedentes de vídeos captados e disponibilizados em ciberjornais de peso. Algumas empresas, como a NBC, já estão a fazer parcerias com novas empresas, especializadas em partilha de vídeos de telemóvel, como a Veeker, para gerirem os fluxos deste tipo de imagens.

O telemóvel como ferramenta de "reportagem" está aí.


A ler:
Mainstream media se apropriando das tecnologias e das estratégias dos amadores

27.10.07

Palmas e Bordoadas: no Expresso

Por vezes, dá a impressão que o Expresso chega a sábado já muito cansado de uma semana inteira de trabalho. O resultado é este: primeiras páginas desertas.

26.10.07

No Travessias

No Travessias, o "irmão mais velho" do Travessias Digitais, entradas sobre Zygmunt Bauman, David Sylvian, Krzysztof Kieslowski, Stephan Micus, Robert Wyatt, Akira Kurosawa, Jim Jarmusch e Tom Waits.

25.10.07

Vídeo cresce nos jornais

O vídeo é cada vez mais utilizado pelos jornais, em especial os norte-americanos. Andy Dickinson, professor de ciberjonalismo na universidade de Central Lancashire, traduziu em números aquilo que é visível em muitos ciberjornais.

Os jornais diários produzem agora entre 4 e 8 vídeos por semana, enquanto os semanários se ficam, no máximo, pelos 4. A duração média de cada vídeo é de 2-3 minutos. Demora cerca de uma hora a produzir 1 minuto de vídeo.

Os resultados pormenorizados do inquérito online conduzido por Dickinson podem ser vistos aqui.


(dica de Editors Weblog)

24.10.07

JPN experimenta infografia digital

Tal como acontece com a reportagem multimédia, a infografia digital, considerada por alguns autores como um novo género jornalístico, está ainda por explorar nos principais ciberjornais portugueses.

A infografia digital tem, em termos narrativos, um potencial enorme. Isso mesmo nos têm mostrado El País, o El Mundo, o New York Times, entre outros.

Mas nem só entre os grandes se fazem experiências neste novo território. No JPN, o portal do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto, foi criada uma pequena equipa multidisciplinar com o objectivo de produzir trabalhos nesta área. A primeira infografia digital (multimédia, em Flash) mostra como funciona a técnica que venceu o Nobel da Medicina.

20.10.07

Recrutas em Flash

Dois repórteres do St. Louis Post-Dispatch acompanharam, durante nove semanas, um grupo de recrutas do Exército norte-americano. O resultado foi uma reportagem multimédia, produzida em Flash, dividida em seis partes e com uma componente vídeo bastante assinalável.

Trabalhos em Flash, como este Reporting for Duty, que, apesar de interessante, não chega aos calcanhares de outras reportagens multimédia premiadas (MSNBC, Washington Post, etc.), têm vindo a ser produzidos, cada vez mais de forma regular, por jornais norte-americanos.

Mas, tal como pergunta Robert Niles, na Online Journalism Review, até que ponto este formato serve a audiência? Que se aprendeu até agora sobre narrativa jornalística em Flash? Que devem os jornalistas fazer para ajudar a consolidar as normas de produção?

Apesar das muitas questões em aberto, a reportagem multimédia, que experimento com os meus alunos de Ciências da Comunicação desde 2004, é um dos campos mais desafiantes e fascinantes do ciberjornalismo. Infelizmente, os média online portugueses encontram-se ainda praticamente a zero nesta matéria.

18.10.07

A revolução na informação

Michael Wesch, professor de Antropologia Cultural na Kansas State University, colocou no YouTube um vídeo sobre a evolução no modo como nós encontramos, armazenamos, criamos, criticamos e partilhamos informação.

Wesch, de quem já passámos aqui no Travessias Digitais o vídeo Web 2.0... The Machine is Us/ing us, diz que Information R/evolution é um ponto de partida para o debate sobre o futuro próximo e as aptidões necessárias para criar, avaliar e gerir informação de forma correcta.

Por aqui se vê que, dos pesados e lentos arquivos tradicionais às alucinantes buscas no Google, foi um enorme passo, dado à velocidade da luz.

15.10.07

"Querer comprender" El País no YouTube

O anúncio de televisão do 'novo' El País (ver entrada anterior) já está no YouTube. Se a ideia é piscar o olho às gerações mais novas, o pequeno spot parece acertar. No texto, no tom e no ritmo:

14.10.07

Chaves para compreender o 'novo' El País

El País, o maior diário espanhol, com 31 anos de história, vai mudar no próximo domingo. A ordem das secções será alterada e haverá «janelas e novos formatos e linguagens. Objectivo: fornecer chaves para compreender.»

A propósito das mudanças que se avizinham, o director do jornal, Javier Moreno, procura responder a uma questão simples: para quê mudar? «Cambiamos por responsabilidad; por responsabilidad con nosotros mismos, en primer lugar, como periodistas; por responsabilidad con nuestros lectores y, por extensión, por responsabilidad con la sociedad a la que nos dirigimos y con la que ya contrajimos ese compromiso hace 31 años, cuando el periódico vio la luz por vez primera.»

Moreno rejeita a ideia de que o jornalismo esteja em crise. Mostra-se, antes, mais preocupado como futuro da democracia e com a ligação às novas gerações : «Por eso no creemos que el periodismo esté en crisis; y si nos hubiéramos de preocupar por el futuro de los periódicos, mejor haríamos en hacerlo por el futuro de la democracia misma. Por eso cambiamos. Un periódico es, entre otras muchas cosas, una mirada compartida con sus lectores a lo largo de los años. Y para seguir desempeñando esa función con éxito en los próximos 15 o 20 necesitamos conectar con las generaciones que se convertirán en el eje central de este país en ese periodo de tiempo. A todos los niveles: un nuevo discurso narrativo; otra manera de contar lo que sucede; cómo se les ofrece y qué se les ofrece; un nuevo perfil de la modernidad, que ahora tiene poco que ver con la que se impuso hace tres décadas; Internet.»

A ler:
EL PAÍS cambia con sus lectores
De cómo y para qué se ejerce el periodismo

11.10.07

Palmas e Bordoadas: a ver qual a mais frívola














A avaliar pela qualidade das capas, as newsmagazines nacionais parecem apostadas em competir umas com as outras no campeonato da frivolidade.

Anda o país e o mundo com tantos problemas sérios para tratar e investigar e estas vêm com temas gastos, banais, inócuos, frívolos. De um ponto de vista jornalístico, são bagatelas. Estará mesmo cientificamente provado que as bagatelas vendem?

10.10.07

Jornais e blogues na mesma onda

De início, os jornais estranharam ou desprezaram os blogues. Agora, não só os acolhem nas suas páginas online como até, nalguns casos, partilham os lucros da publicidade.

Recentemente, o Washington Post e o Guardian acrescentaram um "blog roll" (lista de blogues) patrocinado às suas edições na Web. Se algum dos blogues listados conseguir vender um anúncio, o lucro é divido entre o jornal e o bloguista.


A ler:
From despising blogs to sharing revenue
Newspapers, bloggers now on the same page

8.10.07

Ciberjornalismo de investigação

No Público, Paulo Moura escreve hoje, no Caderno P2, um artigo interessantíssimo sobre a "invenção" de um novo género de reportagem: o ciberjornalismo de investigação.

Moura entrevistou, entre outros, o jornalista Neil Doyle, que há muito perscruta os meandros da Al-Qaeda na Internet. Algumas citações a reter:

«Nos últimos 18 meses, ainda segundo Neil Doyle, as autoridades começaram a prestar atenção à Internet. Mas levam um grande atraso. O mesmo se passa com os jornalistas. Só agora alguns se apercebem de que, em certas áreas, se querem investigar, têm de investigar na Net. Não é exactamente o mesmo que passar a viver no Second Life, porque não podem perder o contacto com o mundo real. Mas é preciso mergulhar no universo específico da Internet. E saber fazê-lo.»

«"As capacidades de um jornalista devem ser usadas da mesma forma, quer se esteja no mundo real, quer no virtual. A Internet é apenas um novo território que é preciso cobrir", explica ele. "Continuo a usar o telefone e a encontrar-me com pessoas, como qualquer repórter."»

«Fazer uma cobertura rigorosa e sistemática da Net, seja qual for a área de trabalho, deveria ser ensinado nas escolas de jornalismo, diz Doyle. "Endereços de páginas web têm de começar a integrar a agenda de qualquer jornalista."»

«"As pessoas confiam de mais. Acham que é verdade porque está na Net. Diz-se que os jornais são o primeiro esboço da História. A Net está a substituí-los."»


A ler:
Investigar o real no mundo virtual (Público, Caderno P2, 8.10.2007)

6.10.07

"Jornalismo Digital de Terceira Geração"

O livro Jornalismo digital de terceira geração está disponível, em versão PDF, no sítio do Labcom. Publicado recentemente e organizado por Suzana Barbosa, reúne os artigos apresentados durante as “Jornadas Jornalismo On-line.2005: Aspectos e Tendências”, na Universidade da Beira Interior.

Além dos artigos dos seis participantes das Jornadas (Anabela Gradim, António Fidalgo, Concha Edo, Jim Hall, João Canavilhas e Suzana Barbosa), «o livro agrega mais duas importantes contribuições produzidas pelos autores brasileiros Elias Machado, Marcos Palacios e Paulo Munhoz. De um modo geral, os textos que integram este livro-colectânea reflectem a evolução do jornalismo digital.»

(dica de irreal.tv)

Também disponível em PDF está o livro Journalism 2.0: How to Survive and Thrive. A digital literacy guide for the information age, de Mark Briggs.

Trata-se de uma espécie de manual de actualização e sobrevivência dos jornalistas no acelerado mundo da Web 2.0 e tudo o que ela comporta. Os capítulos finais são reservados aos novos métodos de reportagem (multimédia, naturalmente) na Web.

4.10.07

Vídeo: ciberjornais apostam no 'outsourcing'

No que ao vídeo diz respeito, os jornais de peso estão a apostar no outsourcing.

Por exemplo, os vídeos dos sites do Guardian e do Daily Telegraph vão ser geridos pela empresa norte-americana Brightcove, que já tem na sua carteira de clientes o Wall Street Journal e o Washington Post, entre outros.

A ideia é simples: quando os jornais, cuja matéria-prima principal é o texto, não têm meios técnicos ou humanos para gerir um medium que à partida lhes é estranho, contratam quem sabe do assunto. Não custa muito: basta saber definir prioridades e ter capacidade de concretização.

O "player" da Brightcove no Telegraph vai ter este aspecto:

(dica de Beet.tv)

3.10.07

Blogues são para acompanhar

«Os blogs e todos esses sistemas novos podem parecer frágeis, pouco confiáveis e pouco sérios. Mas eles são uma demonstração da criatividade e inovação que está acontecendo fora do âmbito do jornalismo tradicional. Ao completar sua primeira década, o jornalismo online entra numa etapa de seu desenvolvimento onde é vital acompanhar de perto e estudar o significado dessas iniciativas que estão surgindo na medida em que a Revolução Digital avança e rompe os paradigmas tradicionais da comunicação. Se quisermos manter vivo o jornalismo independente e profissional, que é tão importante para a democracia, precisamos adaptá-lo ao novo ambiente midiático que está em formação.»

Rosental Calmon Alves, Comunicação e Sociedade, vol. 9-10

29.9.07

Ciberjornalismo mais móvel e micro

Há duas palavras que começam a ganhar peso no vocabulário do ciberjornalismo: "móvel" e "micro".

O ELPAÍS.com acaba de lançar o Micrografias, um blogue com fotografias do dia-a-dia feitas a partir de um telemóvel (dica de Jornalismo Móvel). O autor, o jornalista Javier Castañeda, publicará uma imagem que «reflicta a vida quotidiana em constante movimento em torno de um tema.»

Enquanto isso, o "micro-bloguismo" vai somando adeptos. Cada vez mais bloguistas aderem ao Twitter, que permite o envio de entradas por email ou SMS. É de crer que os ciberjornais mais atentos às ondulações da Web não tardem a incorporar esta modalidade (o ELPAÍS.com foi o primeiro ciberjornal espanhol a criar o seu Twitter).

27.9.07

O Público espanhol

Numa altura em que tanto se fala de crise na imprensa e de jornais gratuitos, a Espanha vê nascer um diário pago, o Público, pela mão do grupo Mediapro.

Há algumas particularidades neste lançamento que merecem registo. A começar pelo perfil do director: Ignacio Escolar tem 31 anos e é um dos mais populares bloguistas do país. Novidade a nível mundial uma escolha deste tipo.

Goste-se ou não, Escolar vem com algumas rupturas na manga: diz, por exemplo, que o jornal não precisa de editorial, pois considera este género de artigo coisa do século XIX.

Depois, o novo diário diz logo ao que vem. Público assume-se como jornal de esquerda. A Mediapro é vista como próxima de Zapatero. (Pena que, em pleno século XXI, jornais "de qualidade" nasçam logo com rótulos políticos e, aparentemente, colados a estratégias estranhas ao jornalismo. Naturalíssimo, dirão alguns...).

O Público quer conquistar leitores jovens, que andam todos a fugir para o Hi5, MySpace e Second Life e pouco querem saber de tecnologias de papel. É compacto. Aposta num grafismo "fresco" e explora a infografia. É todo a cores. Tem uma redacção única (para o papel e para a web, uma aposta na convergência, portanto) de 140 jornalistas, quase todos na faixa etária do director. E só custa 50 cêntimos (o Público português custa quase o dobro).

Na versão online, ainda muito incipiente, o Público.es, é, em termos gráficos, semelhante ao ELPAÍS.com, mas um pouco menos comedido. Por exemplo, no tamanho, grande, das fotos.

No texto de apresentação do novo jornal, o director começa por citar o comediante Seinfeld.


Outras leituras:
Será que dá?
Público, a new quality spanish views-paper in a booming market

25.9.07

É preciso salvar a Internet?

Nos EUA, o debate está aceso. As grandes empresas de telecomunicações (Comcast, AT&T, etc.) são acusadas de estarem a pôr em perigo a "neutralidade da net", princípio fundamental que garante que todos têm as mesmas oportunidades quando utilizam a rede.

Por isso, grupos de utilizadores, entre os quais figuras públicas de peso, mobilizam-se em campanhas contra esta ameaça. No site Save the Internet, o problema é explicado em pormenor. Este vídeo, bem produzido, dá uma ajuda preciosa:

19.9.07

'Ciberjornalismo: dos primórdios ao impasse'

Na revista Comunicação e Sociedade, vol. 9-10, pp. 103-112, pode ser lido o texto, da minha autoria, Ciberjornalismo: dos primórdios ao impasse.

Resumo
«Os primeiros avanços no campo do jornalismo digital, em Portugal, têm sido lentos e assinalados por uma série de frustrações, algumas delas devido a expectativas utópicas em relação à viabilidade de alguns projectos. Contudo, e apesar de alguns obstáculos, novos desafios são impostos aos jornalistas profissionais. Destes espera-se que sejam capazes de lidar com as novas ferramentas da Internet e que contem as suas estórias usando novos recursos, tal como arranjem uma nova lógica para construírem os seus artigos. Começa a cimentar-se nos académicos que se debruçam sobre os media a ideia de que a formação de jornalistas especificamente para a área digital deve seguir regras diferentes, especialmente no que diz respeito a estórias em hipertexto e competências técnicas. O grande desafio deverá ser a formação de estudantes que pratiquem esta modalidade de jornalismo, sempre com o necessário equilíbrio entre as aptidões técnicas e a consciência ética e valores profissionais.»

18.9.07

New York Times todo de borla

Mais um passo importante na tendência de tornar completamente gratuito o acesso a todos os conteúdos dos ciberjornais: como já era esperado há algum tempo, o The New York Times deixou, hoje, de cobrar pelo acesso aos textos dos colunistas e a material de arquivo.

Outra novidade, desta vez relacionada com a "interactividade" com os leitores: o Times publicou a sua primeira vídeo-carta ao director. Foi produzida por um realizador de cinema, Charles Ferguson, a propósito de um artigo de opinião, publicado oito dias, de Paul Bremer, sobre o controverso tema do Iraque. A vídeo-carta dura 10 minutos e, para carta ao director, está, no mínimo, muito profissional.


A ler:
Conteúdos pagos: fim à vista?

16.9.07

'Crowdsourcing' e jornalismo: fracasso satisfatório

O professor de jornalismo Jay Rosen, da Universidade de Nova Iorque, resolveu, através da organização por si dirigida Assignment Zero, levar a cabo um projecto de crowdsourcing em jornalismo. Tema escolhido: crowdsourcing, precisamente.

Fala-se em crowdsourcing quando uma tarefa realizada numa organização é entregue a um grupo de pessoas. Neste caso, participaram 900, com o intuito de verificar «se grupos de pessoas dispersas trabalhando em conjunto voluntariamente através da rede podem produzir artigos sobre algo que esteja a acontecer e, dividindo-se nas tarefas, contar a estória completa».

O tempo é agora de balanço. Um dos êxitos da experiência: conseguiu transformar-se numa das mais completas fontes de informação sobre crowdsourcing.

Mas o balanço no que ao jornalismo concerne não é tão positivo. Segundo Jay Rosen, menos de um terço do material produzido tem a qualidade exigida.

Para Jeff Howe, da revista Wired (que também participou na experiência), tratou-se de «um fracasso altamente satisfatório».


A ler:
'Crowdsourcing' y periodismo: "Un fracaso satisfactorio"

13.9.07

Lista de investigadores/bloguistas em comunicação

Rogério Christofoletti, do blogue Monitorando, começou por fazer uma lista dos principais blogues de investigadores em comunicação no Brasil, juntando professores, mestrandos, doutorandos, investigadores em geral do campo da comunicação que mantivessem os seus blogues.

Agora, Christofoletti abre a lista (uma excelente ideia) a colegas de Portugal, Moçambique, Angola, Goa e convida «todo o mundo que fala a Língua de Camões» a constituir uma Lista Lusófona de Blogues de Pesquisadores em Comunicação. Está em construção e pode ser consultada aqui.

12.9.07

Expresso em mudanças

A edição online do Expresso está em fase de mudança e, por isso mesmo, tem tido alguns problemas técnicos. Miguel Martins, editor de Multimédia do semanário da Impresa, explica que no novo site (estreado no sábado passado), «as grandes apostas continuam a ser vídeos, fotogalerias, podcasts e interacção com os leitores.»

O Monde experimenta

O site experimental que o jornal francês Le Monde acaba de colocar online, o LePost.fr, é, de um ponto de vista da exploração das mais recentes tendências da Web (a chamada Web 2.0 ou Web social), interessante. Mas...

Os leitores podem criar a sua conta, blogar, publicar as suas próprias notícias, classificar, colocar etiquetas, interagir, personalizar, etc.. "le mix de l'info". As notícias são apresentadas, com vídeos do YouTube e Daily Motion à mistura, em formato blogue. O estilo de escrita é ligeiro e os títulos estão cheios de pontos de interrogação e exclamação.

A incorporação de ferramentas da Web 2.0 é aqui feita sem complexos e a todo o gás. Algo que o Le Monde.fr dificilmente poderia fazer sem ver afectada a sua aura de respeitabilidade. Um tipo que escreve "notícias" e coloca como sua a foto de uma figura dos Simpsons? Não resultaria.

O público-alvo do LePost.fr é outro. E aqui é que nos podemos interrogar sobre os possíveis caminhos do ciberjornalismo. Se, eventualmente, vierem a ser os que vemos nesta experiência (que não é única), temos razões para ficar preocupados. Acima de tudo, porque pressupõe um aligeiramento substancial, tanto na forma como no conteúdo, das notícias.


Outras leituras:
Le Post, nouveau venu parmi les sites d'information
LeMonde.fr lanza un medio filial para experimentar modelos editoriales

11.9.07

Tesouradas no jornalismo

A tendência está a acentuar-se em países com economias mais desenvolvidas: o outsourcing, a subcontratação e o offshoring estão a tornar-se práticas correntes de gestão na indústria dos média, jornalismo incluído. Consequência directa: diminuição de empregos.

Como nota Mark Deuze, conjugadas com a diluição (online) das fronteiras entre jornalistas profissionais e amadores, estas práticas empresariais acrescentam um novo marco no percurso da «reconsideração» do jornalismo.

O outsourcing (delegação de operações não cruciais a entidades externas às empresas) já foi criticado pela Federação Internacional de Jornalistas, que considera que esta prática mina a qualidade jornalística. O organismo teme que as empresas se transformem em «fábricas de produção de informação poupadoras de dinheiro».

Nesta matéria, não valerá muito a pena ter ilusões: a tendência acabará por afirmar-se também em Portugal. Estará a classe jornalística minimamente preparada e organizada para enfrentar mais este desafio? Duvido.


A ler:
Media Jobs And Digital Futures
Outsourced subbing: another signpost to the future?

9.9.07

Jornalismo e Internet em revista

Dada a muito escassa produção teórica sobre ciberjornalismo em Portugal, o lançamento de uma revista dedicada a esta temática não é um mero lançamento: é um acontecimento.

A revista Comunicação e Sociedade (número 9-10), da Universidade do Minho, apresenta-nos, a abrir, uma série de artigos de gente respeitada na área, a começar por Mark Deuze, que escreve sobre 'O jornalismo e os novos meios de comunicação social'.

A seguir, o dossier Dez anos de jornalismo online em Portugal, baseado numas jornadas que tiveram lugar na UM, em 2005. Textos de Rosental Calmon Alves, Helder Bastos, João Manuel Messias Canavilhas, Xosé López e Ramón Salaverría. Há ainda testemunhos de jornalistas portugueses ligados a ciberjornais.

Os contributos aqui recolhidos são de uma utilidade extrema para a compreensão do fenómeno ciberjornalístico em Portugal, e não só. Indispensável para investigadores, docentes, jornalistas e alunos de ciências da comunicação.

26.8.07

23.8.07

Travessias na memória

No arquivo das publicações académicas do meu sítio pessoal (em remodelação) estão agora disponíveis os textos que levei ao I Congresso Internacional de Jornalismo e Internet (2001), "Os novos media implicam uma nova ética?", e às jornadas Dez Anos de Jornalismo Digital em Portugal: Estado da Arte e Cenários Futuros (2005), "O jornalismo digital: desafios e constrangimentos na formação".

22.8.07

Palmas e Bordoadas: Correio da Manhã popularucho

Agosto tem o condão de amolecer o neurónio da nossa praça jornalística. É assim há anos. A queda para o disparate editorial agrava-se consideravelmente nesta época. A manchete de hoje do Correio da Manhã, popularucha, dramatizada, a puxar ao sentimento, vazia de informação, é mais uma pérola, desastrosa, a juntar a tantas outras provocadas pelos excessos perversos do calor das audiências.

20.8.07

Palmas e Bordoadas: Visão frívola

Esta capa não é de uma newsmagazine: é de uma revista de turismo em cruzamento genético com a Caras. A frivolidade estival jornalística no seu melhor (pior).

16.8.07

Jornalistas portugueses e blogues

No Cibercidadania, Paulo Querido escreve sobre a relação entre os jornalistas portugueses e os blogues. O tema, salvo erro, não abunda na blogosfera, pelo menos tratado da forma como o jornalista do Expresso o faz aqui.

Querido constata que há uma nova vaga de jornalistas a aderir aos blogues e define quatro vagas temporais distintas. A primeira ocorreu entre 2002 e 2003. (O Travessias Digitais, que arrancou em 2005, aparece colocado na terceira vaga. Mas o Travessias, o blogue "pai" do Travessias Digitais, nasceu em 2003, portanto, na primeira vaga...)

O que é curioso, nota Paulo Querido, é que «praticamente nenhum jornalista português assume um blogue onde pratique a profissão. Quando muito, os mais aventureiros usam a ferramenta de uma forma complementar a algumas investigações que façam em assuntos específicos.»


A ler:
Os jornalistas e os blogues

15.8.07

Ciberjornais não "canibalizam" os de papel

O receio de "canibalização" das edições em papel pelas edições online sempre foi um dos maiores receios dos gestores dos jornais. Um estudo agora revelado, em Inglaterra, mostra que «as versões online dos jornais britânicos não prejudicam as vendas das edições em papel, tornando-se cada vez mais complementares destas últimas.» (JN)

Segundo o relatório, «apesar da audiência pela Internet ser superior à da versão em papel, os leitores do suporte tradicional são mais fiéis aos títulos do que aqueles que procuram as notícias pelo ecrã do computador.»


A ler:
Edições on-line não tiram leitores aos jornais em papel

9.8.07

Publicidade cresce na Net

Desta vez, a projecção, baseada num estudo, é de uma empresa de capital de risco, a Veronis Suhler Stevenson, que investe fundos no negócio dos média: o investimento publicitário na Internet vai crescer mais de 21 por cento ao ano até 2011, altura em que ultrapassará o que é feito na imprensa tradicional. Não é a primeira vez que este tipo de projecção aparece, variando apenas os números.

A tendência mais não fará que acompanhar as mudanças dos hábitos das pessoas na sua relação com os média: o estudo indica que, ainda este ano, o tempo gasto a ler online ultrapassará o tempo despendido a ler jornais de papel. Nas empresas, os funcionários passam cada vez mais tempo online.

Como refere John Burke, no Editors Weblog, isto tem toda a lógica: as pessoas passam cada vez menos tempo com os média tradicionais, virando-se antes para plataformas digitais, onde, em vez de lerem longos artigos de jornal ou verem longos programas de televisão, lêem pequenos artigos e vêem pequenos clips de vídeo.

Os hábitos estão, inegavelmente, a mudar. As empresas que investem em publicidade nos média é que, por vezes, demoram muito mais tempo a fazer o mesmo.


8.8.07

Conteúdos pagos: fim à vista?

Um dos maiores calcanhares de Aquiles dos ciberjornais continua a ser o do financiamento. Em Portugal, o subfinanciamento ajuda a explicar, em boa parte, o estado meio vegetativo dos media noticiosos online.

Neste contexto, cobrar pelo acesso a conteúdos sempre foi um tema controverso. Pois bem, mais controvérsia vem a caminho.

O New York Times pode estar prestes a tornar grátis o seu serviço "premium" TimesSelect. E correm rumores de que Murdoch, o magnata dos media que comprou o Wall Street Journal, se prepara para tornar completamente gratuito o acesso ao WST.com.

A questão regressa em força: faz sentido cobrar pelo acesso às notícias num meio "sobreinformado" como a Web?

Steve Yelvington, referindo-se ao panorama da imprensa nos EUA, acha que não: «In the old world, where information was scarce, connectivity was scarce, and entertainment was limited, newspapers could charge for content. But for years the content pricing has eroded to nothing (25 cents for a newspaper ... get real), and newspaper pricing today is essentially about recouping some home delivery costs. Applying that model to the Web never made sense.»

E Scott Karp, também citado por Jonathan Dube no Cyberjournalist.net, acrescenta: «The new economics of media make charging for content nearly impossible because there is always someone else producing similar content for free — even if the free content isn’t “as good as” the paid content by some meaningful metric, it doesn’t matter because there’s so much content of at least proximate quality that the paid content provider has virtually no pricing power. As smart, talented, and nsightful as the New York Times columnists behind the paid wall are, the are too many other smart, talented, insightful commentators publishing their thoughts on the web for free.»

Um tema a acompanhar com atenção. Até porque dele depende o futuro da qualidade do ciberjornalismo.


3.8.07

Uma parceria recomendável

O grupo de média Trinity Mirror e a Universidade de Teesside, Inglaterra, formaram uma parceria para o desenvolvimento de uma cadeira de jornalismo multimédia. A ideia é preparar jornalistas para o trabalho em ciberjornais.

O curso chama-se Multimedia Journalism Professional Practice e combina «jornalismo e multimédia com a exploração crítica do campo emergente do jornalismo convergente».

Eis um exemplo prático e altamente recomendável de cooperação entre os mundos empresarial e académico. À atenção das empresas jornalísticas portuguesas, em geral pouco atreitas a este tipo de parcerias, e não poucas vezes alérgicas a tudo o que cheire a formação profissional ou académica dos seus funcionários, jornalistas incluídos.


A ler:
Trinity Mirror forms partnership to devise multimedia journalism degree

1.8.07

Em quem confiar na Web?

Eles multiplicam-se a toda a hora: são os blogues, os sites de "jornalismo do cidadão", os de jornalismo "hiperlocal" ou "microlocal", os sites noticiosos publicados por todo o tipo de organizações que não empresas jornalísticas, etc..

Tudo isto é óptimo para a multiplicação de pontos de vista e para a diversificação de fontes. Mas, como assinala Steve Outing na sua última coluna na Editor & Publisher, esta sobreabundância tem o seu preço para os leitores: como saber em quem confiar? Como saber se a informação é correcta e equilibrada ou se está antes ao serviço de alguma "agenda" menos clara?

Para as empresas jornalísticas, isto também pode representar um problema, uma vez que cada vez mais acrescentam aos seus sites fontes ou vozes alternativas, como bloguistas convidados ou "cidadãos-jornalistas".

Outing propõe, por isso, uma solução: as empresas jornalísticas deviam começar a fazer um "ranking" das fontes alternativas que publicam, de forma a ajudar os seus leitores a saberem melhor o que estão a ler.

Para começo, a ideia não é má. Veremos se, na prática, tem pernas para andar.


A ler:
It Ain't Easy Knowing Who You Can You Trust

23.7.07

Boas novidades no chicagotribune.com


O Chicago Tribune, desde sempre na vanguarda do ciberjornalismo, redesenhou o seu site de modo a reforçar a cobertura contínua dos acontecimentos e a componente multimédia. As novidades passam por:

* actualização informativa 24 horas por dia, com monitorização permanente por parte de uma editoria criada para o efeito

* mais leitores de vídeo e câmaras colocadas pela cidade para captar imagens a usar em notícias locais

* galeria de fotos aumentada e optimizada. Os leitores são agora encorajados a enviar as suas fotos pessoais, que serão publicadas no chicagotribune.com

* mais de uma vintena de blogues oferece "comentário em tempo real"

* espaço para comentários para que os leitores possam classificar e discutir as notícias com outros leitores (uma clara assimilação de conceitos da web 2.0)

* opção de personalização “MyNews” para alertas de última hora, resumo das notícias da manhã e actualizações via telemóvel

* Um motor de busca melhorado para encontrar notícias num arquivo que recua até 1852, uma opção sempre muito valiosa em qualquer jornal, mas ainda mais em diários centenários. Se bem gerida, esta opção pode ser altamente rentável para o Chicago Tribune.

O chicagotribune.com tem agora um design como deve ser: limpo, simples, fácil de usar.


(dica de I Want Media)

17.7.07

Quanto mais informação, menos política

Quanto mais os norte-americanos têm acesso a fluxos ininterruptos de informação, mais se mostram alheados das questões políticas.

Este efeito paradoxal é objecto de análise num interessante artigo, publicado no Washington Post, por Markus Prior, professor de política na Princeton University's Woodrow Wilson School.

O ponto de partida do professor e autor do livro Post-Broadcast Democracy: How Media Choice Increases Inequality in Political Involvement and Polarizes Elections é este:

«Greater access to media, ironically, has reduced the share of Americans who are politically informed. The most significant effect of more media choice is not the wider dissemination of political news but mounting inequality in political involvement. Some people follow news more closely than in the past, but many others avoid it altogether.»

(dica de Editors Weblog)

16.7.07

Um "tour" por Bagdad

Através de seis pequenos vídeos e um mapa interactivo, o washingtonpost.com faz uma visita guiada a algumas zonas complicadas de Bagdad.


14.7.07

O Guardian foi à guerra

No Guardian Unlimited, um trabalho magnífico de reportagem multimédia (em Flash), com incidência no vídeo, mostra-nos o resultado de dois meses que o fotógrafo e realizador do Guardian Sean Smith passou com tropas norte-americanas em Bagdad. O trabalho expõe a exaustão e desilusão dos soldados.

4.7.07

Paris Hilton a abrir? Passa-me aí o isqueiro...

Gostei de ver a "pivot" da MSNBC (canal por cabo) Mika Brzezinski partir a louça toda, em directo, em protesto contra o facto de os seus editores terem escolhido como tema de abertura a saída da "socialite" Paris Hilton da prisão. Momento único, infelizmente raro, na miserável televisão dos nossos dias:

3.7.07

A relevância do jornalismo

«Em suma, há poucas dúvidas de que a convergência e os novos media desafiam as noções tradicionais de jornalismo de várias maneiras, mas ao mesmo tempo sublinham a relevância do jornalismo profissional num ambiente sobrecarregado de informação.»

Konstantinos Saltzis,
'News production in the age of convergence: a study on the changing practices and role of journalists’, in revista Tripodos (extra 2007)

30.6.07

Telegraph de ponta II

Depois do slideshow, podemos agora ver o vídeo sobre a integração multimédia no Daily Telegraph. Foi produzido pelo Innovation International Media Consulting Group e apresentado no recente World Newspaper Congress, na Cidade do Cabo.

A palavra-chave aqui é integração:

27.6.07

Imprensa partilha vídeos

E o vídeo move-se nos pesos pesados da imprensa norte-americana. Primeiro foi o Wall Street Journal. Há dias, o Washington Post. Segue-se o New York Times. Todos eles estão a virar-se para a "fórmula YouTube" de partilha de vídeos.

A partilha de vídeos, como se sabe, explica em boa parte o sucesso do YouTube. A ideia destes jornais passa por aplicar esta fórmula a clips noticiosos. Para o efeito, aliam-se a novas empresas, como é o caso da Brightcove, para que estas tratem de tudo. O resultado é este, publicidade incluída:

16.6.07

Uma possível revolução dos média

Como estaremos em 2050 no que aos média diz respeito? A empresa italiana Casaleggio Associati decidiu, na esteira de trabalhos prospectivos como o Epic 2015, imaginar o futuro da "revolução dos média". E, se um dia, a Google comprasse a Microsoft?

15.6.07

Comunidade no ELPAIS.com

O ELPAIS.com abriu uma área para os leitores poderem criar os seus blogues. A ideia está longe de ser nova. Mas o interessante aqui é o modo como o ciberjornal apresenta o novo espaço, La Comunidad:

«La dirección de la página será: http://lacomunidad.elpais.com/nombre-del-blog y permitirá al internauta tener un lugar donde escribir, mostrar sus fotos, vídeos y audios. Los usuarios con página o blog en elpais.com podrán formar sus propias comunidades, abiertas a personas, grupos y asociaciones. El único límite está en escribir con respeto y no usurpar la identidad de otros.»